O médium e o zombeteiro
do Astral
Nada é tão sério, tão
brilhante e de tamanha
grandeza quanto o é o
Espiritismo kardequiano.
Em sua superioridade
doutrinária, assente em
bases consolidadas pelos
maiores sábios do mundo,
é obvio que o
Espiritismo transcende
os padrões éticos,
filosóficos e religiosos
contemporâneos e, por
isso, em sua altíssima
concepção, ele tem de
aguardar o progresso
espiritual das massas,
que detêm, ainda,
características mentais
simplistas ou
pré-lógicas em termos de
conhecimentos superiores
e, portanto, da mais
notável moralidade
cristã. Assim sendo, se
existe alguma forma de
marasmo no mundo, há que
se dizer que o mesmo se
verifica no tocante às
massas humanas que
caminham vagarosamente,
quase que sem um rumo
norteador de suas ações.
Mas, antes de qualquer
coisa, é preciso
compreender que tudo
quanto vivenciamos faz
parte do nosso
aprendizado, nosso
crescimento e
aprimoramento
espiritual. Sob tal
prisma, portanto, e,
relativamente ao
Espiritismo, pode-se
dizer que tudo está sob
as mãos do Altíssimo.
Não se pode e não se
deve exigir das pessoas,
ou mesmo dos
espiritistas, mais do
que eles podem dar e
compreender em termos de
uma Doutrina tão
abrangente e tão
complexa como a
preconizada pelos nossos
maiores da
Espiritualidade, e que
acaba por entrosar-se
com áreas culturais tão
complexas como a nossa
mesma. Em nossos
estudos, tenho procurado
fazer alguma coisa,
tenho tentado mostrar a
poderosa correlação de
Kardec com os novos
tempos e, dos novos
tempos com Kardec, por
meio do desenvolvimento
doutrinário já
estabelecido por sábios
estudiosos encarnados e
desencarnados.
Mas vejo amigos meus,
confrades de longa data,
confundindo trabalhos
sérios com outros
nitidamente
desqualificados e tudo o
mais; e, como eles não
têm razoável compreensão
dos primeiros, tendem à
aceitação de tudo, e,
principalmente, dos
segundos, que lhes
parecem de mais fácil
digestão intelectual.
Com isso, vejo que lhes
faltam aprofundamentos
não só no Espiritismo
kardequiano e de sérios
trabalhos subsequentes,
mas, também, e com muito
maior ênfase, nos
ligados às áreas
acadêmicas
contemporâneas.
Ora, José Herculano
Pires desenvolvera
brilhantes estudos de
Antropologia Cultural em
sua obra “O Espírito e o
Tempo” (Edicel); Rino
Curti completou as
descobertas da
Epistemologia Genética
de Piaget em seu
“Espiritismo e
Conhecimento” (Lake);
Jorge Andréa ampliou o
Evolucionismo Biológico
com o trabalho “Impulsos
Criativos da Evolução”
(Arte e Cultura) etc.,
etc. Mas, se nem todos
os espiritistas
conseguem aprofundar-se
em Kardec, apesar de
toda a sua clareza e
simplicidade expositiva,
quanto mais não
conseguiriam, e não
conseguem, fazer estudos
de trabalhos culturais e
acadêmicos de notável
seriedade como estes
aqui descritos. E é aí,
sobretudo, que posso
constatar as mais
diversas gradações
conceituais, de
entendimento e de
evolução dos
espiritistas; sendo que
muitos deles preferem
obras estilo romanceadas
e coisas que tais. E o
que se nos mostra, com
clareza granítica e
evidente, é o fato de
constituirmos um
conjunto de infinitas
variantes intelectuais e
morais.
Mas é preciso, sempre
que possível, alertar e
orientar os desatentos
quanto à questão do que
não é, e do que é,
verdadeiramente, a
Doutrina Espírita, cujos
tentáculos culturais
foram implantados por
uma plêiade de Espíritos
Superiores, sendo, pois,
uma Doutrina Sua, e não
nossa, pois que estamos
na condição de meros
aprendizes das novas
luzes espirituais.
E o fato é que novas
coleções de livros
mediúnicos, de autorias
duvidosas, como, por
exemplo, a do suposto
médico desencarnado, Dr.
Inácio Ferreira,
psicografia de Carlos
Baccelli, vem causando
um verdadeiro rebuliço
no meio espírita, com
prós e contras,
favoráveis e
desfavoráveis a tais
cantigas ardilosas e
inconsequentes. Em seu
último livro, intitulado
“Trabalhadores da Última
Hora” (Didier), cap. 35,
por exemplo, o referido
médico, em seu
descontrole patológico,
vem fazer um gracejo na
forma de um brinde ao
que ele chamou de
“macaco espírita”,
completando, tal
irreverência, nos termos
de que somos “quase um
mico de circo”, e isto
só pelo fato de
querermos que ele nos
apresente uma prova mais
condizente de que
realmente existe o que
ele mesmo proclama como
“reencarnação no mundo
espiritual”.
Ora, Dr. Inácio, ao
invés de nos destratar,
basta que tenha um pouco
de paciência para que
suas brilhantes teses
recebam o aval da
Concordância Universal
no Ensino dos Espíritos
(CUEE)!
Mas, do ponto de vista
psicológico, o que mais
se destaca deste
Espírito incorrigível, é
que ele revela ser,
escancaradamente, um
elemento com seus vícios
milenares, tais como os
da polêmica descabida do
tabaco, da ira, da
arrogância e do
descontrole emocional,
dentre outros, como pude
pinçar de suas inúmeras
obras. E, portanto, pelo
conjunto de tais obras,
e, com tantos pontos
censuráveis, não se tem
como vê-lo por um prisma
de equilíbrio e de
confiabilidade que se
possa creditar a um
Espírito Superior, coisa
que ele absolutamente
não é. Ora, a nossa
Doutrina, que, como já
visto, não é nossa, e
sim dos Espíritos
Superiores, não se
sujeita às
mesquinharias, às visões
doutrinárias equivocadas
deste Espírito do Dr.
Inácio que se revela,
nitidamente, de uma
condição inferior,
defeituosa e, portanto,
fora dos propósitos
cristãos, pois que não
busca sua reforma
pessoal, se equiparando
aos Espíritos
Zombeteiros do Astral.
Por conseguinte, sua
coleção vem representar,
em termos de Espiritismo
codificado, como um dos
piores trabalhos
mediúnicos das últimas
décadas, por nos revelar
tanta coisa
antidoutrinária,
controvertida e muito
própria dos inimigos
desencarnados da mais
bela e mais alta
filosofia espiritualista
de todos os tempos da
humanidade: a Doutrina
dos Espíritos Superiores
que, com Kardec,
estabeleceram o que se
convencionou chamar de
Terceira Revelação da
Lei de Deus, e não lei
de Espíritos atrasados e
inconsequentes.