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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 325 - 18 de Agosto de 2013

WALDIR IMBROISI
embroyler@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 
 
 

Sobre as Mocidades Espíritas
 

E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão e no
partir do pão e nas orações. (Atos, 2:42.)


Pelo nosso país afora, há inúmeros grupos de mocidades espíritas, construídos em formatos diferentes, com formas diversas de trabalhar o conteúdo e com propostas distintas de programação e mediação de estudo. O que, então, subsume todos esses grupos sob um mesmo nome? Qual a característica central da mocidade espírita? O que é mocidade, afinal de contas?

Primeiramente, a mocidade é um grupo de jovens. A definição de jovens, porém, não apresenta consenso. Órgãos como a ONU (Organização das Nações Unidas) ou o Banco Mundial estipulam a idade de 15 a 24 anos; a definição da OMS (Organização Mundial da Saúde) engloba meninos e meninas a partir de 10 anos, e o congresso brasileiro, desde 2010, considera que a faixa da juventude é compreendida entre 16 e 29 anos. Para trabalhadores espíritas que conheceram a doutrina espírita na mocidade, como o caso de Raul Teixeira, a juventude vai até os 25 anos de idade. Seja como for, é o período em que paulatinamente deixa-se o estágio infantil, e boa parte do aprendizado e das interações sociais deixa de ser feita em ambientes doméstico e da escola; os níveis de interação social tornam-se maiores e a independência do reduto familiar cresce gradativamente. Pode-se considerar, em espectro amplo, que a idade para a mocidade é de 13 a 30 anos, sem excluir especificidades e variações possíveis em diferentes contextos.

O grupo de mocidade é, então, um grupo de jovens que se reúnem na Casa Espírita para estudar o Espiritismo. Herculano Pires considera que a função primordial do centro espírita é divulgar a doutrina espírita, consistindo essa missão em uma tarefa de educação. Assim, definiremos Mocidade Espírita como lugar privilegiado de interações entre jovens no qual se busca a construção de uma compreensão global da doutrina espírita e das consequências práticas desta para a vida. Entretanto, para que esse espaço seja, de fato, privilegiado, é necessário que se compreenda como é o trabalho com a juventude.

Contando com apenas um encontro por semana, a mocidade não dispõe da regularidade que tem a escola. Lidando diretamente com sujeitos que querem ser desafiados, que gostam de compreender e discutir os temas, que possuem uma série de anseios e curiosidades próprios da adolescência, diferem-se das crianças, com quem, na maioria das vezes, não gostam mais de ser comparados. Com um tempo de atenção voluntária reduzido, desejo excessivo de interação e vontade de conhecer o outro, não se adaptam facilmente ao modelo eminentemente expositivo, típico das palestras públicas.

Para buscar o melhor trabalho com essa faixa etária, é necessário atentar para fatores como o conhecimento do público específico, a seleção adequada dos conteúdos e as formas de mediar os estudos. Essas facetas do grupo de mocidade estão inexoravelmente interligadas, e devem ser consonantes com os objetivos propostos para o trabalho. Diante de tudo isso, a todo momento o coordenador deve se questionar, avaliar sua atuação, a resposta dos jovens e as possibilidades de ir além do trabalho feito. 

Na nossa opinião, além das especificidades de cada grupo, há um elemento importante para todos os grupos de juventude espírita: a afetividade. Nosso Raul Teixeira ressalta a necessidade de o coordenador saber fazer-se amigo dos jovens. Não basta ser um excelente conhecedor da doutrina ou um exímio palestrante: o coração do jovem se abre quando nos abrimos, por nossa vez, para ouvi-los e compreendê-los. A tendência da juventude para formar grupos e “tribos” tende a encontrar na mocidade espírita, quando vivida dentro dos ditames da fraternidade cristã e do carinho ao próximo, um espaço de vivência diferenciado e rico, em que as amizades formadas compartilham a crença em um espírito que sobrevive à carne, na justiça divina da reencarnação e no imperativo do amor e da transformação moral.

A convivência fraternal é importante em todos os ambientes e trabalhos de uma casa, mas encontra necessidade especial dentro do grupo de jovens, repleto de sujeitos em busca de fundamentos, de alicerces e de caminhos seguros por tomar. É preciso fazer do abraço e da palavra amiga elementos primordiais dentro do grupo de mocidade espírita, não pela cordialidade flácida e insincera que minora os verdadeiros esforços pela regeneração, mas sim pela verdadeira comunhão de almas e criação de vínculos fortes de amor fraterno, que possibilitarão uma troca potencializada de conhecimentos, experiências e emoções. Por isso perseveravam os apóstolos em suas abençoadas atividades; por isso serão conhecidos os discípulos do Cristo.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita