No campo
espírita
Pascoal
Comanducci
Amigos, Jesus
nos ampare.
Em verdade,
partilhamos no
Espiritismo os
júbilos de uma
festa.
Assemelhamo-nos
a convivas
privilegiados
num banquete de
luz. Tudo claro.
Tudo sublime. No
entanto, ninguém
se iluda.
Não somos
trazidos à
exaltação da
gula. Fomos
chamados a
trabalhar. A
Terra de agora é
a Terra de há
milênios. E
somos, por nossa
vez, os mesmos
protagonistas do
drama evolutivo.
Remanescentes da
animalidade e da
sombra...
Ossuários na
retaguarda,
campos de luta
no presente...
Meta luminosa
por atingir no
futuro distante.
Somos almas
transitando em
roupagens
diversas. Cada
criatura renasce
no Planeta
vinculada às
teias do
pretérito.
Problemas da
vida espiritual
são filtrados no
berço. E, por
isso, na carne,
somos cercados
por escuros
enigmas do
destino.
Obsessões
renascentes.
Moléstias
congeniais.
Dificuldades e
inibições.
Ignorância e
miséria.
Em todos os
escaninhos da
estrada, o
serviço a
desafiar-nos.
Cristo em nós,
reclamando-nos o
esforço. A
renovação mental
rogando a
renovação da
existência. O
Evangelho
insistindo por
expressar-se.
Mas, quase
sempre,
esposamos a
fantasia. Cegos,
ante a Revelação
Divina,
suspiramos por
facilidades. E
exigimos
consolações e
vantagens,
doações e
favores.
Suplicamos
intercessões
indébitas.
Requisitamos
bênçãos
imerecidas.
Nossa Doutrina,
porém, é um
templo para o
coração, uma
escola para o
cérebro e uma
oficina para os
braços.
Ninguém se
engane. Não
basta predicar.
Não vale fugir
aos problemas da
elevação.
Muitos possuem
demasiada
ciência, mas
ciência sem
bondade. Outros
guardam a
bondade consigo,
mas bondade sem
instrução.
No trabalho,
porém, que é de
todos, todos
devemos permutar
os valores do
concurso
fraterno para
que o
Espiritismo
alcance os seus
fins.
Precisamos da
coragem de subir
para
aprender.Necessitamos
da coragem de
descer
dignamente para
ensinar.
Caridade de uns
para com os
outros.
Compreensão
incansável e
auxílio mútuo.
Em nossos lares
de fé,
lamentamos as
aflitivas
questões que
surgem...
As rogativas
extravagantes,
exibindo mazelas
morais. As
frustrações
domésticas. Os
desequilíbrios
da treva. Os
insucessos da
luta material.
As calamidades
do sentimento.
As escabrosas
petições.
E proclamamos
com azedia que
semelhantes
assuntos não
constituem temas
espíritas.
Realmente, temas
espíritas não
são. Mas são
casos para a
caridade do
Espiritismo e de
nós outros que
lhe recolhemos a
luz. Problemas
que nos
solicitam a
medicina
espiritual
preventiva
contra a
epidemia da
obsessão.
Mais vale
atender ao
doente, antes da
crise mortal,
que socorrê-lo,
em nome do bem,
quando o ensejo
da cura já
passou.
Em razão disso,
o trabalho para
nós é desafio
constante.
Trabalho que não
devemos
transferir a
companheiros da
Vida Espiritual,
algumas vezes
mais
necessitados de
luz que nós
mesmos.
O serviço de
amparo moral ao
próximo é das
nossas mais
preciosas
oportunidades de
comunhão com
Jesus, Nosso
Mestre e Senhor,
porque,
comumente, uma
boa conversação
extingue o
incêndio da
angústia.
Um simples
entendimento
pode ajudar
muitas vidas. No
reino da
compreensão e da
amizade, uma
prece, uma
frase, um
pensamento,
conseguem fazer
muito. Quem ora,
auxilia além do
corpo físico. Ao
poder da oração,
entra o homem na
faixa de amor
dos anjos.
Mas, se em nome
do Espiritismo
relegamos ao
mundo espiritual
qualquer petição
que aparece,
somos servidores
inconscientes,
barateando o
patrimônio
sagrado,
transformando-nos
em instrumentos
da sombra,
quando somente à
luz nos cabe
reverenciar e
servir.
Também fui
médium,
embriagado nas
surpresas do
intercâmbio.
Deslumbrado, nem
sempre estive
desperto para o
justo
entendimento.
Por esse motivo,
ainda sofro o
assédio dos
problemas que
deixei
insolúveis nas
mãos dos
companheiros que
me buscavam,
solícitos.
Ajudemos a
consciência que
nos procura, na
procura do
Cristo. Só Jesus
é bastante
amoroso e
bastante sábio
para solucionar
os nossos
enigmas.
Formemos, assim,
pequenas equipes
de boa vontade
em nossos
templos de
serviço,
amparando-nos
uns aos outros e
esclarecendo-nos
mutuamente.
Assim como nos
preocupamos no
auxílio às
crianças e aos
velhos, aos
famintos e aos
nus, não nos
esqueçamos do
irmão
desorientado que
a guerra da
treva expia.
Doemos, em nome
do Espiritismo,
a esmola de
coração e do
cérebro, no
socorro à mente
enfermiça,
porque se é
grande a
caridade que
satisfaz aos
requisitos do
corpo, em
trânsito
ligeiro, divina
é a caridade que
socorre o
Espírito,
infatigável
romeiro da Vida
Eterna.
Do livro
Instruções
Psicofônicas,
composto por
mensagens
recebidas por
Francisco
Cândido Xavier
de Espíritos
diversos. A
mensagem acima
foi transmitida
psicofonicamente
na noite de
10/2/1955 em
Pedro
Leopoldo-MG.