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Estudando a série André Luiz
Ano 7 - N° 327 - 1º de Setembro de 2013
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


E a Vida Continua...

André Luiz

(Parte 12)

Continuamos nesta edição o estudo da obra E a Vida Continua, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1968 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares 

A. Por que Deus permite que se formem no plano espiritual quistos de perturbação e desordem?

A esta pergunta formulada por Fantini, Irmão Cláudio disse que a Divina Providência não interfere no campo da inteligência corrompida no mal, porque o Cria­dor quer que as criaturas sejam deixadas livres para escolherem o caminho de evolução que melhor lhes pareça. Deus quer que todos os seus filhos tenham a própria individualidade, creiam nele como possam, conservem as inclinações e gostos mais consentâneos com o seu modo de ser, trabalhem como e quanto desejem e habitem onde quiserem. "Somente exige – e exige com rigor – que a justiça seja cumprida e respeitada", acentuou Cláudio. "A cada um será dado segundo as suas obras. Todos receberemos, nas Leis da Vida, o que fizermos, pelo que fizermos, quanto fizermos e como fizer­mos." (E a Vida Continua, cap. 13, pp. 98 e 99.)  

B. Na região onde a perturbação era a tônica, quase todos exibiam roupas estranhas. Por quê?  

Cláudio esclareceu: "De modo geral, os milhares de irmãos que se abrigam nestas paragens não se aceitam como são. Habituaram-se de tal maneira às simulações – aliás, muitas vezes, necessárias – da experiência física, que se declaram ofendidos pela verdade. Viveram, anos e anos, na esfera carnal, desfrutando essa ou aquela consideração pelos valores de superfí­cie que exibiam, enfatuados, e não se conformam com a supressão dos enga­nos e privilégios imaginários de que se alimentavam... Narcisos fixados à própria imagem na retaguarda...”. Segundo o instrutor, muitos se transferiram diretamente da vida física para aquela região nebulosa, onde expunham sua própria natureza, uns diante dos outros, asilando-se no vale de sombras geradas por eles mesmos. (Obra citada, cap. 13, pp. 99 a 101.)

C. Naqueles sítios existiam cidades?

Sim. Existiam cidades, vilarejos, povoações e aldeamentos vários, em cujo seio Espíritos de inteligência vigorosa, porém pervertida, dominavam enormes comunidades de Espíritos menos hábeis no comando das situações, mas tão pervertidos, via de regra, quanto eles mesmos. Eram, na verdade, criaturas enfermas, tanto quanto os alienados mentais de qualquer hospício situado na Crosta. (Obra citada, cap. 13, pp. 99 a 101.) 

Texto para leitura 

45. O Umbral - Cláudio informou que aquelas máquinas eram aparelhos volantes, em que viajavam comissões de trabalho, em tarefas de identifi­cação e assistência. A necessidade de tais aparelhos decorria da extensão da região a ser atendida. Ernesto perguntou se os viajantes, desencarna­dos como são, não poderiam seguir adiante, sem esses aparelhos, usando o poder de volitação que lhes era próprio. O chefe da expedição respondeu: "Tudo na vida se rege por leis. Um pássaro terrestre possui asas e foge do campo incendiado, por não suportar-lhe a cortina de fumo. Um bombeiro, a fim de penetrar numa casa invadida de fogo, veste roupa defensiva. Achamo-nos à frente de perigosa extensão de espaço, habitada por milhares de criaturas rebeldes que constroem, à custa dos próprios pensamentos em desvario, o ambiente desolado que se nos impõe à vista. Aí, nesse mundo diferente, somos defrontados pelas mais estranhas edificações, todas elas caricaturas dos abrigos domésticos de que os donos abusaram na experiên­cia física, uma verdadeira floresta de fluidos condensados, retratando as ideias e manias, ambições e caprichos, remorsos e penitências dos morado­res. Temos aí, nessa faixa umbralina, todo um estado anárquico, em que o individualismo se desborda na hipertrofia da liberdade, sem os constran­gimentos benéficos da disciplina, que nos faz realmente livres pela vo­luntária sujeição de nossa parte aos dispositivos das Leis de Deus". Por que Deus permite a formação desses quistos de perturbação e desordem? A esta pergunta de Fantini, Irmão Cláudio disse que a Divina Providência não interfere no campo da inteligência corrompida no mal, porque o Cria­dor quer que as criaturas sejam deixadas livres para escolherem o caminho de evolução que melhor lhes pareça. Deus quer que todos os seus filhos tenham a própria individualidade, creiam nele como possam, conservem as inclinações e gostos mais consentâneos com o seu modo de ser, trabalhem como e quanto desejem e habitem onde quiserem. "Somente exige – e exige com rigor – que a justiça seja cumprida e respeitada", acentuou Cláudio. "A cada um será dado segundo as suas obras." "Todos receberemos, nas Leis da Vida, o que fizermos, pelo que fizermos, quanto fizermos e como fizer­mos." (Cap. 13, pp. 98 e 99) 

46. Uma comunidade sofrida - Atingindo a orla escura da esquisita povoação, que co­meçava, surgiam aqui e ali criaturas andrajosas e alhea­das. De par com esse gênero de transeuntes, outros apareciam entremos­trando ironia e des­prezo na mímica escarnecedora com que apontavam os viajantes ou a estes se dirigiam. Quase todos exibiam roupas estranhas, cada qual obedecendo às condições e dignidades a que supunham pertencer. Cláudio esclareceu: "De modo geral, os milhares de irmãos que se abrigam nestas paragens não se aceitam como são. Habituaram-se de tal maneira às simulações – aliás, muitas vezes, necessárias – da experiência física, que se declaram ofendidos pela verdade. Viveram, anos e anos, na esfera carnal, desfrutando essa ou aquela consideração pelos valores de superfí­cie que exibiam, enfatuados, e não se conformam com a supressão dos enga­nos e privilégios imaginários de que se alimentavam... Narcisos fixados à própria imagem na retaguarda... Muitos se transferiram diretamente da vida física para a região nebulosa sob nossa vista, e outros muitos habi­taram, logo após a desencarnação, cidades de recuperação e adestramento, semelhantes à nossa; entretanto, à medida que se evidenciavam, tais quais ainda são na realidade, absolutamente sem quaisquer simulacros dos muitos de que se valiam na estância terrestre para encobrirem o eu verdadeiro, rebelaram-se contra a luz do Mundo Espiritual que nos expõe à mostra a natureza autêntica, uns diante dos outros, e fugiram de nossas coletivi­dades, asilando-se no vale de sombras geradas por eles mesmos". "Aí, na penumbra criada pela força mental que lhes é própria, com o objetivo de se esconderem, dão pasto, em maior ou menor grau, às manifestações de pa­ranoia a que todos se afeiçoam, entregando-se igualmente, em muitos ca­sos, a lastimáveis paixões que procuram debalde saciar, até as raias da loucura." Naqueles sítios, informou Cláudio, existiam cidades, vilarejos, povoações e aldeamentos vários, em cujo seio Espíritos de inteligência vigorosa, porém pervertida, dominavam enormes comunidades de Espíritos menos hábeis no comando das situações, todavia tão pervertidos, via de regra, quanto eles mesmos. Eram, na verdade, criaturas enfermas, tanto quanto os alienados mentais de qualquer hospício situado na Crosta. Curiosamente, numerosos pais e mães, esposos e esposas, filhos e pessoas amadas de muitos deles aí residiam, por mero devotamento, na situação de heróis obscuros, em admiráveis apostolados de amor e renúncia, a benefí­cio dos que se enrijeciam no erro, de modo a conduzi-los ao reequilíbrio necessário, preparando-se para as novas encarnações que os esperavam. (Cap. 13, pp. 99 a 101) 

47. As frustrações da vida terrestre - Esses paladinos da bondade e da paciência pareciam escravizados aos infelizes que amavam; no entanto, pela cátedra do sacrifício da humildade que esposavam, acabavam conse­guindo prodígios pela força irresistível do exemplo. Todos os dias, in­formou Cláudio, chegavam às casas de reajuste pequenos ou grandes magotes dos que aspiravam a renovar-se, graças à dedicação afetiva desses heróis da fraternidade. Dali, em pouco tempo, regressavam aos disfarces da carne, sem os quais não conseguiriam seguir à frente, nas veredas da re­generação. Entre o cansaço da erraticidade nas sombras da mente e o ter­ror da luz espiritual que confessavam não suportar sem longa preparação, suplicavam o socorro da Providência Divina e esta lhes permitia a nova internação na carne, na qual se reocultavam, lutando pela própria corri­genda e pelo burilamento próprio. "Obtido o empréstimo do novo corpo, via de regra junto daqueles que se lhes fizeram cúmplices nos desvarios do pretérito ou que se lhes afinam com o tipo de débitos e resgates conse­quentes – informou Cláudio –, esses candidatos à recapitulação expiató­ria do passado imploram medidas contra eles mesmos, seja na escolha de ambiente doméstico em desacordo com os seus ideais ou na formação do fu­turo corpo de que farão uso, corpo esse que, muitas vezes, desejam seja bloqueado em determinadas funções, prevenindo-se prudentemente contra as tendências inferiores que, em outro tempo, lhes facilitaram a queda." É por isso – lembrou o chefe da expedição – que vemos na Terra, a cada passo, grandes talentos frustrados para a direção que desejariam imprimir aos próprios destinos; inteligências vigorosas barradas, desde cedo, na obtenção de quaisquer louros acadêmicos; artistas contrariados nas mais altas aspirações, arrastando defeitos físicos e inibições que lhes obstam as manifestações; mulheres de profunda capacidade afetiva jungidas a cor­pos que lhes deprimem a apresentação; homens hábeis e enérgicos carre­gando frustrações insidiosas e ocultas que lhes proíbem a euforia orgâ­nica, no estágio físico, de modo a edificarem o espírito de entendimento e caridade, no âmago de si próprios... (Cap. 13, pp. 101 a 103) 

48. Evelina reencontra Túlio Mancini - A palestra foi repentinamente interrompida pelo abraço de Ambrósio e Priscila, que aguardavam os pere­grinos fora das portas. Após as saudações, teve início o serviço reli­gioso, que se revestiu das características do Evangelho em casa, reali­zado nos domicílios cristãos da Terra. Vinte e duas entidades, das quais vinte mulheres e dois homens, tinham vindo do grande nevoeiro próximo, para ouvirem a palavra do Irmão Cláudio, entremostrando anseios de tran­quilidade e transformação. As tarefas desdobraram-se nos moldes das reu­niões evangélicas do mundo, suplementadas pela conhecida orientação espí­rita cristã, portadora da interpretação respeitosa, porém livre, dos en­sinamentos do Senhor. Na fase terminal, passes de reconforto e mensagens de esclarecimento, advertência e ternura. Toda a equipe se dedicava à conversação edificante, às despedidas, quando, emergindo da névoa, com­pacto grupo de Espíritos zombeteiros e dementados apareceu. Explodiram impropérios, entremeados de vaias e ditos chulos. Prevenindo especial­mente os dois recrutas, Cláudio avisou: "Não se aflijam. A ocorrência é normal..." "Patifes! Sumam, sumam daqui! – rugiu um dos atacantes de vo­zeirão descomunal – não queremos sermões, nem encomendamos conselhos." Amainando a saraivada de insultos, Cláudio falou-lhes: "Irmãos!... Para aqueles de vós que desejais vida nova com Jesus, somos companheiros mais íntimos desde agora!... Vinde à verdadeira libertação! Unamo-nos em Cristo!..." A turba tornou aos impropérios e, dizendo nada ter com Jesus, avançou sobre o grupo fraterno. Cláudio, evidentemente em oração, ergueu a destra e um fio de luz cortou o pequeno espaço que isolava os agresso­res. A chusma estacou, aterrada. Alguns deles caíram no solo, como que traumatizados por força incoercível, outros resistiram vomitando injú­rias, ao passo que outros fugiram em disparada... Contudo, dentre aqueles que se mantinham de pé, um deles, muito jovem, bradou com acento inesque­cível: "Evelina!... Evelina!... É você aqui?... Oh! Estou vivo, estamos vivos!... Quero Jesus! Jesus!... Socorro! Socorro!... Quero Jesus!..." Compadecido, Cláudio aquiesceu: "Vinde!... Vinde!..." O rapaz arrancou-se da quadrilha e seguiu na direção que Cláudio lhe indicava e, em poucos momentos, a senhora Serpa, trêmula e consternada, tinha diante de si Tú­lio Mancini, o mesmo rapaz a quem amara noutro tempo e que, segundo ela pensava, havia descambado nas trevas do suicídio por sua causa. (Cap. 13, pp. 103 a 105) (Continua na próxima semana.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita