Através dos séculos
Augusto dos Anjos
Inda chora o Senhor nas
horas mudas,
Na cruz de vinte séculos
ingratos,
Contemplando a progênie
de Pilatos
E a descendência exótica
de Judas.
Examina os Herodes
insensatos,
Os novos Barrabás, de
mãos sanhudas
(1),
E as multidões
misérrimas, desnudas,
Que lhe cospem no ensino
a pugilatos.
Chora Jesus! Amargamente
chora,
E clama a sede imensa
que o devora,
Buscando gerações,
enchendo espaços!
Em toda a Terra há
lívidos incêndios...
Entre as humilhações e
os vilipêndios,
Contempla o mundo que
lhe foge aos braços.
(1)
Sanhuda: que tem sanha;
irascível; sanhosa;
(fig.) que causa medo,
terrível.
Do livro Ação, Vida e
Luz, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier, ditada por
Espíritos diversos.
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