Eu te amo!
É algo muito
sério e grave
dizer: eu te
amo! Isto porque
se em nós a
adrenalina não
correr veloz na
corrente
sanguínea
alterando
estados de
apatias,
significa que
falamos sem
sentir. Falar
sem sentir é
apregoar falsas
verdades,
postando-se como
murais sem
sentimentos.
Assim sendo, é
bom pensar antes
de pronunciar
tal frase. O
amor não é uma
bolinha de papel
que os
adolescentes
costumam jogar
uns nos outros,
no decorrer das
aulas chatas e
cansativas,
segundo eles.
Não é uma
peneira com a
qual tentamos
tapar nossas
verdades
ocultas. Não
pode ser uma
criação fátua
para se
conseguir algo
de alguém.
Muitas vezes
para ganhar um
afeto diz-se: eu
te amo! Isto,
contudo,
banaliza o ser e
as relações.
Nós, espíritas,
devemos avaliar
com muita
seriedade este
assunto.
Tudo parte
daquele
princípio maior
de que somos
centelhas
divinas,
esparsas pelo
mundo, cada qual
cuidando da sua
evolução. Isto,
de maneira
consciente ou
não. Despertos
ou ainda
adormecidos.
Assim, cada ser
que encontramos
caminha para
Deus,
independente da
sua realeza em
tal. Se o abordo
com minhas
injúrias,
estarei
prejudicando sua
marcha. Se o
importuno com
minhas
desgraças,
estarei tentando
desgraça-lo para
fazer dele um
parceiro das
minhas desditas.
Há muito que
refletir quando
encontramos um
irmão ou uma
irmã que cruza
nossos caminhos.
É necessário
entender que não
somos de hoje,
somos de muito
tempo. Trazemos
em nossos
subconscientes
mensagens
arquivadas e que
remontam a eras
antigas cuja
síntese se faz
no que somos
agora. Todos
somos propostas
divinas a um
avanço ímpar em
direção ao
Criador. Em
nossas passagens
anteriores por
aqui e em nossos
interstícios nos
planos
espirituais,
aprendemos e
fizemos e
reaprendemos
realizando mais
e melhor, numa
aluvião de
acontecimentos
que nos torna
capazes de
sermos neste
presente pessoas
cientificas e
tecnológicas, de
conformidade com
nosso tempo
atual, bem
avançado. Um
avanço sem
precedentes na
história.
Assim o outro
que passa ou que
encontro. Com
quem falo e
troco ou não
informações, é
mais ou menos
igual a mim,
salvando apenas
nossa
singularidade
com Deus. Somos
todos mais ou
menos iguais
porque
pertencemos à
uma mesma
humanidade. Há
os que
sobressaem. Há
os que sabem
aprender com
eles. Há os que
esperam um pouco
mais e ainda
outros que
dormem em redes
enquanto a terra
gira de forma
voluptuosa
seguindo o sol
em seus
destinos. Mas,
nossa egrégora
de humanos traz
em seu bojo uma
história mais ou
menos
semelhante.
Respiramos,
alimentamos,
sonhamos,
realizamos,
cumprimos quase
sempre os mesmos
propósitos em
todos os
continentes e
nações do mundo.
Somos então uma
família de
irmãos. Nalgum
ponto dentro de
nós está a
essência do
nosso Pai comum.
E qual a Sua
maior Lei? Sem
dúvida o amor e
dele promanando
a justiça e a
solidariedade.
Somos assim
irmãos que se
buscam que
trocam
experiências
aprendendo
mutuamente com
elas.
Foi da Vontade
Divina que
nossos encontros
promovessem em
nós variados
tipos de
reações. Existem
aqueles que se
encontram para
um café, uma
rodada de
negócios, uma
ida ao campo de
futebol ou a uma
quadra esportiva
bem como aos
torneios
acadêmicos,
visando justos
aparelhamentos.
Há os que se
encontram para
um bate papo
festivo, numa
daquelas tardes
após os
compromissos
formais. Existem
os encontros
solenes nos
quais as pessoas
se vestem se
penteiam se
perfumam.
Encontros...
Despedidas...
Aprendizagens. E
há o encontro
que promove a
benção do
relacionamento
íntimo, num
daqueles
momentos que, a
sós, um se
entrega ao outro
de corpo e alma.
Aí o bem. Aí o
mal. Como me
entrego, como me
dou? O que
recebo nessa
entrega? Quais
frutos colherei
por ela?
Este o instante
capital da nossa
reflexão porque
muitos dizem ali
a fatídica e
exuberante
frase: eu te
amo! Ama mesmo?
Sabe mesmo o que
seja o amor? Há
entre ambos uma
história
profunda que
sustente o “Eu
te amo!”?
Analisemos
palavra por
palavra:
Eu
– Vem do meu
interior. Qual
eu estou
referindo? O meu
ser verdadeiro,
profundo, self?
Ou o meu ego
inferior cheio
de verdades
próprias,
interesses
próprios,
demonstrando o
egoísta e o
orgulhoso que
ainda sou? Cheio
de vaidades,
ciúmes,
personalismos e
aglutinador,
concha escura
porque fechada?
Ah este eu! Como
necessita ser
pesquisado! Eu
que agora lhe
falo pode não
ser o eu de
amanhã ou de
depois de amanhã
e se você
acreditar nesse
eu de agora pode
até sofrer no
futuro e eu não
me importarei,
porque eu decido
quando e como.
Este eu não se
interessa pelo
outro. Decide e
faz. Eu! Como
ainda é frágil
na maioria dos
amantes! O eu
verdadeiro quase
nada diz.
Mostra-se e
convence porque
brilha e
liberta o ser
amado.
Te
– Agora me
refiro ao outro,
ao que está
próximo de mim.
Pode ser um
outro pronto
para aquele
instante,
pequenos
momentos, pouco
tempo. Um outro
que me seduz com
suas peripécias
sedutoras, com
suas
impertinências
masculinas ou
femininas, com
suas belezas
fugazes que
envelhecem no
transcurso dos
dias. O outro
que satisfaz o
meu corpo, mas
está longe de
satisfazer meu
espírito. O
outro que me
encanta por bem
representar-me
entre meus
pares. Mas, o
outro que
deixarei se meus
pares fúteis ou
presunçosos
acharem que ele
ou ela não faz
par perfeito
comigo. O outro
no qual não
desejo fincar
raízes, apenas
saborear a
pequena taça do
vinho perigoso
do sexo sem
compromissos. O
outro que levo
para o motel e
depois para sua
casa. O outro
com qual me
deito e me
levanto e vou e
não volto ou
tardo a voltar.
O outro objeto
sem apreço
maior, apenas um
deleite, um nome
a mais no meu
caderno de
relacionamentos.
Eu te...
Self por Self?
Ego inferior por
Ego inferior?
Self por Ego
inferior? São os
relacionamentos
que se vê no
mundo. Como
entro neste
jogo, nesta
rede? A quem eu
digo: Eu te Amo?
É sempre válido
lembrar que o
outro é meu
irmão, minha
irmã e que nosso
Pai comum nos
observa porque
estamos
mergulhados
Nele. Se estou
mentindo na
relação estou
praticando a
injúria da
mentira dentro
do Pai, dele ou
dela. Grave isto
não é? Qual pai
gosta de ver seu
filho ou filha
serem enganados?
E qual pai
sentiria feliz
vendo seus
filhos se
enganarem
mutuamente? Mas,
é assim que
acontece. Se há
mentira, estamos
pregando a
maldade na
imanência de
Deus. O mais
grave de tudo é
que a mentira
gera energia que
vai para dentro
do outro, mas
também de mim.
Energia forte,
contundente que
exige direções.
E para onde vai
essa energia?
Para o Deus em
mim ou para o
Ego inferior que
ainda posso ser?
Como Deus não
aceita mentiras,
então vai para o
meu Ego
inferior,
potencializando-o
para novas
investidas neste
campo inglório e
falso.
Amo
– Significa um
estado, uma
ação, uma
sentença. A
espiritualidade
nos diz que Deus
é amor. Então
quando dizemos
que amamos
estamos evocando
Deus. Ao
invocá-LO qual
diálogo
estabeleceremos
com Ele? O
diálogo da
verdade ou o da
mentirinha?
Mentirinhas são
atitudes
próprias da
infância. O
infantil acha
que não vai ser
pego em suas
traquinagens por
isso mente. Não
se sente forte
para sustentar
suas
brincadeiras,
por isso mente.
O infantil ainda
engatinha. A
mentira sustenta
o faz de conta.
Deus não faz de
conta. Ele faz!
Daí que amar é
algo superior,
infinitamente
mais do que
ainda somos, mas
que nos aguarda
num ponto
qualquer da
nossa
consciência
latente. Se digo
que amo, digo
que gosto do
amor e se gosto
do amor não devo
conspurcar-lhe
os atributos
divinos que traz
em si. Daí que:
eu te amo,
significa muito
mais que o
balbuciar
irrefletido de
uma frase que
traz em sua
essência o eu,
você e Deus!
Há um estudo no
campo dos
relacionamentos
que bem define
tudo isto.
Segundo a teoria
existem quatro
tipos básicos de
relacionamentos:
Mentira Amor
– Aquele que
utilizo quando
quero proteger
alguém que é do
meu mais íntimo
afeto. Por
exemplo: meu
filho é péssimo
aluno e a
professora o
repreende. Ele
chora e eu lhe
digo: - Liga
não. Ela quer
perseguir você!
– Mentira.
Mentira pura,
mas falo para
protegê-lo das
suas angústias,
alimentando suas
péssimas
qualidades de
aluno,
postergando seus
justos
crescimentos.
Mentira Ódio
– Este
relacionamento é
terrível,
maldoso mesmo e
pode até
destruir alguém.
É quando invento
uma mentira para
prejudicar
alguém porque
desejo seu posto
ou uma
vingança.
Verdade Ódio
– Utilizo quando
algum desafeto
meu comete um
erro e eu o
exponho a todos,
impiedosamente
para
constrangê-lo e
identifica-lo
com
incompetente.
Verdade Amor
– Este sim o
ideal
relacionamento.
Se alguém erra,
converso
fraternalmente,
enaltecendo
pontos positivos
que encontro em
seus atos. Isto,
a sós, indicando
seu erro e
oferecendo-me
para ajudá-lo.
O amor em níveis
superiores é o
alimento das
almas. É fonte
onde os filhos
de Deus buscam
energias para
prosseguirem em
seus avanços. O
amor nesses
estágios
consolida na
alma a certeza
da sua absoluta
filiação ao
Criador. Promana
da energia
cósmica
universal.
Expande-se em
todos os lugares
e vibra na
frequência ideal
da harmonia.
Aqueles que
atingem tal
estágio jamais
sentirão
angústias,
depressões,
vazios
existências como
também jamais
sentirão medos
ou culpas. O
self expandido
procurar
identificar-se
com Deus para
uma vivência
harmônica e
pacificada. É
bom lembrar que
viver em paz
significa agir
intensamente. E
aquela ação
intensa será
cadenciada pela
batuta da
libertação
espiritual que
atingirá a todos
tornando-os
co-criadores com
O Pai Supremo.
Eu te amo,
significa: eu te
respeito te
admiro te
protejo.
Permito-te
espaços.
Permito-te
avanços. Nesta
relação não há o
ciúme destruidor
porque não há a
posse. Não
existirá a
relação
extremamente
passional porque
ela só acontece
quando a
dependência de
uma alma por
outra torna-se
cristalizada,
simbiótica.
Jesus nos
aconselhou a
“amar ao próximo
como a nós
mesmos”. Assim,
na mesma
intensidade que
amo o outro devo
amar-me em
contrapartida.
Amando-me também
me respeito, me
admiro e me
protejo e me
concedo espaços
para expandir. A
relação torna-se
de alto teor
espiritual e as
almas se
beneficiam.
Nesse estágio
não existem as
traições. Pois
aquele que trai
ao outro, antes
trai a si mesmo.
O ato de trair
alguém é apenas
a exteriorização
do traidor que
sou de mim. O
traidor trai o
seu próprio self
que acredita
nele para
expandir-se,
tornando-o apto
à evolução
consciente.
- Eu te amo na
mesma proporção
que eu me amo.
Peço a você que
faça o mesmo.
Esta deve ser a
frase, o acordo
entre os casais,
entre os pares
sociais. É
necessário que
nos tornemos
eficientes
condutores dessa
energia sublime
que denominamos
por amor. Seus
feixes de fótons
em alta
frequência ao
passarem por nós
vitalizam nossos
corpos físicos e
nossas
antecâmaras
espirituais.
Isto é bom,
salutar e
enobrecedor. E
somente nesse
instante eu
posso dizer que
amo outro ser,
pois que divido
com ele a
premissa da
verdade.
“Amai-vos uns
aos outros, como
eu vos amei”,
disse o Mestre
Jesus. E sabemos
que Ele nos
permite
experimentar,
crescer, evoluir
em Sua Divina
Presença. Não
nos cobra
absoluta
fidelidade,
aguarda que
cresçamos o
suficiente para
entendermos
nossas
necessidades de
sermos fiéis em
tudo. Multiplica
nossos talentos
todas as vezes
que os
apresentamos a
Ele. Dá-nos de
beber da água
viva, todas as
vezes que,
sedentos,
buscamos Sua
fonte. Cura
nossas chagas,
abre-nos os
olhos, endireita
nossos passos e
ressuscita-nos
quando nos
jogamos nas
covas fundas,
absorvidos pelas
torpezas
mundanas.
Convida-nos a
levantar e
seguir adiante.
Aplaca as
tempestades que
nos assaltam em
nossas
travessias
difíceis. Segue
conosco em
nossos vales e
canta à beira
mar, canções que
embalam e
conduzem. Assim
fazendo,
ensina-nos como
praticar o amor
junto a nós, ao
outro ou outros
seres que estão
postos ao nosso
lado por Deus.
Dizer: Eu te amo
é mais profundo
que se pensa. É
abrir-se, é
acolher, é
confortar,
consolidar o
afeto proposto.
As vinculações
energéticas que
um ser
estabelece com
outro num
relacionamento
íntimo são tão
intensas e
penetrantes que
somente os atos
responsáveis a
seguir, pela
consolidação do
relacionamento,
podem
compensá-las
gerando o bem
que se deseja.
Caso contrário
acumulam-se,
gerando
enfermidades
hoje ou amanhã.
Quando mais
intensos os
momentos
vividos, maiores
as resultantes
para o bem ou
para o mal.
Desta forma é
bom caminhar com
cuidado nesse
intrincado campo
da intimidade
alheia.
Fica, pois, para
nós a eterna
frase: Eu te
amo! Bom de
dizer, mas que
deve ser dita
com a verdade
que dimana do
mais fundo do
seu emissor.
Quando digo: Eu
te amo, onde
quero chegar? Em
qual porto
desejo ancorar?
O que trago para
ofertar, após
minha confissão
do amor? A
indiferença, a
irresponsabilidade
ou a pureza dos
meus sentimentos
mais caros? Como
a
espiritualidade
viverá comigo o
momento daquela
confissão que
faço? Será que
se emocionarão
ou me indicarão
os caminhos da
dignidade que,
naquele momento,
não estou
utilizando? Sou
criança ou sou
adulto? Estou
brincando ou
falando sério?
Mas, acima de
tudo, fica a
placa de
advertência:
Na dúvida, não
diga: Eu te amo.
Cuidado – com o
amor não se
brinca.