Ascender no amor
“Como sabeis, cristãos,
o coração e o amor têm
de caminhar unidos à
Ciência. (...) Cristãos,
voltai para o Mestre,
que vos quer salvar.
Tudo
é fácil àquele que crê e
ama; o amor o enche de
inefável alegria.”
(Fénelon, cap. I,
item 10, O Evangelho
segundo o Espiritismo.)
O venerável espírito de
Albano Metelo, no livro
“Obreiros da Vida
Eterna” psicografado por
Chico Xavier, em sua
palavra aos ouvintes,
comentando sobre sua
ascensão espiritual,
disse que com esforços
imensos conseguiu, ao
longo de sua jornada
evolutiva, buscando
chegar à montanha do
progresso espiritual,
vencer óbices e ganhar
uma pequenina eminência.
Voltando-se, todavia,
espantou-se com a
terrível visão do vale.
Desencarnados e
encarnados lutavam
disputando a
gratificação para os
sentidos animalizados. O
ódio criava moléstias
repugnantes, o egoísmo
abafava impulsos nobres,
a vaidade operava
horrenda cegueira...
Feliz por ter chegado
até ali, eis que certa
noite percebeu que o
vale se represava em
fulgurante luz. Que sol
misericordioso visitava
o antro sombrio da dor?
Seres angélicos desciam
céleres, de radiosos
pináculos, acorrendo às
zonas mais baixas,
obedecendo ao poder de
atração da claridade
bendita. “Que
acontecera?”- perguntou
ele a um dos áulicos
celestiais. “O Senhor
Jesus visita hoje os que
erram nas trevas do
mundo, libertando
consciências
escravizadas.” Diante
disso, ele também
desceu. Disse ele aos
ouvintes que os grandes
orientadores da
humanidade não mediram a
própria grandeza, senão
pela capacidade de
regressar aos círculos
da ignorância para
exemplificar o amor e a
sabedoria, a renúncia e
o perdão aos
semelhantes. “O céu e o
inferno residem dentro
de nós mesmos.”
Com esse resumo
meditamos na longa e
árdua jornada encetada
pelo espírito para a sua
ascensão. Nas muitas
moradas da casa do Pai,
olhos amorosos nos
observam e,
compadecidos, podem ver
que ainda ocorrem esses
combates intensos. A luz
buscando clarear as
trevas e as trevas
fugindo da luz,
envergonhadas de sua
própria sombra, temendo
a verdade de sua
pequenez. A mansidão
sofrendo nas mãos da
violência, os mansos e
pacíficos em dor. A
tecnologia crescente e o
amor precisando
sobressair nos corações
que já o conhecem, para
que uma aragem de paz
possa acariciar os
filhos da Terra.
Que tipo de espírito
milenar se esconde na
fachada da personalidade
de uma existência? O
observador atento
perceberá, pelas
tendências, pelo
comportamento, desejos,
gostos, aptidões, medos,
ansiedades, afetividade.
Capacidade de amar. O
amor ou a falta dele é
revelador. O amor é o
sentimento por
excelência. Foi por
amor que Deus criou os
seres e é no amar que à
felicidade chegaremos.
Aqueles que já sabem
amar, que amem. Irradiem
esse sentimento sublime,
sem a preocupação com a
opinião dos outros. Que
amem e expressem esse
amor na afetividade, com
carinho, nas ações e nas
palavras, que se tornem
mensageiros da esperança
onde passem,
distribuindo com sua
presença a paz nos
corações. É preciso amar
mais. A inteligência
necessita do amor, para
o equilíbrio da emoção.
Os tempos de mudanças há
tanto proclamados
chegaram, mas são tempos
difíceis. As trevas,
banhadas pela luz, se
debatem qual um animal
ferido a perceber sua
agonia, tentando
prolongar sua
existência que finda.
Atacam, tentando ferir,
na dor que as assola,
mas Deus, que é infinito
amor, vela por todas as
suas criaturas, que não
estão ao abandono. Elas
estão sendo assistidas
todo o tempo, assim como
todos nós.
Cada um que já atingiu a
compreensão do amor, que
ame, ame sempre mais,
pois nossa compreensão
do amor ainda é muito
pequena nesse mundo que
habitamos.
Quem atingiu patamares
elevados de valor moral,
exemplifique.
São tempos difíceis sim,
mas Jesus vela por todos
e sua luz benfazeja
continua a banhar nosso
planeta carregado das
enfermidades dos homens,
enfermidades essas que
serão sanadas pouco a
pouco, na medida em que
o amor crescer nos
corações e a serenidade
fizer parte de cada um.
Como Albano Metelo, o
observador atento verá
as claridades luminosas
de Jesus envolvendo a
Terra, num processo cada
vez mais intenso, de
modo que aqueles que
amam, cada vez mais
agirão para esparzir o
amor na Terra. Ainda nos
assemelhamos ao vale de
sombras e dor a que
Metelo se referiu.
Embates dolorosos ainda
se realizam no mundo,
mas uma doce esperança
envolve as ovelhas que
ouvem a voz do Pastor
divino. Não mais as
arenas da Terra são o
palco dos testemunhos
dos cristãos, mas sim o
seu cotidiano, quando
são compelidos a agir de
conformidade com o
pedido de Jesus e
demonstrar em seus atos
sua própria
transformação moral.
A humanidade pede paz e
o nosso país clama pelo
fim da violência;
portanto, é imperioso
que nos eduquemos no
amor para que um dia as
armas sejam relegadas a
simples lembrança de uma
época de ignorância.
Que é a educação no
amor? É o exercício
pleno do cristianismo. O
amor se aprende.
Exercitemos os
ensinamentos do Mestre
amado: “tudo aquilo que
quereis que vos façam
fazei vós aos outros”.
Nessa frase lapidar está
contido o ensinamento do
amor. Em vivenciando-a,
a violência desaparecerá
e a paz reinará entre
todos.
Certa ocasião, numa
reunião de socorro aos
desencarnados, um
espírito carregado de
ódio milenar, fato
corriqueiro nessas
reuniões, se manifestou,
num quadro de
perseguição de 500 anos,
ante aquele que
considerava seu algoz do
passado. Não queria
compreender, pois
considerava sua atitude
justa, em face do que
sofreu. Carinhosamente,
o orientador o foi
levando a pensar nas
palavras de Jesus e seu
testemunho na hora
sacrificial, amando até
o fim. O espírito que
estava agressivo
calou-se. Silenciou.
Depois comentou: não sei
como, mas eu me vi lá.
Eu estava lá. Seu olhar,
quando pediu a Deus que
nos perdoasse, me
atingiu, me atravessou,
mas eu não entendi.
Continuei agindo em
erros sucessivos em
todas as encarnações
posteriores, mas agora
eu me vi lá novamente,
vendo o seu olhar
compassivo,
testemunhando sua dor.
Seu amor me atingiu
agora. Não posso mais.
Devo fazer tudo para
melhorar. Atrasei demais
minha marcha evolutiva,
agora compreendo. Terei
que fazer muitos
esforços; sou ainda um
espírito com
dificuldades profundas,
mas diante do amor de
Jesus que agora percebi,
pois antes cego, agora
auxiliado em minha
cegueira, me sinto
compelido a mudar. Farei
tudo o que puder para
melhorar. Não será
fácil, mas tentarei,
Tentarei perdoar esse
inimigo que estou
prendendo a mim há tanto
tempo. A lição de Jesus
agora me atingiu.
Somente o amor consegue
vencer os tormentos da
alma em dor, na
violência que exprime.
Se desejarmos paz,
amemos mais e ainda um
pouco mais.
Continuemos, pois de
modo heroico, todos os
dias, a aprender a amar,
a exercitar o amor e um
dia teremos equilíbrio e
paz, a sonhada paz.
Quando a violência
parecer altaneira,
apiedemo-nos dela.
Tenhamos misericórdia,
como também somos
olhados com
misericórdia, mas
lutemos com as armas
eficazes do evangelho do
Cristo e com atitudes
que exprimam nosso
conhecimento, pois
somente o amor há de
vencer todo o mal.
Amemos cada vez mais e
estaremos equilibrados
em nossas emoções.
Coragem, pois todos nós!
Jesus vela e seu amor é
a claridade sublime que
nos atinge e convida:”
vinde a mim...”
Atendamos ao seu pedido.