Dos romances
espíritas
Enquanto
conversava com
pessoa próxima
sobre o conteúdo
do nosso novo
livro, Os
Anjos Não Vivem
Distantes,
da autoria do
Espírito Iohan, ouvi
o comentário que
nem é tão
incomum:
– Ah, mas
esse tipo de
coisa não
acontecia mesmo
no século XVIII!
As mocinhas eram
mais
recatadas!...
–
referindo-se ao
teor da
história,
passado na
Inglaterra
daquele século
findo, onde o
Espírito-autor
viveu um romance
complicado com
jovem de família
em relação à
qual surgiram
múltiplos dramas
para
que conseguisse,
a contento,
realizar o seu
sonho de amor.
Mas não avanço
nas
considerações
para não
estragar, aos
que porventura
venham a ler a
obra, a surpresa
do
desenvolvimento
do conteúdo.
A pessoa em
questão se
detinha,
ferrenha, numa
ideia equivocada
de que, justo
naqueles tempos,
nos quais as
sociedades
europeias viviam
metidas, por sob
um verniz falso
de moralidade,
nos mais
escandalosos
desvios morais,
as jovens não
passavam pelo
drama, comum a
todas as épocas,
dos
envolvimentos
amorosos
malogrados por
interesses
familiares,
sociais ou
materiais, com
os revezes dos
casos de
gravidez
indesejada e
suas
consequências.
Naturalmente,
precisamos de
uma pesquisa de
época, de
contexto, na
qual
confirmaremos
diversificados
exemplos
históricos, seja
na existência
das rodas de
bebês indigentes
nas instituições
religiosas, ou
nos dramas
passionais
seculares dos
casamentos de
interesse, ou
sedimentados
sobre tradições
rigorosas de
aristocracia ou
de estirpe! Mas,
para o leitor
porventura
desinformado
destas nuances,
resta-lhe se
basear em
concepções nem
sempre exatas,
para avaliação
de todos estes
detalhes. E,
assim, vi-me
forçada a, outra
vez, lembrar à
aludida
interlocutora:
– Não fui eu
a autora da
história! O
Espírito-autor
do livro fala de
suas próprias
vivências! Os
esclarecimentos
neste sentido,
portanto, todos,
procedem de sua
própria
experiência,
porque eu,
médium,
somente as
transmito, como
mero canal!...
Mas, em várias
vezes, de nada
adiantam esses
esclarecimentos,
porque o
ouvinte, firmado
na sua percepção
equivocada, se
dirige ao médium
como se fora ele
o autor do
caso que ele
quer questionar,
e a quem,
portanto,
julga caberem as
críticas e as
reclamações!
Eventualidade,
ademais, comum a
quem
rodeia médiuns em
nível de
intimidade
familiar ou
social, que lhes
propicia dirigir
suas
perplexidades a
respeito da obra
diretamente ao
seu
canal, diferente
de como ocorre
aos demais, que,
distanciados
pela formalidade
do
desconhecimento
pessoal, talvez
que se situem em
posição mais
privilegiada de
diálogo, por
causa da
ausência do
envolvimento
maior com o
produtor do
livro, nem
sempre oportuno,
no sentido de se
conseguir
esclarecer
melhor a estes,
devidamente,
qual o papel, de
fato, do que
intermedia as
histórias de
autores,
mentores ou
amigos
desencarnados!
O médium,
portanto, amigo
leitor, no
caso do romance
psicografado,
nada mais faz
que receber, em
estado de transe
parcial ou
total, o relato
da história
oferecida pelo
autor real,
habitante
do lado de lá da
vida! Em Kardec,
temos o
ensinamento de
que para este
tipo de trabalho
a
espiritualidade
seleciona,
natural
e preferencialmente,
visando às
facilidades de
fluxo da
iniciativa,
alguém com bom
domínio de
vocabulário do
idioma pelo qual
o livro será
veiculado. Nesta
especialidade
literária
espírita,
portanto,
diferente do
que ocorre nas
obras
doutrinárias, o
conteúdo, de
teor sempre
espiritualista,
atende ao
recurso didático
da novela. Usa
as ferramentas
artísticas do
estilo verbal
particular de
cada um, e nos
transmite as
mesmas lições da
Doutrina, pelo
veículo
agradável das
histórias
humanas de
variadas
procedências e
épocas, sempre
inéditas, de vez
que para cada
indivíduo
ocorrem os
efeitos das leis
de ação e
reação, dos
vínculos
cármicos, e das
reencarnações
sucessivas de
almas aliadas,
ou adversas
entre si, de
forma sempre
exclusiva!
Podemos, pois,
assistir a
um filme no
cinema, ou ler
uma obra de
nossa
predileção, de
enredo fictício
ou verídico. Em
ambos, contudo,
se de boa lavra,
indiscutível
que extrairemos
lições
proveitosas para
os nossos
próprios
percursos: as
razões evidentes
dos sofrimentos
dos que elegem o
caminho do mal
provocado contra
os seus
semelhantes; os
dramas entre
famílias ou em
ambientes
profissionais,
ou o principal:
a sublimidade
dos vínculos
amorosos
indestrutíveis,
tecidos através
das eras! Eis,
aí também, nas
obras literárias
espíritas, o
valor real das
narrativas que
de boa vontade
nos oferecem
os amigos das
dimensões
invisíveis – e
ao que,
preferencialmente,
devemos nos
ater!