ANGÉLICA
REIS
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Londrina, Paraná
(Brasil) |
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No Invisível
Léon Denis
(Parte 4)
Continuamos
o estudo
metódico e sequencial do
clássico "No Invisível",
de Léon Denis, cujo
título no original
francês é
Dans l'Invisible.
Questões preliminares
A. A especulação
metafísica foi
importante para que a
doutrina do moderno
Espiritualismo fosse
edificada?
Não. Para edificar sua doutrina, o moderno Espiritualismo (nome com
que o Espiritismo foi
conhecido inicialmente)
não teve necessidade de
recorrer à especulação
metafísica; foi-lhe
suficiente apoiar-se na
observação e na
experiência. Não podendo
os fenômenos que ele
estuda explicar-se por
leis conhecidas, longa e
ponderadamente os
examinou e analisou e,
em seguida, por
encadeamento racional,
dos efeitos remontou às
causas. A intervenção
dos Espíritos, a
existência do corpo
fluídico, a
exteriorização dos vivos
não foram afirmadas
senão depois que os
fatos vieram, aos
milhares, demonstrar a
sua realidade. A nova
ciência espiritualista
não é, pois, obra de
imaginação; é o
resultado de longas e
pacientes pesquisas, o
fruto de inúmeras
investigações.
(No Invisível, O Espiritismo experimental: I - A Ciência
Espírita.)
B. Que meios são
necessários para se
adquirir a ciência de
além-túmulo?
Há dois meios: de um lado, o estudo experimental, de outro a
intuição e o raciocínio,
de que só as
inteligências
exercitadas sabem e
podem utilizar-se. A
experimentação foi a
preferida pela grande
maioria dos
contemporâneos de Léon
Denis, por estar mais de
acordo com os hábitos do
mundo ocidental, bem
pouco iniciado ainda no
conhecimento das
secretas e profundas
capacidades da alma. Os
fenômenos físicos bem
comprovados têm, para os
nossos sábios, uma
importância inigualável.
Em muitos homens não
pode a dúvida cessar nem
o pensamento libertar-se
do estado de
entorpecimento, senão a
poder do fato. O fato
brutal, o fato autêntico
vem subverter as ideias
preconcebidas; obriga os
mais indiferentes a
investigar o problema de
além-túmulo.
(Obra citada, O Espiritismo experimental: II -
A marcha ascensional: os
métodos de estudo.)
C. A respeito dos
Espíritos dos mortos,
que é que os fatos
puderam comprovar?
Antes do moderno Espiritualismo, para a maioria dos homens, a
crença na vida futura
não era mais que vaga
hipótese, fé oscilante a
todos os embates da
crítica. As almas,
depois de separadas dos
corpos, eram apenas a
seus olhos entidades mal
definidas, enclausuradas
em lugares
circunscritos, inativas,
sem objetivo, sem
relações possíveis com a
Humanidade. Agora é
diferente, pois sabemos,
de ciência certa, que os
Espíritos dos mortos nos
rodeiam e se imiscuem em
nossa vida. Aparecem-nos
como verdadeiros seres
humanos, providos de
corpos sutis, tendo
conservado todos os
sentimentos da Terra,
suscetíveis, porém, de
elevação, tomando parte,
de forma crescente, na
obra e no progresso
universais e possuindo
energias
consideravelmente
superiores às de que
dispunham em sua
condição antiga de
existência. E mais: a
morte não ocasiona
mudança alguma essencial
à natureza íntima do
ser, que permanece, em
todos os meios, o que a
si mesmo se fez, levando
para além do túmulo suas
tendências, seus ódios e
afetos, suas virtudes ou
fraquezas,
conservando-se ligado
pelo coração aos que na
Terra amou, sempre
ansioso por aproximar-se
deles. (Obra citada, O Espiritismo experimental: II -
A marcha ascensional: os
métodos de estudo.)
Texto para leitura
96. Eusápia Paladino aumentava e diminuía à vontade o próprio peso
e o da mesa. À distância
de 45 centímetros
produziu a ruptura de um
tubo de borracha e fez
quebrar-se um lápis.
Quebrou em três pedaços
uma pequena mesa de
madeira, colocada atrás
de sua cadeira,
anunciando previamente o
número dos fragmentos,
coisa incompreensível,
uma vez que ela estava
na obscuridade e de
costas voltadas para a
mesa. Tendo o Sr.
Dubierne dito, numa das
sessões, que “John”, o
Espírito-guia de Eusápia,
podia quebrar a mesa,
ouviu-se imediatamente
partir-se um dos pés
desta.
97. Apesar desses fatos, o Dr. Le Bon lançou aos espíritas e aos
médiuns, no “Matin” de
20 de maio de 1908, o
seguinte repto: “Embora
declare o professor
Morsélli que o
levantamento de uma
mesa, sem contacto, é o
‘ABC’ dos fenômenos
espíritas, duvido muito
que se possa produzir...
Ofereço 500 francos a
quem me mostrar o
fenômeno em plena luz.”
98. Alguns dias depois, um jornalista muito conhecido, o Sr.
Montorgueil, respondia
no “L'Eclair”: “Somos
centenas os que temos
visto fenômenos de
levitação de mesas, sem
contacto. Vêm-nos agora
dizer que há sugestão,
prestidigitação,
artifício. A exemplo do
Sr. Le Bon, ofereço 500
francos ao
prestidigitador que se
apresentar no “L'Éclair”
e nos enganar com os
mesmos artifícios,
reproduzindo os mesmos
fenômenos.”
99. O astrônomo C. Flammarion, por sua parte, respondia no “Matin”
ao Sr. Le Bon: “Em minha
obra ‘Forças Naturais
Desconhecidas’, se
encontram fotografias
diretas e sem retoques,
a cujo propósito estou
também perfeitamente
disposto a dar um prêmio
de 500 francos a quem
for capaz de nelas
descobrir qualquer
artifício.” E adiante
disse: “Veem-se rotações
operarem-se sem
contacto, tendo sido a
farinha espalhada como
por um sopro de fole e
sem que dedo algum a
houvesse tocado...
Durante essas
experiências víamos um
piano, do peso de 300
quilogramas, desferir
sons e levantar-se,
quando ao seu pé havia
apenas um menino de onze
anos, médium sem o
saber.”
100. Finalmente, o Dr. Ochorowicz, professor da Universidade de
Varsóvia, publicava nos
“Annales des Sciences
Psychiques” de 1910 (ver
a coleção completa desse
ano) a narrativa de suas
experiências com a
médium Srta. Tomszick,
acompanhada de
reproduções fotográficas
de numerosos casos de
levitação de objetos sem
contacto. Esses fatos
representam um conjunto
de provas objetivas
capazes de, por sua
natureza, convencer os
mais cépticos.
101. O professor César Lombroso, da Universidade de Turim, célebre
no mundo inteiro por
seus trabalhos de
antropologia
criminalista, publicava
em 1910, pouco antes de
sua morte, um livro,
intitulado “Hipnotismo e
Espiritismo”, em que
relatava todas as suas
experiências,
prosseguidas durante
anos, e concluía num
sentido absolutamente
afirmativo, sob o ponto
de vista espírita. Essa
obra é um belo exemplo
de probidade científica,
a opor ao preconceito e
às opiniões rotineiras
da maior parte dos
sábios franceses.
Julgamos dever aqui
reproduzir as
considerações que
induziram Lombroso a
escrever: “Quando me
dispus a escrever um
livro – diz ele – sobre
os fenômenos denominados
espíritas, ao termo de
uma existência
consagrada ao
desenvolvimento da
Psiquiatria e da
Antropologia, os meus
melhores amigos me
acabrunharam de
objeções, dizendo que eu
ia arruinar a minha
reputação. Apesar de
tudo, não hesitei em
prosseguir, considerando
meu dever rematar a luta
em que me empenhara pelo
progresso das ideias,
lutando pela mais
contestada e escarnecida
ideia do século.”
102. Assim, dia a dia as experiências se repetem, os testemunhos se
tornam cada vez mais
numerosos. Todos esses
fatos constituem já, em
seu conjunto, uma nova
ciência, baseada no
método positivo. Para
edificar sua doutrina, o
moderno Espiritualismo
não teve necessidade de
recorrer à especulação
metafísica; foi-lhe
suficiente apoiar-se na
observação e na
experiência. Não podendo
os fenômenos que ele
estuda explicar-se por
leis conhecidas, longa e
ponderadamente os
examinou e analisou e,
em seguida, por
encadeamento racional,
dos efeitos remontou às
causas. A intervenção
dos Espíritos, a
existência do corpo
fluídico, a
exteriorização dos vivos
não foram afirmadas
senão depois que os
fatos vieram, aos
milhares, demonstrar a
sua realidade.
103. A nova ciência
espiritualista não é,
pois, obra de
imaginação; é o
resultado de longas e
pacientes pesquisas, o
fruto de inúmeras
investigações. Os homens
que as empreenderam são
conhecidos em todas as
esferas científicas: são
portadores de nomes
célebres e acatados.
104. Durante anos têm sido efetuadas rigorosas perquirições por
comissões de sábios
profissionais. As mais
conhecidas são o
inquérito da Sociedade
Dialética de Londres, o
da Sociedade de
Investigações Psíquicas,
que se mantém há vinte
anos e tem produzido
consideráveis
resultados, e, mais
recentemente, o do Sr.
Flammarion. Todos
registram milhares de
observações, submetidas
ao mais severo exame, às
mais escrupulosas
verificações.
105. Passou o tempo das ironias levianas. O desdém não é uma
solução. É preciso que a
Ciência se pronuncie,
porque o fenômeno aí
está, revestindo tantos
aspectos,
multiplicando-se de tal
modo, que se impõe a sua
atenção. A alma, livre e
imortal, não mais se
afirma como entidade
vaga e ideal, mas como
um ser real, associado a
uma forma e produtor de
uma força sutil cuja
manifestação constante
solicita a atenção dos
investigadores. Desde as
pancadas e os simples
fatos de tiptologia até
as aparições
materializadas, o
fenômeno espírita se
desdobrou, sob formas
cada vez mais
imponentes, levando a
convicção aos mais
cépticos e mais
desconfiados.
106. É o fim do sobrenatural e do milagre; mas desse conjunto de
fatos, tão antigos como
a própria Humanidade,
até aqui mal observados
e compreendidos, resulta
agora uma concepção mais
alta da vida e do
Universo e o
conhecimento de uma lei
suprema que vai guiando
os seres, em sua
ascensão através dos
esplendores do infinito,
para o bem, para o
perfeito!
107. O Espiritismo experimental: II - A marcha ascensional: os
métodos de estudo –
A reunião do Congresso
Espírita e
Espiritualista
Internacional de Paris,
em 1900, permitiu
comprovar-se a
vitalidade sempre
crescente do
Espiritismo. Delegados
vindos de todos os
pontos do mundo,
representantes dos mais
diversos povos nele
expuseram os progressos
das ideias em seus
respectivos países, sua
marcha ascensional mau
grado aos obstáculos, às
ruidosas conversões que
opera, tanto entre os
membros da Igreja como
entre os sábios
materialistas.
Identicamente sucedeu no
Congresso de Bruxelas,
em 1910. Foi instituída
uma Agência
Internacional, com o fim
de estabelecer
permanentes relações
entre as agremiações dos
diferentes países e
colher informações
acerca do movimento
espírita no mundo
inteiro.
108. Apesar das negações e zombarias, a crença espírita se
fortifica e engrandece.
À medida, porém, que se
propaga, torna-se mais
acesa a luta entre
negadores e convencidos.
O mundo velho se
sobressalta; sente-se
ameaçado. A luta pela
vida não é mais violenta
que o conflito das
ideias. A ideia
antiquada, incompleta,
agarra-se
desesperadamente às
posições adquiridas e
resiste aos esforços da
ideia nova, que quer
ocupar o seu lugar ao
Sol. As resistências se
explicam pelos
interesses de toda uma
ordem de coisas que se
sente combatida. Têm sua
utilidade, porque tornam
mais atilados os
inovadores, mais
ponderados os progressos
do espírito humano.
109. Ora, o espírito humano tem como parte integrante do seu
destino destruir e
reconstruir sempre.
Trabalha incessantemente
na edificação de
esplêndidos monumentos,
que lhe servirão de
abrigo, mas que,
tornados insuficientes
dentro em pouco, deverão
ser substituídos por
obras, concepções mais
vastas, apropriadas ao
seu constante
desenvolvimento. Todos
os dias desaparecem
individualidades,
sistemas submergem na
luta. Mas em meio das
flutuações terrestres o
roteiro da verdade se
desdobra, traçado pela
mão de Deus, e a
Humanidade segue o rumo
de seus inelutáveis
destinos.
110. O Espiritismo, utopia de ontem, será a verdade de amanhã. Com
ela familiarizados, os
nossos pósteros
esquecerão as lutas, os
sofrimentos dos que lhe
terão assegurado a
posição ao mundo; a seu
turno, porém, terão que
sofrer e combater pela
vitória de um ideal mais
elevado. É a lei eterna
do progresso, a lei da
ascensão que conduz a
alma humana, de estância
em estância, de
conquista em conquista,
a uma soma sempre maior
de luz, de experiência e
de ciência. É a razão
mesma da vida, a ideia
máter que dirige a
evolução das almas e dos
mundos.
111. À proporção que o Espiritismo se divulga, mais imperiosa se
faz sentir a necessidade
de estabelecer regras
positivas, condições
sérias de estudo e
experimentação. É
preciso evitar aos
adeptos amargas
decepções e a todos
tornar acessíveis os
meios práticos de entrar
em relação com o mundo
invisível.
112. Há dois meios para se adquirir a ciência de além-túmulo: de um
lado o estudo
experimental, de outro a
intuição e o raciocínio,
de que só as
inteligências
exercitadas sabem e
podem utilizar-se. A
experimentação é
preferida pela grande
maioria dos nossos
contemporâneos. Está
mais de acordo com os
hábitos do mundo
ocidental, bem pouco
iniciado ainda no
conhecimento das
secretas e profundas
capacidades da alma.
113. Os fenômenos físicos bem comprovados têm, para os nossos
sábios, uma importância
inigualável. Em muitos
homens não pode a dúvida
cessar nem o pensamento
libertar-se do estado de
entorpecimento, senão a
poder do fato. O fato
brutal, o fato autêntico
vem subverter as ideias
preconcebidas; obriga os
mais indiferentes a
investigar o problema de
além-túmulo.
114. É necessário facilitar as pesquisas experimentais e o estudo
dos fenômenos físicos,
considerando-os, porém,
como transição para
manifestações menos
terra-a-terra. Essas
manifestações, ao mesmo
tempo intelectuais e
espirituais, constituem
o lado mais importante
do Espiritismo. Em suas
variadas formas
representam outros
tantos meios de ensino,
outros tantos elementos
de uma revelação, sobre
a qual se edifica uma
noção da vida futura
mais ampla e elevada que
todas as concepções do
passado.
115. O homem que chora a perda de seres caros, de que a morte o
separou, procura antes
de tudo uma prova da
sobrevivência na
manifestação dessas
almas diletas ao seu
coração e que para ele
também se sentem
atraídas pelo amor. Uma
palavra afetuosa, uma
prova moral, delas
provenientes, farão
muito mais para
convencer que todos os
fenômenos materiais.
116. Até agora, para a maioria dos homens, a crença na vida futura
não havia sido mais que
vaga hipótese, fé
oscilante a todos os
embates da crítica. As
almas, depois de
separadas dos corpos,
eram apenas a seus olhos
entidades mal definidas,
enclausuradas em lugares
circunscritos, inativas,
sem objetivo, sem
relações possíveis com a
Humanidade.
117. Hoje sabemos, de ciência certa, que os Espíritos dos mortos
nos rodeiam e se
imiscuem em nossa vida.
Aparecem-nos como
verdadeiros seres
humanos, providos de
corpos sutis, tendo
conservado todos os
sentimentos da Terra,
suscetíveis, porém, de
elevação, tomando parte,
de forma crescente, na
obra e no progresso
universais e possuindo
energias
consideravelmente
superiores às de que
dispunham em sua
condição antiga de
existência.
118. Sabemos que a morte não ocasiona mudança alguma essencial à
natureza íntima do ser,
que permanece, em todos
os meios, o que a si
mesmo se fez, levando
para além do túmulo suas
tendências, seus ódios e
afetos, suas virtudes ou
fraquezas,
conservando-se ligado
pelo coração aos que na
Terra amou, sempre
ansioso por aproximar-se
deles.
119. A intuição profunda
nos revela a presença
dos amigos invisíveis e,
num certo limite, nos
permitia em nosso foro
interno corresponder-nos
com eles. A
experimentação vai mais
longe: proporciona meios
de comunicação positivos
e evidentes; estabelece
entre os dois mundos, o
visível e o oculto, uma
comunhão que se vai
ampliando à proporção
que as faculdades
mediúnicas se
multiplicam e
aperfeiçoam. Fortalece
os laços de
solidariedade que
vinculam as duas
Humanidades e lhes
permite, por meio de
constantes relações, por
contínua permuta de
ideias, combinar suas
forças, suas aspirações
comuns, orientá-las no
sentido de um mesmo
grandioso objetivo e
trabalhar conjuntamente
por adquirir mais luz,
mais elevação moral e,
conseguintemente, mais
felicidade para a grande
família das almas, de
que homens e Espíritos
são membros.
120. Força é, todavia, reconhecer que a prática experimental do
Espiritismo é inçada de
dificuldades. Exige
qualidades de que não
são dotados muitos
homens: espírito de
método, perseverança,
perspicácia, elevação de
pensamentos e de
sentimentos. Alguns só
chegam a adquirir a
cobiçada certeza, depois
de repetidos insucessos;
outros a alcançam de um
jato, pelo coração, pelo
amor. Estes apreendem a
verdade sem esforço, e
dela nada mais os
consegue desviar.
121. Sim, a Ciência é magnífica; nela encontram infinitas
satisfações os
investigadores
perseverantes, a quem
cedo ou tarde fornecerá
ela a base em que as
convicções sólidas se
fundam. Entretanto, a
essa ciência puramente
intelectual, que estuda
unicamente os corpos, é
necessário, para
assegurar-lhe o
equilíbrio, acrescentar
uma outra que se ocupa
da alma e de suas
faculdades afetivas. É o
que fez o Espiritismo,
que não é somente uma
ciência de observação,
mas também de sentimento
e de amor, pois que se
dirige ao mesmo tempo à
inteligência e ao
coração.
122. É por isso que os sábios oficiais, habituados às experiências
positivas, operando com
instrumentos de precisão
e baseando-se em
cálculos matemáticos,
obtêm resultados menos
facilmente e fatigam-se
depressa em presença do
caráter fugidio dos
fenômenos. As causas
múltiplas em ação nesse
domínio, a
impossibilidade de
reproduzir os fatos à
vontade, as incertezas,
as decepções os
desconcertam e fazem
esmorecer.
123. Raros foram, na França, durante muito tempo, nos círculos
oficiais, os
experimentadores
emancipados das
clássicas rotinas e
dotados das qualidades
necessárias para
empreenderem com êxito
essas delicadas
observações. Todos os
que procederam com
perseverança e
imparcialidade puderam
verificar a realidade
das manifestações dos
denominados mortos. Ao
publicar, porém, os
resultados de suas
investigações, só
defrontaram na maioria
das vezes a
incredulidade, a
indiferença ou a
zombaria.
124. Os homens de ciência, para explicar os fatos espíritas, têm
amontoado sistemas sobre
sistemas e recorrido às
mais inverossímeis
hipóteses, torturando os
fenômenos para os
acomodar no leito de
Procusto de suas
concepções. Daí a
criação de tantas
singulares teorias,
desde o músculo rangedor
de Jobert de Lamballe,
as articulações
estalantes, o
automatismo psicológico,
as alucinações
coletivas, até a do
subliminal. Essas
teorias, mil vezes
refutadas, renascem
incessantemente.
Dir-se-ia que os
representantes da
ciência oficial nada
receiam tanto como ser
obrigados a reconhecer a
sobrevivência e
intervenção dos
Espíritos.
125. Sem dúvida, é prudente e de bom aviso examinar todas as
explicações contrárias,
esgotar todas as
hipóteses, todas as
outras possibilidades,
antes de recorrer à
teoria espírita. Ao
começo, os
experimentadores, em sua
maior parte, entenderam
poder dispensá-la; à
medida, porém, que de
mais perto examinavam o
fenômeno, compreendiam
que eram insuficientes
as outras teorias e
forçoso se tornava
recorrer à explicação
tão desdenhada. Os
outros sistemas se
esboroavam um a um sob a
pressão dos fatos.(Continua.)