A receita de
Santo Agostinho
Segundo Santo
Agostinho, em “O
Livro dos
Espíritos”,
livro terceiro,
capítulo XII,
“para se
melhorar nesta
vida e resistir
ao arrastamento
do mal”, a
receita é o
“conhecimento de
si mesmo”.
Propõe ele um
exercício
rigoroso e
honesto de
autoavaliação
moral que nos
mostra o avesso
de nós mesmos.
Esta parece ser
a chave da
ciência do bem
viver.
Através deste
critério podemos
aferir o quanto
ainda estamos
submetidos ao
império das
influências da
matéria; o
quanto o egoísmo
e suas
derivações
predominam em
nossa alma; e
que mudanças em
nós não podem
mais ser
adiadas. A
indicação do
exercício
individual visa,
contudo, à toda
a humanidade.
Melhorando-se as
partes,
transforma-se o
todo, esse é o
princípio.
A experiência na
matéria é
necessária para
o
desenvolvimento
do Espírito no
trabalho de
construção da
própria
personalidade;
para isso
renasce muitas
vezes,
conhecendo o bem
e o mal. A
matéria o tem
enlaçado desde
sempre no
processo natural
e compreensível
da evolução. Sai
do caminho,
percorre
atalhos, retorna
a ele... Mas há
um momento na
sua trajetória
em que,
“percebendo as
coisas” como são
verdadeiramente,
delibera chegar.
A partir daí, o
Espírito terá
que limpar o
entulho íntimo:
humanizar-se, se
soltar das
garras materiais
que, como
ventosas, o tem
mantido preso ao
plano das
sensações.
Progressivamente
vai adentrando
no pensar,
sentir e fazer
mais
espiritualizados.
Esse continuum
de
desenvolvimento
do ser integral
(espírito,
mente, corpo)
agrega
objetivamente
valores novos
que o fazem
agora ver o
mundo (a vida)
sob o prisma
ético-moral da
solidariedade e
fraternidade
universais.
As reencarnações
cuidam, num
processo mais ou
menos longo e
sofrido, da
depuração do
Espírito,
aprimorando suas
potencialidades.
Mas, o que Santo
Agostinho quer
com seu
exercício é
acelerar o
encontro de cada
um dos seus
irmãos terrenos
consigo mesmos,
para que criem
vida nova e
renovem logo a
face do mundo.