ANGÉLICA
REIS
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Londrina, Paraná
(Brasil) |
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No Invisível
Léon Denis
(Parte 6)
Continuamos
o estudo
metódico e sequencial do
clássico "No Invisível",
de Léon Denis, cujo
título no original
francês é
Dans l'Invisible.
Questões preliminares
A. Que é médium, na
definição de Léon Denis?
O médium é o agente
indispensável, com cujo
auxílio se produzem as
manifestações do mundo
invisível. O médium
desempenha um papel
essencial no estudo dos
fenômenos espíritas.
Participando,
simultaneamente, por seu
invólucro fluídico, da
vida do Espaço e, pelo
corpo físico, da vida
terrestre, é ele o
intermediário
obrigatório entre dois
mundos.
(No Invisível - O
Espiritismo
experimental:
IV - A mediunidade.)
B. Pode o Espírito agir
sobre a matéria?
Separado da matéria
grosseira pela morte, o
Espírito não pode mais
sobre ela agir nem se
manifestar na esfera
humana sem o auxílio de
uma força, de uma
energia, que ele haure
no organismo de um ser
vivo. Toda pessoa
suscetível de fornecer
ou de exteriorizar essa
força é apta para
desempenhar um papel nas
manifestações físicas –
deslocamento de objetos
sem contacto,
transportes, sons de
pancadas, mesas
giratórias, levitações,
materializações –, que
são a mais comum e a
mais generalizada forma
de mediunidade.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
IV - A mediunidade.)
C. Há muitas variedades
de mediunidade?
Sim. A mediunidade
apresenta variedades
quase infinitas, desde
as mais vulgares formas
até as mais sublimes
manifestações. Nunca é
idêntica em dois
indivíduos e se
diversifica segundo os
caracteres e os
temperamentos. A
mediunidade de efeitos
físicos é geralmente
utilizada por Espíritos
de ordem vulgar. É,
porém, pela mediunidade
de efeitos intelectuais
que habitualmente nos
são transmitidos os
ensinos dos Espíritos
elevados. Para produzir
bons resultados, essa
faculdade exige
conhecimentos muito
extensos. Quanto mais
instruído e dotado de
qualidades morais é o
médium, maiores recursos
facilita aos Espíritos.
Em todos os casos,
contudo, o indivíduo não
é mais do que um
instrumento; este,
porém, deve ser
apropriado à função de
que é encarregado.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
IV - A mediunidade.)
Texto para leitura
158. O Espiritismo
experimental: IV - A
mediunidade – Todas
as manifestações da
Natureza e da vida se
resumem em vibrações,
mais ou menos rápidas e
extensas, conforme as
causas que as produzem.
Tudo vibra no Universo:
a luz, o som, o calor, a
eletricidade, os raios
químicos, os raios
catódicos, as ondas
hertzianas etc. não são
mais que diferentes
modalidades de
ondulação, graus
sucessivos, que em seu
conjunto constituem a
escala ascensional das
manifestações da
energia.
159. Esses graus são
muito afastados entre
si. O som percorre 340
metros por segundo; a
luz, no mesmo tempo, faz
o percurso de 300.000
quilômetros; a
eletricidade se propaga
com uma rapidez que se
nos afigura
incalculável. Os nossos
sentidos físicos, porém,
não nos permitem
perceber todos os modos
de vibração. Sua
impotência para dar uma
impressão completa das
forças da Natureza é um
fato suficientemente
conhecido para que
tenhamos necessidade de
insistir sobre esse
ponto. Só no domínio da
óptica, sabemos que as
ondas luminosas não nos
impressionam a retina
senão nos limites das
sete cores. Certas
radiações solares
escapam à nossa vista;
chamam-se, por isso,
raios obscuros.
160. Entre o limite dos
sons, cujas vibrações
alcançam de 20 a 20.000
por segundo, e a
sensação de calor, que
se mede por trilhões de
vibrações, nada
percebemos. O mesmo
acontece entre a
sensação de calor e de
luz, que corresponde, na
média, a 500 trilhões de
vibrações por segundo.
161. Nessa prodigiosa
ascensão, os nossos
sentidos representam
paradas muitíssimo
espaçadas, estações
dispostas a
consideráveis distâncias
uma das outras, uma rota
sem-fim. Entre essas
diversas paradas, por
exemplo, entre os sons
agudos e os fenômenos de
calor e de luz, até às
zonas vibratórias
afetadas pelos raios
catódicos, há para nós
como que abismos. Para
seres, porém, dotados de
sentidos mais sutis ou
mais numerosos que os
nossos, esses abismos,
desertos e obscuros na
aparência, não estariam
preenchidos?
162. Tudo em a Natureza
se sucede, se encadeia e
se desdobra, de elo em
elo, por gradativas
transições. Em parte
alguma há salto brusco,
hiato, vácuo. O que
resulta destas
considerações é
simplesmente a
insuficiência do nosso
organismo, demasiado
pobre para perceber
todas as modalidades de
energia.
163. O que dizemos das
forças em ação no
Universo aplica-se
igualmente ao conjunto
dos seres e das coisas
em suas diversas formas,
em seus diferentes graus
de condensação ou de
rarefação. O nosso
conhecimento do Universo
se restringe ou amplia
conforme o número e a
delicadeza de nossos
sentidos. O nosso
organismo atual não nos
permite abranger mais
que limitadíssimo
círculo do império das
coisas. A maior parte
das formas da vida nos
escapa. Venha, porém, um
novo sentido se nos
acrescentar aos atuais,
e imediatamente se há de
o invisível revelar,
será preenchido o vácuo,
animado o que era
soturna insensibilidade.
164. Poderíamos mesmo
possuir sentidos
diferentes que, por sua
estrutura anatômica,
modificariam totalmente
a natureza de nossas
sensações atuais, de
modo a nos fazer ouvir
as cores e saborear os
sons. Bastaria para isso
que no lugar e posição
da retina um feixe de
nervos pudesse ligar o
fundo do olho ao ouvido.
Nesse caso ouviríamos o
que vemos. Em lugar de
contemplar o céu
estrelado, perceberíamos
a harmonia das esferas e
não seriam por isso
menos exatos os nossos
conhecimentos
astronômicos.
165. Se os nossos
sentidos, em lugar de
separados, estivessem
reunidos, não
possuiríamos mais que um
único sentido
generalizado, que
perceberia ao mesmo
tempo os diversos
gêneros de fenômenos.
166. Estas
considerações, deduzidas
das mais rigorosas
observações científicas,
nos demonstram a
insuficiência das
teorias materialistas.
Pretendem estas fundar o
edifício das leis
naturais sobre a
experiência adquirida
mediante o nosso atual
organismo, ao passo que,
com uma organização mais
perfeita, esta
experiência seria bem
diversa. Pela simples
modificação dos nossos
órgãos, com efeito, o
mundo, tal como o
conhecemos, se poderia
transformar e mudar de
aspecto, sem que de leve
a realidade total das
coisas se alterasse.
Seres constituídos de
modo diferente poderiam
viver no mesmo meio sem
se verem, sem se
conhecerem.
167. E se, em
consequência do
desenvolvimento orgânico
de alguns desses seres,
em seus diversos
apropriados habitats,
seus meios de percepção
lhes permitissem entrar
em relações com aqueles
cuja organização é
diferente, nada haveria
nisso de sobrenatural
nem de miraculoso, mas
simplesmente um conjunto
de fenômenos naturais,
regidos por leis ainda
ignoradas desses seres,
menos favorecidos no que
se refere ao
conhecimento.
168. Ora, é isso que
precisamente se produz
em nossas relações com
os Espíritos dos homens
falecidos, em todos os
casos em que é possível
a um médium servir de
intermediário entre as
duas humanidades,
visível e invisível. Nos
fenômenos espíritas,
dois mundos, cujas
organizações e leis
conhecidas são
diferentes, entram em
contacto, e assomando a
essa linha divisória, a
essa fronteira que os
separava, mas que
desaparece, o pensador
ansioso vê
desdobrarem-se
perspectivas infinitas.
Vê bosquejarem-se os
elementos de uma ciência
do Universo muito vasta
e mais completa que a do
passado, conquanto seja
o seu prolongamento
lógico; e essa ciência
não vem destruir a noção
das leis atualmente
conhecidas, mas
ampliá-la em vastas
proporções, pois que
traça ao espírito humano
a rota segura que o
conduzirá à aquisição
dos conhecimentos e dos
poderes necessários a
firmar em sólidas bases
sua tarefa presente e
seu destino futuro.
169. Acabamos de aludir
ao papel dos médiuns. O
médium é o agente
indispensável, com cujo
auxílio se produzem as
manifestações do mundo
invisível.
170. Assinalamos a
impotência dos nossos
sentidos, desde que são
aplicados aos estudos
dos fenômenos da vida.
Nas ciências
experimentais, não
tardou a ser preciso
recorrer a instrumentos
para suprir essa
deficiência do organismo
humano e ampliar o nosso
campo de observação.
Vieram assim o
telescópio e o
microscópio revelar-nos
a existência do
infinitamente grande e
do infinitamente
pequeno.
171. A partir do estado
gasoso, a matéria
escapava aos nossos
sentidos. Os tubos de
Crookes, as placas
sensíveis nos permitem
prosseguir os estudos no
domínio, por muito tempo
inexplorado, da matéria
radiante. Aí, por
enquanto, se detêm os
meios de investigação da
ciência. Mais além,
todavia, se entreveem
estados da matéria e da
força que um instrumento
aperfeiçoado, mais dia
menos dia, nos tornará
familiares.
172. Onde faltam ainda
os meios artificiais,
vêm certos indivíduos
trazer ao estudo dos
fenômenos vitais o
concurso de preciosas
faculdades. É assim que
o sensitivo hipnótico
representa o instrumento
que tem permitido sondar
as profundezas ainda
misteriosas do eu
humano, e proceder a uma
análise minuciosa de
todos os modos de
sensibilidade, de todos
os aspectos da memória e
da vontade.
173. O médium vem, por
sua vez, desempenhar um
papel essencial no
estudo dos fenômenos
espíritas. Participando,
simultaneamente, por seu
invólucro fluídico, da
vida do Espaço e, pelo
corpo físico, da vida
terrestre, é ele o
intermediário
obrigatório entre dois
mundos. O estudo, pois,
da mediunidade prende-se
intimamente a todos os
problemas do
Espiritismo; é mesmo a
sua chave. O mais
importante, no exame dos
fenômenos, é distinguir
a parte que é preciso
atribuir ao organismo e
à personalidade do
médium e a que provém de
uma intervenção
estranha, e determinar
em seguida a natureza
dessa intervenção.
174. O Espírito,
separado da matéria
grosseira pela morte,
não pode mais sobre ela
agir; nem se manifestar
na esfera humana sem o
auxílio de uma força, de
uma energia, que ele
haure no organismo de um
ser vivo. Toda pessoa
suscetível de fornecer,
de exteriorizar essa
força, é apta para
desempenhar um papel nas
manifestações físicas –
deslocamento de objetos
sem contacto,
transportes, sons de
pancadas, mesas
giratórias, levitações,
materializações.
175. É essa a mais
comum, a mais
generalizada forma da
mediunidade; não requer
nenhum desenvolvimento
intelectual, nem
adiantamento moral. É
uma simples propriedade
fisiológica, observada
em pessoas de todas as
condições. Em todas as
formas inferiores da
mediunidade o indivíduo
é comparável, quer a um
acumulador de força,
quer a um aparelho
telegráfico ou
telefônico, transmissor
do pensamento do
operador.
176. A comparação é
tanto mais exata quanto
a força psíquica se
esgota, como todas as
forças não renovadas; a
intensidade das
manifestações está na
razão direta do estado
físico e mental do
médium. Seria um erro
considerar este como um
histérico ou um doente;
é simplesmente um
indivíduo dotado de
capacidades mais
extensas ou de mais
sutis percepções que
outro qualquer. A saúde
do médium parece-nos ser
uma das condições de sua
faculdade. Conhecemos um
grande número de médiuns
que gozam perfeita
saúde; temos notado
mesmo um fato
significativo, e é que,
quando a saúde se lhes
altera, os fenômenos se
enfraquecem e cessam até
de se produzir.
177. A mediunidade
apresenta variedades
quase infinitas, desde
as mais vulgares formas
até as mais sublimes
manifestações. Nunca é
idêntica em dois
indivíduos e se
diversifica segundo os
caracteres e os
temperamentos. Em um
grau superior, é como
uma centelha do céu a
dissipar as humanas
tristezas e esclarecer
as obscuridades que nos
envolvem.
178. A mediunidade de
efeitos físicos é
geralmente utilizada por
Espíritos de ordem
vulgar. Requer contínuo
e atento exame. É pela
mediunidade de efeitos
intelectuais que
habitualmente nos são
transmitidos os ensinos
dos Espíritos elevados.
Para produzir bons
resultados, exige
conhecimentos muito
extensos. Quanto mais
instruído e dotado de
qualidades morais é o
médium, maiores recursos
facilita aos Espíritos.
179. Em todos os casos,
contudo, o indivíduo não
é mais do que um
instrumento; este,
porém, deve ser
apropriado à função de
que é encarregado. Um
artista, por mais hábil
que seja, nunca poderá
tirar de um instrumento
incompleto mais que
medíocre partido. O
mesmo se dá com o
Espírito em relação ao
médium intuitivo, no
qual um claro
discernimento, uma
lúcida inteligência, o
saber mesmo, são
condições essenciais.
180. Verdade é que se
têm visto sensitivos
escreverem em línguas
desconhecidas ou tratar
de questões cientificas
e abstratas, muito acima
de sua capacidade. São
raros, porém, esses
casos, que exigem
grandes esforços da
parte dos Espíritos.
Estes preferem recorrer
a intermediários
maleáveis, aperfeiçoados
pelo estudo, suscetíveis
de os compreender e lhes
interpretar fielmente os
pensamentos.
181. Nessa ordem de
manifestações, os
invisíveis atuam sobre o
intelecto do sensitivo e
lhes projetam na esfera
mental suas ideias. Às
vezes os pensamentos se
confundem; os dois
Espíritos revestem uma
forma, uma expressão, em
que se acham
reproduzidos o estilo e
a linguagem habitual do
médium. Ainda aí se
requer escrupuloso
exame. Será, todavia,
fácil ao observador
destacar, da
insignificância de
inúmeros ditados e do
contingente pessoal dos
sensitivos, o que
pertence aos Espíritos
adiantados, cujas
comunicações revestem um
caráter grandioso, um
cunho de verdade muito
acima das possibilidades
do médium.
182. Nos fenômenos de
transe ou do
sonambulismo em seus
diversos graus, os
sentidos materiais vêm a
ser pouco a pouco
substituídos pelos
sentidos psíquicos, os
meios de percepção e de
atividade aumentam em
proporções tanto mais
consideráveis quanto
mais profundo é o sono e
mais completo o
desprendimento
perispirituais.
183. Nesse estado, nada
percebe o corpo físico;
serve simplesmente de
transmissor, quando o
médium ainda pode
exprimir suas sensações.
Já na exteriorização
parcial se produz esse
fenômeno. No estado de
vigília, sob a
influência oculta, a tal
ponto o invólucro
fluídico do sensitivo se
desprende e irradia que,
permanecendo embora
intimamente ligado ao
corpo, começa a perceber
as coisas ocultas aos
nossos sentidos
exteriores; é o estado
de clarividência, ou
dupla vista, de visão à
distância através dos
corpos opacos, audição,
psicometria etc.
184. Em mais elevadas
graduações, no estado de
hipnose, a
exteriorização se
acentua até ao
desprendimento completo.
A alma, liberta de sua
prisão carnal, paira nas
alturas; seus modos de
percepção, subitamente
recobrados, lhe permitem
abranger um vasto
círculo e se transporta
com a rapidez do
pensamento. A essa ordem
de fenômenos pertence o
estado de transe, que
torna possível a
incorporação de
Espíritos desencarnados
ao envoltório do médium,
deixado livre,
semelhante a um viajante
que penetra em casa
devoluta.
185. Os sentidos
psíquicos, inativos no
estado de vigília na
maior parte dos homens,
podem, entretanto, ser
utilizados. Basta, para
isso, abstrair-se das
coisas materiais, cerrar
os sentidos físicos a
todo ruído e toda visão
exterior e, por um
esforço de vontade,
interrogar esse sentido
profundo em que se
resumem todas as nossas
faculdades superiores e
que denominamos o sexto
sentido, a intuição, a
percepção espiritual. É
por ele que entramos em
contacto direto com o
mundo dos Espíritos,
mais facilmente que por
qualquer outro meio;
porque esse sentido
constitui atributo da
alma, o próprio fundo de
sua natureza, e acha-se
fora do alcance dos
sentidos materiais, de
que difere inteiramente.
186. A ciência
menosprezou até hoje
esse sentido – o mais
belo de todos; e é por
isso que se tem
conservado ignorante de
tudo o que se refere ao
mundo do invisível. As
regras que ela aplica ao
plano físico serão
insuficientes, sempre
que as quiserem aplicar
ao mundo dos Espíritos.
Para penetrar neste, é
preciso antes de tudo
compreender que nós
mesmos somos Espíritos e
que não podemos entrar
em relação com o
universo espiritual
senão pelos sentidos do
espírito.
(Continua no próximo
número.)