E a Vida Continua...
André Luiz
(Parte
16)
Continuamos nesta edição
o
estudo da obra
E a Vida Continua,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1968 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. É possível
encontrarmos na vida o
chamado amor ideal?
Segundo o Instrutor
Ribas, todos nós nos
destinamos ao Amor
Eterno; contudo, para
alcançar o objetivo
supremo, cada pessoa
possui um caminho
próprio: “Para a maioria
das criaturas, o
encontro do amor ideal
assemelha-se, de algum
modo, à procura do ouro
nas minas ou de diamante
nas catas”. “É
indispensável peneirar o
cascalho ou mergulhar as
mãos no barro do mundo,
a fim de encontrá-lo.” O
que o Instrutor estava
querendo dizer é que
caminhamos na existência
pelas vias da afinidade,
de afeição em afeição,
até achar aquela afeição
inesquecível que se nos
levante na vida por
chama de amor eterno,
entendendo-se o conceito
de afeição sem a
estreiteza de sexo, uma
vez que a ligação
esponsalícia, embora
sublime, é apenas uma
das manifestações do
amor em si.
(E a Vida Continua, cap.
17, pp. 131 e 132.)
B. A união conjugal
interrompida pela morte
pode ser reatada no
mundo espiritual?
Sim. Quando os cônjuges
realmente se amam, a
união conjugal
interrompida pela morte
pode ser perfeitamente
reatada no plano
espiritual. E se isso
não acontece, aquele que
ama sinceramente
continua trabalhando, no
plano espiritual, pelo
outro que não lhe
corresponde ao
sentimento, aprimorando
a obra do amor em outros
aspectos, que não o da
afetividade
esponsalícia.
(Obra citada, cap. 17,
pp. 133 e 134.)
C. O Instrutor Ribas
conhecia algum
companheiro que não
conseguira consorciar-se
no plano espiritual?
Essa pergunta foi feita
por Evelina diretamente
ao Instrutor Ribas, que
assim respondeu: "Eu sou
um deles". E, em
seguida, acrescentou:
"Acontece que o amor
conjugal, quando se
exprime em bases do amor
puro, continua vibrando
no mesmo diapasão entre
dois mundos, sem que a
permuta de energias de
um cônjuge para outro
venha a sofrer solução
de continuidade. Minha
esposa e eu sempre fomos
profundamente unidos.
Bastávamo-nos na Terra
um ao outro, em matéria
de alimento afetivo.
Sobrevindo a minha
desencarnação, percebi
logo que ela e eu
continuávamos em plena
vinculação mútua, qual
se fôssemos partes
integrantes de um
circuito de forças. Na
dedicação espiritual
dela, colho meios de
continuar em meu
aprendizado do amor a
todos, ocorrendo-lhe o
mesmo".
(Obra citada, cap. 17,
pp. 135 e 136.)
Texto para leitura
61. Miniaturização
de Túlio - O
rapaz, ao ouvir o
conselho do Instrutor,
revidou ácido,
irreverente. Ele não
pedira, nem aceitava
conselhos. Hábil
psicólogo, Ribas
despediu-se e, à noite,
esteve com os amigos,
elogiando o trabalho de
Evelina. A empresa de
reeducação fora
efetuada com segurança.
Túlio, porém, não
reagira
construtivamente;
mostrava-se abúlico,
embutido nas fantasias
que estabelecera em
prejuízo próprio. Ribas,
então, lhes disse: "Não
vejo qualquer interesse
para Mancini na
permanência aqui.
Forçoso envidarmos
esforços para que
aceite, voluntariamente,
a miniaturização".
(1)
"Renascer?" – perguntou
Evelina, assustada –
Será preciso tanto?"
Ribas aclarou: "Nosso
amigo está mentalmente
enfermo, profundamente
enfermo, traumatizado,
angustiado, fixado... O
remédio será começar de
novo... Ainda assim,
terá dificuldades e
desajustes pela frente".
Ernesto e Evelina,
enfronhados agora nos
imperativos e provas da
reencarnação,
silenciaram de repente,
pensando, pensando... O
tempo, contudo, correu
e, dez meses sobre a
tarefa assistencial de
Evelina e Ernesto,
junto a Túlio, os dois
solicitaram entendimento
com o Instrutor Ribas,
em torno de problemas
que lhe escaldavam o
pensamento. Aspiravam a
rever os parentes no
plano físico. Não
suportavam as saudades
do lar terreno. Ribas
acolheu-os com a lhaneza
habitual e, após
registrar-lhes o pedido,
acentuou: "Creio que
vocês já estejam em
condições satisfatórias
para a execução do
empreendimento.
Dedicam-se pontualmente
ao trabalho, conhecem
agora o que seja
reencarnação,
autodisciplina,
burilamento próprio..."
Ato contínuo,
evidenciando grande
carinho por ambos,
indagou: "Algum motivo
particular, mais
intimamente particular
na petição?" Evelina
adiantou-se e disse,
acanhada: "Instrutor,
venho experimentando
desoladoramente a falta
de Caio..." E Ernesto,
aproveitando o ensejo,
acrescentou: "Esposos
que se amam, quando
distanciados um do
outro, fazem-se noivos
outra vez... Por que não
confessar que também eu
ando aflito por abraçar
minha velha?" (Cap. 16
e 17, pp. 128 a 131)
62. Em amor a
afinidade é o que conta
- Evelina, valendo-se da
ocasião, formulou a
Ribas uma consulta.
Explicou-lhe,
inicialmente, que havia
percebido, ao tratar de
Túlio Mancini, que este
não era o homem que
desejaria para
companheiro. No entanto,
para ajudá-lo e
tolerá-lo, sentia
necessidade de um
estímulo. Ela
compreendia que o amor a
Deus, como sugerido na
hora por Ribas, era o
grande estímulo, mas,
entre Deus e sua
obrigação junto a Túlio,
precisava de alguém que
lhe escorasse o
espírito, que se lhe
erigisse em apoio, em
busca da paz interior.
"Esta fome espiritual
que me faz pensar dia e
noite na reintegração
com Caio – indagou
Evelina – significará
que ele, meu esposo, é
realmente o meu amor
absoluto?" O Instrutor
sorriu e filosofou:
"Todos nos destinamos ao
Amor Eterno, no entanto,
para alcançar o objetivo
supremo, cada qual de
nós possui um caminho
próprio. Para a maioria
das criaturas, o
encontro do amor ideal
assemelha-se, de algum
modo, à procura do ouro
nas minas ou de diamante
nas catas. É
indispensável peneirar o
cascalho ou mergulhar as
mãos no barro do mundo,
a fim de encontrá-lo.
Sempre que amamos
profundamente a alguém,
transformamos esse
alguém no espelho de
nossos próprios
sonhos... Passamos a
ver-nos na pessoa que se
nos transforma em objeto
da afeição. Se essa
criatura efetivamente
nos reflete a alma, o
carinho mútuo cresce
cada vez mais,
assegurando-nos o clima
de encorajamento e
alegria para a viagem
nem sempre fácil da
evolução". E ajuntou:
"Nessa hipótese,
teremos obtido apoio
seguro para a subida do
acrisolamento moral...
Em caso contrário, a
pessoa a que
particularmente nos
devotamos acaba
devolvendo-nos os
próprios reflexos, à
maneira de um banco que
nos restituísse ou
estragasse os
investimentos por
desistência ou
incapacidade de zelar
por nossos interesses.
Então, surgem para nós
aquelas posições
espirituais que
nomeamos por mágoa,
desencanto, indiferença,
desilusão..." O
Instrutor estava
querendo dizer que
caminhamos na existência
pelas vias da afinidade,
de afeição em afeição,
até achar aquela afeição
inesquecível que se nos
levante na vida por
chama de amor eterno,
entendendo-se o conceito
de afeição sem a
estreiteza de sexo, vez
que a ligação
esponsalícia, embora
sublime, é apenas uma
das manifestações do
amor em si. Determinada
pessoa pode confirmar no
cônjuge a presença do
seu tipo ideal;
entretanto, talvez
prossiga, após o
casamento, mais
intimamente vinculada ao
coração materno ou ao
espírito paternal e, às
vezes, somente encontre
o laço de eleição num
dos filhos, porque, em
matéria de amor, a
afinidade é o que
conta... (Cap. 17, pp.
131 e 132)
63. A
união movida pelo amor
persiste no além-túmulo
- Na sequência, o
Instrutor aludiu às
uniões de suplício, aos
casamentos infelizes,
esclarecendo que
reencarnação é também
recapitulação. "Muitos
casais no mundo –
asseverou Ribas – se
constituem de espíritos
que se reencontram para
a consecução de afazeres
determinados. A
princípio, os
sentimentos se lhes
justapõem, no setor da
afinidade, como as
crenas de duas rodas que
se completam para fazer
funcionar o engenho do
matrimônio... Depois,
percebem que é imperioso
burilar outras peças
dessa máquina viva, a
fim de que ela produza
as bênçãos esperadas.
Isso exige compreensão,
respeito mútuo, trabalho
constante, espírito de
sacrifício." "Se uma das
partes ou ambas as
partes se confiam a
desentendimento, a obra
encetada ou reencetada
vem a cair..." O mentor
explicou que, em tais
casos, o cônjuge que
lesou o ajuste, ou
ambos, conforme as
raízes da desunião,
devem esperar pela
obtenção de novas
oportunidades no tempo,
para a reconstrução do
amor que dilapidaram.
Quando os cônjuges
realmente se amam, a
união conjugal
interrompida pela morte
pode ser reatada no
mundo espiritual. E se
isso não acontece,
aquele que ama
sinceramente continua
trabalhando, no plano
espiritual, pelo outro
que não lhe corresponde
ao sentimento,
aprimorando a obra do
amor em outros aspectos,
que não o da afetividade
esponsalícia. Ernesto
perguntou, então, se lhe
caberia o direito de
eleger nova companheira
na vida nova, caso sua
esposa não mais o
quisesse. "As leis
humanas, tanto no plano
terrestre quanto aqui –
respondeu Ribas –, são
princípios suscetíveis
de alteração e, na
essência, não afetam as
Leis Divinas. Na moradia
dos homens, não existe
obrigatoriedade para o
estado de viuvez.
Conservam-se órfãos de
companhia no lar aqueles
corações que o desejam.
Rompidos os compromissos
do casamento com a morte
do corpo, o homem ou a
mulher permanecem
sozinhos, quando possuem
motivos para isso.
Natural aconteça aqui o
mesmo. O homem ou a
mulher desencarnados
guardam insulamento ou
não, conforme os
propósitos íntimos que
alimentem,
entendendo-se, porém,
que em qualquer posição
dispomos de recursos
para honorificar o
trabalho da edificação
do amor puro que acabará
imperando, de maneira
definitiva, em nossas
relações uns com os
outros." (Cap. 17, pp.
133 e 134)
64. Reencarnação é
como período de escola
- Evelina, ávida de
maiores conhecimentos,
indagou se Ribas
conhecia companheiros
que não conseguiram
consorciar-se ali. "Eu
sou um deles",
respondeu-lhe o
Instrutor, que explicou:
"Acontece que o amor
conjugal, quando se
exprime em bases do amor
puro, continua vibrando
no mesmo diapasão entre
dois mundos, sem que a
permuta de energias de
um cônjuge para outro
venha a sofrer solução
de continuidade. Minha
esposa e eu sempre fomos
profundamente unidos.
Bastávamo-nos na Terra
um ao outro, em matéria
de alimento afetivo.
Sobrevindo a minha
desencarnação, percebi
logo que ela e eu
continuávamos em plena
vinculação mútua, qual
se fôssemos partes
integrantes de um
circuito de forças. Na
dedicação espiritual
dela, colho meios de
continuar em meu
aprendizado do amor a
todos, ocorrendo-lhe o
mesmo". Ribas
esclareceu que, à
medida que se lhes
desenvolve a noção de
responsabilidade, os
Espíritos compreendem a
reencarnação como
período de escola. "Cada
existência está
supervisionada por
deliberações superiores,
muitas vezes insondáveis
para nós", esclareceu o
mentor. Ato contínuo,
respondendo a Evelina,
acerca do estado em que
ela julgava encontrar-se
Caio, seu esposo,
asseverou: "Não temos
instrumentos para medir
a fidelidade daqueles
que amamos, e, ainda que
seu marido estivesse
agoniado, em tremendo
desajuste, por motivo
de sua ausência, não
saberíamos se a
desencarnação lhe traria
o remédio adequado".
Finda a conversa, os
dois amigos saíram com a
promessa do Instrutor de
que, em breves dias, ela
e Ernesto Fantini
poderiam viajar em
visita ao ninho
doméstico, notícia que
os deixou muito felizes
e esperançosos. (Cap.
17, pp. 135 e 136)
(Continua na próxima
semana.)
(1)
Segundo André Luiz,
miniaturização ou
restringimento, no Plano
Espiritual, significa
estágio preparatório
para nova reencarnação.