Na distinção entre alma
e Espírito, o discurso
teológico está sem
crédito
Alma e Espírito são
coisas diferentes? Os
teólogos do Cristianismo
tradicional não gostam
desse assunto.
“Ruah” (em hebraico) e
“pneuma” (em grego koiné,
popular) significam
sopro ou espírito. E
“nefesh” (em hebraico) e
“psiché” (em grego)
significam alma. Sopro
tem também a ideia de
espírito ou alma, porque
o espírito é que dá a
vida, o que lembra o
Gênesis 2: 7: Deus criou
o homem do pó da terra,
e soprou em suas narinas
um sopro de vida,
transformando-o num ser
vivente. E lembra também
Jesus (João 6: 63): A
carne para nada
aproveita, o que importa
é o espírito que dá a
vida.
Para os teólogos do
Cristianismo
tradicional, haveria uma
diferença entre “ruah” e
pneuma: espíritos, e
“nefesh” e “psiché”:
almas. Mas eles não o
explicam. É que eles têm
medo de se envolverem
com o Espiritismo, pois
o estudo dos Espíritos
leva inevitavelmente a
ele, principalmente
depois da esclarecedora
Codificação Espírita de
Kardec.
O latim registra
“spiritus” e “anima”
tanto para o espírito
como para a alma.
“Anima” vem do verbo
latino “animare”
(animar). E os
dicionários de outras
línguas trazem também
espírito e alma como
sinônimos, inclusive em
sânscrito: “atma”. E
elas têm também a ideia
de vapor e sopro,
símbolos do espírito que
deixa o corpo que morre.
E “psiché” é também
borboleta, que voa de
flor em flor,
simbolizando o espírito,
de corpo em corpo, nas
suas encarnações e
desencarnações.
Em parte, os teólogos
acertaram. Segundo eles,
o espírito é a Terceira
Pessoa da Trindade, o
Espírito Santo, que pela
Bíblia, não pelo dogma
trinitário, é uma
espécie de coletivo de
todos os espíritos
humanos. Diz Paulo que
nosso corpo é santuário
dum Espírito Santo. (1
Coríntios 6:19). E o
Espírito Emmanuel, que
tanta luz trouxe para
uma melhor compreensão
dos evangelhos, através
do famoso médium Chico
Xavier, ensina que o
Espírito Santo é uma
plêiade de Espíritos
iluminados, como os da
Codificação Espírita de
Kardec. E como todos
nós, um dia, vamos ser
também Espíritos
iluminados, angélicos,
de algum modo,
espiritamente falando,
em germe, ou em forma de
semente, ou em estado de
potencialidade, já
fazemos também parte do
Espírito Santo.
E os demônios (“daimones”)
que, pela Bíblia, são
também todos os
Espíritos humanos bons,
ou mais ou menos maus,
por consequência, são
igualmente o Espírito
Santo.
Como vimos, para os
teólogos cristãos
tradicionais, espírito e
alma são meio confusos.
Ou seria o medo de dizer
a verdade? Mas o
conceito geral de
espírito e alma,
inclusive dos
dicionários de outras
línguas, espírito e alma
são a mesma coisa.
E o Espiritismo, a
religião que mais estuda
Espíritos, ensina o que
recebeu e recebe dos
próprios Espíritos: A
alma é o Espírito
encarnado, e o Espírito
é a alma desencarnada,
ou seja, a mesma coisa.
O que os diferencia,
pois, são apenas seus
momentos diferentes de
quando encarnados e de
quando desencarnados!