Inversões humanas
Até mesmo muitos dos que
se dizem cristãos
costumam dar
interpretações inversas
e absurdas aos
ensinamentos de Jesus,
ocasionando males
diversos, que perturbam
a paz da sociedade e do
mundo.
A começar pela
reencarnação, que mostra
a bondade e a justiça de
Deus; quiseram os
ministros das religiões
dominantes, na sua
teimosia milenar, fazer
crer que a reencarnação
não existe, que o
Espírito não é imortal,
que após a morte ele
fica numa inércia sem
sentido à espera do
juízo final,
contrariando, inclusive,
a afirmação de
Lavoisier:
“Na Natureza, nada se
perde, tudo se
transforma.“
Jesus recomendou que
entrássemos pela porta
estreita, mas o homem
foge do caminho estreito
do dever e envereda-se
pela porta larga da
perdição e da
hipocrisia; o Mestre
recomendou que
ajuntássemos tesouros no
Céu, mas o homem tem
como meta a riqueza e a
ostentação dos bens e
dos tesouros da Terra.
Como observa Vinícius,
na obra Em torno do
Mestre (FEB), no
capítulo Inversões
fatais, Jesus disse:
“’Amai os vossos
inimigos, fazei o bem
aos que vos fizeram mal;
orai pelos que vos
perseguem e caluniam.
Não resistais ao mal;
dai a capa a quem vos
disputar a túnica.’
Os homens aborrecem seus
inimigos, retribuem o
mal com outro mal maior,
vingam-se das
perseguições, resistem
ao mal empregando a
violência, disputam e
demandam quando se
sentem prejudicados.
Parece mesmo que se
esmeram em contrariar
acintosamente os
conselhos que Jesus lhes
legou quanto àqueles
dispositivos.”
“’Não faças a outrem o
que não desejas que os
outros te façam.’
‘Faze aos outros o que
desejas que os outros te
façam.’
Como costumam proceder
os homens em relação aos
dois magistrais
preceitos acima
descritos?
É notório que agem em
sentido diametralmente
oposto: fazem aos outros
o que não querem que os
outros lhes façam; e
deixam de fazer aos
outros o que desejam que
os outros lhes façam.
Procedem, portanto, em
desacordo com a justiça
simbolizada no primeiro
preceito e em desacordo
com a misericórdia
estatuída no segundo.
Se procurarmos a causa
das dúvidas suscitadas
entre os indivíduos e as
nações, desde as mais
simples até as mais
graves, de uma ligeira
desinteligência até as
guerras sanguinolentas
que têm ensopado a Terra
de sangue e de lágrimas,
haveremos de encontrá-la
na desobediência àqueles
dois sábios
ensinamentos, os quais
os homens invertem
fazendo precisamente o
contrário do que eles
preconizam.”
Jesus demonstrou, no
Sermão Profético, sua
preocupação com a
incompreensão dos
homens, que ele sabia
que ia acontecer, ante
os ensinamentos que ele
trouxe. Por isso, ele
prometeu que rogaria ao
Pai que enviaria outro
Consolador, o Espírito
de Verdade, que nos
ensinaria todas as
coisas e nos faria
recordar tudo o que ele
(Jesus) nos tenha dito.
Diz ainda Vinícius, em
trechos do livro citado,
capítulo Inteireza do
Cristianismo:
“... Nos ensinos de
Jesus não há lugar para
doutrinas acomodatícias.
(...) Jesus jamais
ensinou fragmentos de
doutrina”.
No entanto....
“A meia crença divide a
Humanidade, gerando
intolerância, dissídios
e cismas”.
“A meia ciência incha,
enfuna e confunde,
originando o orgulho e
criando peias à livre
marcha da evolução”.
“A meia arte abastarda e
corrompe os ideais”.
Se os homens não
tivessem invertido as
coisas, então teríamos:
A crença integral,
unindo e congraçando
todos os corações,
fazendo da Humanidade
uma só família.
A ciência integral,
aclarando a razão,
aformoseando os
sentimentos.
A arte perfeita e
íntegra, elevando e
enobrecendo todos os
Espíritos.
Conclui Vinícius:
“Por tudo isso, Jesus
era inimigo das lacunas,
das falhas e das
mediocridades em matéria
doutrinária; tudo pelo
melhor, tudo no
superlativo. ‘Sede
perfeitos como vosso Pai
celestial é perfeito’ –
tal o seu programa
religioso, tal a divisa
inscrita no lábaro do
Cristianismo.”