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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 333 - 13 de Outubro de 2013

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
 



Inversões humanas


Até mesmo muitos dos que se dizem cristãos costumam dar interpretações inversas e absurdas aos ensinamentos de Jesus, ocasionando males diversos, que perturbam a paz da sociedade e do mundo.

A começar pela reencarnação, que mostra a bondade e a justiça de Deus; quiseram os ministros das religiões dominantes, na sua teimosia milenar, fazer crer que a reencarnação não existe, que o Espírito não é imortal, que após a morte ele fica numa inércia sem sentido à espera do juízo final, contrariando, inclusive, a afirmação de Lavoisier: “Na  Natureza, nada se perde, tudo se transforma.“

Jesus recomendou que entrássemos pela porta estreita, mas o homem foge do caminho estreito do dever e envereda-se pela porta larga da perdição e da hipocrisia; o Mestre recomendou que ajuntássemos tesouros no Céu, mas o homem tem como meta a riqueza e a ostentação dos bens e dos tesouros da Terra.

Como observa Vinícius, na obra Em torno do Mestre (FEB), no capítulo Inversões fatais, Jesus disse:

“’Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos fizeram mal; orai pelos que vos perseguem e caluniam. Não resistais ao mal; dai a capa a quem vos disputar a túnica.’

Os homens aborrecem seus inimigos, retribuem o mal com outro mal maior, vingam-se das perseguições, resistem ao mal empregando a violência, disputam e demandam quando se sentem prejudicados. Parece mesmo que se esmeram em contrariar acintosamente os conselhos que Jesus lhes legou quanto àqueles dispositivos.”

“’Não faças a outrem o que não desejas que os outros te façam.’

‘Faze aos outros o que desejas que os outros te façam.’

Como costumam proceder os homens em relação aos dois magistrais preceitos acima descritos?

É notório que agem em sentido diametralmente oposto: fazem aos outros o que não querem que os outros lhes façam; e deixam de fazer aos outros o que desejam que os outros lhes façam. Procedem, portanto, em desacordo com a justiça simbolizada no primeiro preceito e em desacordo com a misericórdia estatuída no segundo.

Se procurarmos a causa das dúvidas suscitadas entre os indivíduos e as nações, desde as mais simples até as mais graves, de uma ligeira desinteligência até as guerras sanguinolentas que têm ensopado a Terra de sangue e de lágrimas, haveremos de encontrá-la na desobediência àqueles dois sábios ensinamentos, os quais os homens invertem fazendo precisamente o contrário do que eles preconizam.”

Jesus demonstrou, no Sermão Profético, sua preocupação com a incompreensão dos homens, que ele sabia que ia acontecer, ante os ensinamentos que ele trouxe. Por isso, ele prometeu que rogaria ao Pai que enviaria outro Consolador, o Espírito de Verdade, que nos ensinaria todas as coisas e nos faria recordar tudo o que ele (Jesus) nos tenha dito.

Diz ainda Vinícius, em trechos do livro citado, capítulo Inteireza do Cristianismo:

“... Nos ensinos de Jesus não há lugar para doutrinas acomodatícias. (...) Jesus jamais ensinou fragmentos de doutrina”.

No entanto....

“A meia crença divide a Humanidade, gerando intolerância, dissídios e cismas”.

“A meia ciência incha, enfuna e  confunde, originando o orgulho e criando peias à livre marcha da evolução”.

“A meia arte abastarda e corrompe os ideais”.

Se os homens não tivessem invertido as coisas, então teríamos:

A crença integral, unindo e congraçando todos os corações, fazendo da Humanidade uma só família.

A ciência integral, aclarando a razão, aformoseando os sentimentos.      

A arte perfeita e íntegra, elevando e enobrecendo todos os Espíritos.

Conclui Vinícius:

“Por tudo isso, Jesus era inimigo das lacunas, das falhas e das mediocridades em matéria doutrinária; tudo pelo melhor, tudo no superlativo. ‘Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito’ – tal o seu programa religioso, tal a divisa inscrita no lábaro do Cristianismo.”



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita