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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 333 - 13 de Outubro de 2013

ANGÉLICA DOS SANTOS SIMONE
angelssimone@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)

 
 



Reflexões sobre a prática dos ensinamentos dos Espíritos


No passado, uma amiga me disse que para alcançarmos a compreensão é necessário vivenciarmos a ignorância. Não entendi de imediato, mas tal ensinamento permaneceu em mim.

Mesmo com todas as interpretações existentes acerca da vida e da espiritualidade, ainda sim é mais fácil nos prendermos do que nos libertarmos, ao reduzirmos tudo em dogmas. O Espiritismo não está fora desta condição.

Embora a espiritualidade tenha se prontificado em nos enviar o Consolador prometido, e o fez com a perfeição possível, reduzimos a sua prática às paredes dos "centros espíritas". Tornamos o Espiritismo religião, ideologia, dogma, não muito longe dos pensamentos viciados em hábitos herdados e não corrigidos.

Allan Kardec nos alertou acerca do comportamento esperado daquele que toma por caminho o Espiritismo. Entretanto, muito antes, o Mestre já afirmava vir para os doentes e não para os sãos. Não basta entendermos a pluralidade das existências. Os ensinamentos que guardam a Decodificação são muito mais profundos do que os "jargões" a que foram reduzidos.

O estudo acerca da realidade espiritual, sendo não mais do que a realidade da vida, organizado por Kardec, tem como objetivo permear a nossa vida em suas diversas manifestações, dentro das práticas normativas e sociais, afetivas e técnicas. Como um rio que escoa e toca os objetos em seu caminho.

O Espiritismo não é para denominar espíritas. Não é para formar comunidades, que continuam a reproduzir o mesmo modelo de tantas outras crenças. Devemos entender que ele estabelece a nossa libertação, sendo a sua base essencial os ensinamentos de Jesus. Mas essa liberdade traz a responsabilidade de nossas ações, de nossa existência, propondo o amadurecimento necessário se quisermos continuar a nos conhecermos.

Compreender tal ensinamento que se traduz por "Espiritismo" é possibilitar o diálogo e a convivência harmônica com outras formas de se interpretar a vida. Apreender é trazer para a vida cotidiana, prática, o sublime "Amai-vos uns aos outros". Jesus no-lo recomendou, mostrando que o conhecimento necessário para a evolução é passível de ser encerrado em uma frase.

O "Espiritismo" não propõe erguer bandeiras ou lutar em times. Ele não é uma etnia ou uma cultura. O ensinamentos compilados pelos Espíritos nos foram entregues para identificarmos o que é temporal e o que é verdadeiro, para construirmos uma sociedade real, onde todos possam se realizar em sua totalidade, onde sejamos aceitos e acolhidos e não repudiados, condenados e castigados uns pelos outros, tendo como base nossos juízos de valores e utilizando os ensinamentos erroneamente para fundamentar tais atitudes.

Depois de mais de um século da entrega deste símbolo da evolução planetária, ainda somos violentos por não estarmos atentos ao caminho indicado por Jesus. Os ensinamentos dos Espíritos interpretam a Carta da Terra compilada pelo Mestre e esta carta é entre nós para nos libertarmos de nós mesmos.

A descoberta racional da pluralidade das existências e da vida espiritual não pode ser interpretada de maneira a nos colocarmos como dados da Providência. O processo é permanente, mas o universo se movimenta de acordo com nossa disposição a nos mantermos em movimento.

Não tomemos a verdade pela repetição dos fenômenos. As irregularidades são a amostra da dinâmica da mente divina. Qualquer símbolo linguístico conhecido ainda é limitado para elucidar com fidelidade as infinitas variáveis da criação. Tenhamos cautela ao finalizarmos condutas e pensamentos.

Aprendo que pelo egoísmo eu alcanço a caridade, pelo orgulho eu alcanço a humildade, pela preocupação eu alcanço a confiança, pela inércia o movimento, pela ingenuidade a sabedoria. Estamos na introdução desse processo que tem por início o sempre e por futuro a eternidade!



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita