ANGÉLICA
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Londrina, Paraná
(Brasil) |
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No Invisível
Léon Denis
(Parte 8)
Continuamos
o estudo
metódico e sequencial do
clássico "No Invisível",
de Léon Denis, cujo
título no original
francês é
Dans l'Invisible.
Questões preliminares
A. Qual é, segundo Léon
Denis, o papel da alta
mediunidade?
Não há mais nobre, mais
elevado cargo que ser
chamado a propagar, sob
a inspiração das
potências invisíveis, a
verdade pelo mundo, a
fazer ouvir aos homens o
atenuado eco dos divinos
convites, incitando-os à
luz e à perfeição. Tal é
o papel da alta
mediunidade. Para isso é
importante que haja
responsabilidade, porque
muitos médiuns procuram,
no exercício de suas
faculdades, satisfações
de amor-próprio ou de
interesse. Descuram de
fazer intervir em sua
obra esse sentimento
grave, refletido, quase
religioso, que é uma das
condições de êxito.
Esquecem muitas vezes
que a mediunidade é um
dos meios de ação pelos
quais se executa o plano
divino, e que ele não
tem o direito de
utilizá-la ao sabor de
sua fantasia.
(No Invisível - O
Espiritismo
experimental:
V - Educação e função
dos médiuns.)
B. A mediunidade é um
fenômeno peculiar aos
nossos tempos?
Não. A mediunidade é de
todos os séculos e de
todos os países. Desde
as idades mais remotas
existiram relações entre
a Humanidade terrestre e
o mundo dos Espíritos.
Se interrogarmos os
Vedas da Índia, os
templos do Egito, os
mistérios da Grécia, os
recintos de pedra da
Gália, os livros
sagrados de todos os
povos, por toda parte,
nos documentos escritos,
nos monumentos e
tradições, encontraremos
a afirmação de um fato
que tem permanecido
através das vicissitudes
dos tempos. Esse fato é
a crença universal nas
manifestações das almas
libertas de seus corpos
terrestres.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
VI – Comunhão dos vivos
e dos mortos.)
C. É certo afirmar que o
Cristianismo também se
baseia nas manifestações
de além-túmulo?
Sim. Também ele se
baseia nas manifestações
de além-túmulo. O Cristo
atravessou a existência
rodeado de uma multidão
invisível, cuja presença
se revelava em todos os
seus atos. Ele mesmo
apareceu, depois da
morte, aos discípulos
consternados, e sua
presença lhes fortaleceu
o ânimo. Durante dois
séculos, comunicaram
abertamente os primeiros
cristãos com os
Espíritos, deles
recebendo instruções.
Inquieta, porém, com as
ingerências ocultas,
muitas vezes em oposição
com seus intuitos, a
Igreja logo procurou
impedi-las, interditando
aos fiéis todas as
relações com os
Espíritos e
reservando-se o direito
exclusivo de provocar e
interpretar os
fenômenos.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
VI – Comunhão dos vivos
e dos mortos.)
Texto para leitura
220. Uma organização
prática do Espiritismo
comportará, no futuro, a
criação de asilos
especiais, onde os
médiuns encontrarão
reunidas, com os meios
materiais de existência,
as satisfações do
coração e do espírito,
as inspirações da Arte e
da Natureza, tudo o que
às suas faculdades pode
imprimir um caráter de
pureza e elevação,
fazendo em torno deles
reinar uma atmosfera de
paz e confiança.
221. Em tais meios,
poderiam os estudos
experimentais produzir
muito melhores
resultados que os que
até agora se têm muitas
vezes obtido em
condições defeituosas. A
intrusão dos Espíritos
levianos, as tendências
à fraude, os pensamentos
egoísticos e os
malévolos sentimentos se
atenuariam pouco a pouco
e terminariam por
desaparecer. A
mediunidade se tornaria
mais regular, mais
segura em suas
aplicações. Não mais se
havia de, com tanta
frequência, observar
esse mal-estar que
experimenta o sensitivo,
nem ocorreriam esses
períodos de suspensão
das faculdades
psíquicas, culminando
mesmo em seu completo
desaparecimento em
seguida ao mau uso delas
feito.
222. Os espiritualistas
de além-mar cogitam de
fundar, em muitos dos
grandes centros
americanos, “homes” ou
edifícios dotados de
certo número de salas
apropriadas aos
diferentes gêneros de
manifestações e munidas
de aparelhos de
experimentação e
fiscalização. Cada sala,
vindo, com o uso, a
impregnar-se do
magnetismo particular
que convém a tais
experiências, seria
destinada a uma ordem
especial de fenômenos:
materializações,
incorporações, escrita,
tiptologia, etc. Um
órgão, colocado no
centro do edifício,
propagaria a todas as
suas partes, nas horas
de sessão, enérgicas
vibrações, a fim de
estabelecer nos fluidos
circulantes e no
pensamento dos
assistentes a unidade e
harmonia tão
necessárias. A música
exerce, com efeito, uma
soberana influência nas
manifestações,
facilitando-as e
tornando-as mais
intensas, como inúmeros
experimentadores o têm
reconhecido.
223. Merecem inteira
aprovação esses projetos
e devemos fazer votos
pela sua realização em
todos os países, porque
viriam, por sua
natureza, uma vez
realizados, a dar
vigoroso impulso aos
estudos psíquicos e
facilitar em larga
escala essa comunhão dos
vivos e dos mortos,
mediante a qual se
afirmam tantas verdades
de valor incalculável,
capazes de, em sua
propagação pelo mundo,
renovar a Fé e a
Ciência.
224. O importante para o
médium, dissemos mais
acima, é assegurar-se
uma proteção eficaz. O
auxílio do Alto é sempre
proporcionado para o fim
a que nos propomos, aos
esforços que empregamos
para o merecer. Somos
auxiliados, amparados,
conforme a importância
das missões que nos
incumbem, tendo-se em
vista o interesse geral.
Essas missões são
acompanhadas de provas,
de dificuldades
inevitáveis, mas sempre
reguladas conforme as
nossas forças e
aptidões.
225. Desempenhadas com
dedicação, com
abnegação, as nossas
tarefas nos elevam na
hierarquia das almas.
Negligenciadas,
esquecidas, não
realizadas, nos fazem
retrotrair a escala de
progresso. Todas
acarretam
responsabilidades. Desde
o pai de família que
incute em seus filhinhos
as noções elementares do
bem, o preceptor da
mocidade, o escritor
moralista, até o orador
que procura arrebatar as
multidões às
culminâncias do
pensamento, cada um tem
sua missão a preencher.
226. Não há mais nobre,
mais elevado cargo que
ser chamado a propagar,
sob a inspiração das
potências invisíveis, a
verdade pelo mundo, a
fazer ouvir aos homens o
atenuado eco dos divinos
convites, incitando-os à
luz e à perfeição. Tal é
o papel da alta
mediunidade.
227. Falamos de
responsabilidade. É
necessário insistir
sobre esse ponto. Muitos
médiuns procuram, no
exercício de suas
faculdades, satisfações
de amor-próprio ou de
interesse. Descuram de
fazer intervir em sua
obra esse sentimento
grave, refletido, quase
religioso, que é uma das
condições de êxito.
Esquecem muitas vezes
que a mediunidade é um
dos meios de ação pelos
quais se executa o plano
divino, e que ele não
tem o direito de
utilizá-la ao sabor de
sua fantasia.
228. Enquanto se não
tiverem compenetrado os
médiuns da importância
de sua função e da
extensão de seus
deveres, haverá no
exercício de suas
faculdades uma fonte de
abusos e de males. Os
dons psíquicos,
desviados de seu
eminente objetivo,
utilizados para fins de
interesses medíocres,
pessoais e fúteis,
revertem contra os seus
possuidores,
atraindo-lhes, em lugar
dos gênios tutelares, as
potências malfazejas do
Além.
229. Fora das condições
de elevação de
pensamento, de
moralidade e
desinteresse, pode a
mediunidade
constituir-se um perigo;
ao passo que tendo por
fim firme propósito no
bem, por suas aspirações
ao ideal divino, o
médium se impregna de
fluidos purificados; uma
atmosfera protetora se
forma em torno dele, o
envolve, o preserva dos
erros e das ciladas do
invisível.
230. E se, por sua fé e
comprovado zelo, pela
pureza da alma em que
nenhum cálculo
interesseiro se insinue,
obtém ele a assistência
de um desses Espíritos
de luz, depositários dos
segredos do Espaço, que
pairam acima de nós e
projetam sobre a nossa
fraqueza as suas
irradiações; se esse
Espírito se constitui
seu protetor, seu guia,
seu amigo, graças a ele
sentirá o médium uma
força desconhecida
penetrar-lhe todo o ser,
uma chama lhe iluminar a
fronte. Todos quantos
tomarem parte em seus
trabalhos e colherem os
seus resultados sentirão
reanimar-se-lhes o
coração e a inteligência
às fulgurações dessa
alma superior; um sopro
de vida lhes
transportará o
pensamento às regiões
sublimes do Infinito.
231. VI – Comunhão
dos vivos e dos mortos
- Certas pessoas
consideram, sem razão, a
mediunidade um fenômeno
peculiar aos nossos
tempos. A mediunidade,
realmente, é de todos os
séculos e de todos os
países. Desde as idades
mais remotas existiram
relações entre a
Humanidade terrestre e o
mundo dos Espíritos.
232. Se interrogarmos os
Vedas da Índia, os
templos do Egito, os
mistérios da Grécia, os
recintos de pedra da
Gália, os livros
sagrados de todos os
povos, por toda parte,
nos documentos escritos,
nos monumentos e
tradições, encontraremos
a afirmação de um fato
que tem permanecido
através das vicissitudes
dos tempos; e esse fato
é a crença universal nas
manifestações das almas
libertas de seus corpos
terrestres. Veremos
essas manifestações
associadas de um modo
íntimo e constante à
evolução das raças
humanas, a tal ponto que
são inseparáveis da
história da Humanidade.
233. É, no começo, o
culto dos antepassados,
a homenagem prestada aos
manes dos heróis e aos
lares gênios tutelares
da família. Erigem-lhes
altares; dirigem-lhes
invocações; depois o
culto se estende a todas
as almas amadas; ao
esposo, ao filho, ao
amigo falecido. Segundo
Lucano, as sombras dos
mortos se misturam com
os vivos; deslizam pelas
ruas e se introduzem nas
habitações; aparecem,
falam, na vigília como
no sonho, e revelam o
futuro. A telepatia, a
premonição, a
psicografia, as
materializações de
fantasmas são abundantes
por toda parte e sempre.
234. Em Delfos, em
Elêusis, o Espírito
inspira a pítia convulsa
e lhe dita seus
oráculos. Nas praias da
Jônia, sob a brancura
dos mármores, ao
murmúrio das vagas
azuis, Pitágoras ensina
aos iniciados os divinos
mistérios e, pelos
lábios de Teocleia
adormecida, conversa com
os gênios invisíveis. Em
Êndor, a sombra de
Samuel responde às
invocações de Saul. Um
gênio previne a César,
na véspera de sua morte,
que não vá ao Senado, e
mais tarde, quando
Domiciano cai sob o
ferro dos conjurados, da
extremidade da Europa,
Apolônio de Tiana
assiste, em visão, a
esse drama sangrento.
235. Nos círculos de
pedra da Gália, sob a
fronde sombria dos
carvalhos ou nas linhas
sagradas em torno das
quais ruge espumante o
oceano, e até nos
templos da América
Central, a comunhão das
almas se efetua. Por
toda parte a vida
interroga a morte e esta
responde.
236. Sem dúvida, os
abusos, as superstições
pueris, os sacrifícios
supérfluos se misturam
com o culto dos
invisíveis; mas nesse
íntimo comércio haurem
os homens novas forças.
Sabem que podem contar
com a presença e o
amparo dos que amavam e
esta certeza os torna
mais firmes em suas
provações. Aprendem a
não mais temer a morte.
Os laços de família se
fortalecem com isso,
intimamente. Na China,
como na Índia, como no
território céltico,
havia reuniões em dia
fixo, na “câmara dos
antepassados”. São
numerosos então os
médiuns; ardente é sua
fé, poderosas e variadas
são as suas faculdades e
os fenômenos obtidos
ultrapassam em
intensidade tudo o que
observamos em nossos
dias.
237. Em Roma eram
instituídas cerimônias
públicas em honra dos
mortos. A multidão se
aglomerava à entrada das
criptas. As sibilas
praticavam as
encantações, e dos
lugares obscuros, dizem
os escritores da época,
tal como atualmente dos
gabinetes de
materialização, via-se
emergirem sombras e se
apresentarem em plena
luz. Às vezes mesmo os
camaradas, os amigos de
outrora retomavam por
momentos seu lugar à
mesa e no lar comuns.
238. Nos mistérios
órficos, dizem Porfiro e
Próluz, as almas dos
defuntos apareciam sob a
forma humana e
conversavam com os
assistentes.
Ensinavam-lhes a
sucessão das existências
e a ascensão final do
Espírito à luz divina,
mediante vidas puras e
laboriosas. Essas
práticas comunicavam aos
iniciados uma fé
profunda no futuro,
incutiam-lhes uma força
moral, uma serenidade
incomparáveis;
transportavam seus
pensamentos às regiões
sublimes em que tanto se
comprouve o gênio grego.
239. Eis que chega,
porém, a época de
decadência e aí temos a
depressão dos estudos,
as intrigas sacerdotais,
as rivalidades dos
potentados e,
finalmente, as grandes
invasões, a ruína e a
morte dos deuses. Um
vento de barbaria sopra
sobre os mistérios
sagrados. Os Espíritos,
os gênios tutelares
desertaram. A divina
Psique, banida dos
altares, remontou às
celestes regiões. Uma a
uma, se vão extinguindo
as luzes do templo. A
grande noite, uma noite
de dez séculos, se
estende sobre o
pensamento humano.
240. Surge, entretanto,
o Cristianismo. Também
ele se baseia nas
manifestações de
além-túmulo. O Cristo
atravessa a existência,
rodeado de uma multidão
invisível, cuja presença
se revela em todos os
seus atos. Ele mesmo
aparecerá, depois da
morte, aos discípulos
consternados, e sua
presença lhes
fortalecerá o ânimo.
Durante dois séculos,
comunicaram abertamente
os primeiros cristãos
com os Espíritos, deles
recebendo instruções.
Cedo, porém, a Igreja,
inquieta com as
ingerências ocultas,
muitas vezes em oposição
com seus intuitos,
procurará impedi-las.
Interditará aos fiéis
todas as relações com os
Espíritos, reservando-se
direito exclusivo de
provocar e interpretar
os fenômenos.
241. A religião do
Cristo é, todavia,
portadora de uma noção
inteiramente nova: a
utilidade da dor,
benéfica e purificadora
divindade, cuja ação não
foi pelo mundo pagão
compreendida em toda a
sua amplitude. Graças a
essa noção, a alma
lutará mais
vantajosamente contra a
matéria e suplantará a
sensualidade.
242. É de toda a vida
essa luta, cujo objetivo
é o triunfo alcançado
pelo espírito sobre o
corpo e a posse da
virtude. Alguns clérigos
ou leigos chegarão a
adquirir o poder da fé
que domina os sentidos e
transporta a alma para
além das regiões
terrestres, às esferas
em que se dilata e
exalta o pensamento.
243. É esse ainda um
meio de penetração no
invisível. A alma,
desprendida das coisas
humanas, na contemplação
e no êxtase, comunica-se
com as potências
superiores e lhes
atribui as formas
angélicas ou divinas,
familiares à sua própria
crença. Nesses fenômenos
– simples lei da
Natureza – verá milagres
a Igreja e deles se
apropriará. As outras
manifestações dos mortos
serão consideradas
diabólicas e conduzirão
os videntes ao suplício.
Sob a cinza das
fogueiras se há de
procurar extinguir a
ideia renascente. Mas “o
espírito sopra onde
quer”. Fora da Igreja,
entre os heréticos,
prosseguem as
manifestações. Com Joana
d'Arc vêm revestir um
caráter de grandeza tal
que, diante delas, a
crítica mais virulenta
hesita, depõe as armas e
emudece.
244. Mudaram-se os
tempos. No passado, a
comunhão das almas foi,
sobretudo, o privilégio
dos santuários, a
preocupação de alguns
limitados grupos de
iniciados. Fora desses
esclarecidos círculos –
asilos da sabedoria
antiga – as
manifestações de
além-túmulo eram muitas
vezes consideradas
sobrenaturais e
associadas a práticas
supersticiosas que lhes
deturpavam o sentido. O
homem, ignorante das
leis da Natureza e da
vida, não podia
apreender o ensino que
sob os fenômenos se
ocultava.
245. Para preparar o
atual movimento das
ideias e a compreensão
desses fatos, foram
necessários o imenso
trabalho dos séculos e
as descobertas da
Ciência. Esta realizou a
sua tarefa. Posto que
bem incompleta, ainda,
pelo menos explorou o
domínio material, desde
as camadas profundas do
solo aos abismos do
espaço. Descreveu a
história da Terra, sua
gênese e evolução;
enumerou os mundos que
gravitavam no céu e lhes
calculou o peso, as
dimensões, a órbita.
Ficou o homem conhecendo
o mesquinho lugar que
ocupa no Universo: se
aprendeu a conhecer a
grandeza de sua
inteligência, pôde, em
contraposição, medir a
debilidade de seus
sentidos.
246. A vida se patenteou
por toda parte, no
domínio dos seres
microscópicos como na
superfície dos globos
que rolam na imensidade.
O estudo do mundo
invisível vem completar
essa ascensão da
Ciência; rasga ao
pensamento novos
horizontes, perspectivas
infinitas. De ora em
diante o conhecimento da
alma e de seus destinos
não será mais o
privilégio dos iniciados
e dos doutos. A
Humanidade toda é
chamada a participar dos
benefícios espirituais
que constituem seu
patrimônio. Assim como o
Sol se levanta visível
para todos, a luz do
Além deve irradiar sobre
todas as inteligências,
reanimando todos os
corações.
247. VII – O
Espiritismo e a mulher
– Encontram-se, em ambos
os sexos, excelentes
médiuns; é à mulher,
entretanto, que parecem
outorgadas as mais belas
faculdades psíquicas.
Daí o eminente papel que
lhe está reservado na
difusão do novo
Espiritualismo.
248. Mau grado às
imperfeições inerentes a
toda criatura humana,
não pode a mulher, para
quem a estuda
imparcialmente, deixar
de ser objeto de
surpresa e algumas vezes
de admiração. Não é
unicamente em seus
traços pessoais que se
realizam, em a Natureza
e na Arte, os tipos da
beleza, da piedade e
caridade; no que se
refere aos poderes
íntimos, à intuição e
adivinhação, sempre foi
ela superior ao homem.
249. Entre as filhas de
Eva é que obteve a
antiguidade as suas
célebres videntes e
sibilas. Esses
maravilhosos poderes,
esses dons do Alto, a
Igreja entendeu, na
Idade Média, aviltar e
suprimir, mediante os
processos instaurados
por feitiçaria. Hoje
encontram eles sua
aplicação, porque é
sobretudo por intermédio
da mulher que se afirma
a comunhão com a vida
invisível.
250. Mais uma vez se
revela à mulher em sua
sublime função de
mediadora, que o é em
toda a Natureza. Dela
provém a vida; é ela a
própria fonte desta, a
regeneradora da raça
humana, que não subsiste
e se renova senão por
seu amor e seus ternos
cuidados. E essa função
preponderante que
desempenha no domínio da
vida, ainda a vem
preencher no domínio da
morte. Mas nós sabemos
que a morte e a vida são
uma, ou antes, são as
duas formas alternadas,
os dois aspectos
contínuos da existência.
251. Mediadora também é
a mulher no domínio das
crenças. Sempre serviu
de intermediária entre a
nova fé que surge e a fé
antiga que definha e vai
desaparecendo. Foi o seu
papel no passado, nos
primeiros tempos do
Cristianismo, e ainda o
é na época presente.
252. O Catolicismo não
compreendeu a mulher, a
quem tanto devia. Seus
monges e padres, vivendo
no celibato, longe da
família, não poderiam
apreciar o poder e o
encanto desse delicado
ser, em quem enxergavam,
antes, um perigo.
253. A antiguidade pagã
teve sobre nós a
superioridade de
conhecer e cultivar a
alma feminina. Suas
faculdades se expandiam
livremente nos
mistérios. Sacerdotisa
nos tempos védicos, ao
altar doméstico,
intimamente associada,
no Egito, na Grécia, na
Gália, às cerimônias do
culto, por toda a parte
era a mulher objeto de
uma iniciação, de um
ensino especial, que
dela faziam um ser quase
divino, a fada
protetora, o gênio do
lar, a custódia das
fontes da vida.
(Continua no próximo
número.)