Introdução à pesquisa
para
o jovem espírita
Existem diversas
programações para atrair
e despertar nos jovens
seu interesse para
frequentarem a casa
espírita. A mim parece,
no entanto, que o
sucesso dessa
programação não está
trazendo os resultados
que a Doutrina merece. É
muito fácil encontrarmos
na sociedade, em geral,
os diversos “programas”
para onde está indo o
interesse dos nossos
jovens. A trajetória do
adolescente de hoje está
se tornando uma jornada
de oportunidades
extremamente variada e
perigosa. Há tanta coisa
escrita sobre o tema que
não precisamos nos
alongar sobre ele.
Discorrendo sobre nosso
propósito inicial,
queremos destacar a
oportunidade de
utilizarmos a energia que
a juventude fornece para
propormos um projeto de
estudo científico da
Doutrina Espírita
centrado na pesquisa
empírica.
Em primeiro lugar,
sugerimos a criação do
Departamento de pesquisa
dentro do centro
espírita interessado. O
papel do Departamento
será discutir as linhas
de pesquisa e induzir a
formação de grupos
de estudos. Cada
grupo será orientado por
um adulto com
experiência no tema a
ser pesquisado. Está
aqui a questão
primordial que promoverá
o sucesso na aglutinação
dos jovens em torno do
projeto. Tudo depende da
criatividade na escolha
do tema a ser estudado e
da metodologia a ser
empregada. A maioria das
casas espíritas já conta
com profissionais com
competência para essas
sugestões. Temos gente
nas áreas médicas,
psicológica, sociológica
e educacional que podem
introduzir seus
projetos.
Ninguém melhor que o
próprio Allan Kardec
para nos servir de
exemplo quando nos
revela um apuradíssimo
espírito de pesquisa ao
questionar e
experimentar toda
revelação que lhe foi
transmitida pela
espiritualidade. Como a
Ciência humana está em
constante progresso e
são justamente os jovens
que tomam o primeiro
contato com esses
avanços nos seus cursos
acadêmicos, não há por
que eles não se
empenharem no estudo do
paradigma científico que
a Doutrina fornece.
Uma vez criados os
“grupos de estudos”,
cada um deverá elaborar
seu protocolo de
investigação. Aqui,
permanecem válidos, como
em qualquer pesquisa, os
critérios éticos e a
aprovação do projeto
pelos dirigentes da
casa. Para que não haja
improvisação e
amadorismo nos projetos,
deve-se promover
discussão e troca de
experiência com
profissionais acadêmicos
que queiram colaborar
com sugestões.
Alguns temas são
relativamente fáceis de
se pesquisar. Allan
Kardec, bem antes de
Sigismund Freud, nos
chamou a atenção para a
importância do estudo
dos sonhos,
ocasião em que nossa
alma entra em contato
com nossos entes
queridos e deles recebem
orientação e sugestões
que frequentemente
renovam nossos
procedimentos. Com um
protocolo baseado em
entrevistas o jovem
pesquisador poderá
constatar a frequência
com que este fenômeno é
percebido em nossas
vidas.
Outro tema estudado por
Allan Kardec se refere
às alucinações.
Com o avanço da
neuropsiquiatria de
hoje, podemos rever os
mecanismos que Kardec
propôs para a produção
de alucinações – ele
sugeriu que algumas
alucinações procedem da
visão que o perispírito
registra no cérebro
físico – seriam
alucinações de causas
orgânicas, como as que
conhecemos hoje. Podemos
comparar o que nos
revelam os médiuns
audientes e videntes,
com o conteúdo das
alucinações que “ouvem”
e “veem” os
esquizofrênicos, os
dementes e os
alcoolistas.
Com o título de “noção
de uma presença”, a
literatura
neuropsiquiátrica tem
tornado cada vez mais
frequente o relato da
percepção, por
determinados doentes, da
“presença de entidades”
juntos de si, que os
protegem ou acompanham
no decorrer de seus
padecimentos. Qual seria
a frequência desse
fenômeno entre nossos
médiuns e mesmo entre
nossos frequentadores na
casa espírita?
O espírita sabe da
importância da
família e
o significado do
envolvimento espiritual
que reúne todos os seus
membros. Qual, na
verdade tem sido o
comportamento da família
no meio
espírita? Quantos dentro
do mesmo lar estão
comprometidos com a
Doutrina? O culto do
evangelho no lar tem
sido praticado com que
frequência em nosso
ambiente familiar? São
questões sociológicas de
suma importância.
A mediunidade se
expressa dentro de uma
constelação de fenômenos
muito variada. Allan
Kardec nos apresentou
uma classificação tanto
do fenômeno mediúnico,
como dos diversos tipos
de médiuns. De que modo
estão representados
entre nós esses dois
aspectos – o tipo de
fenômeno e a
classificação dos nossos
médiuns?
Allan Kardec deixou
claro, também, que a
mediunidade é um
fenômeno, de certo modo,
orgânico e que se
processa através do
cérebro do médium. Seria
interessante
considerarmos a
mediunidade num grupo de
gêmeos univitelinos cujo
cérebro se pressupõe
serem iguais ou muito
semelhantes.
Com essas sugestões não
pretendemos produzir
Ciência dentro do centro
espírita. É apenas um
processo pedagógico que
pode atrair o jovem
espírita para dentro das
nossas casas e conduzir
uma forma de estudo mais
atraente.