Um amigo de nossa revista
radicado na cidade de
Mirassol-SP escreveu-nos a
seguinte mensagem:
“Solicito a fineza de me
responder a respeito da
prece Pai Nosso, na qual os
quatro evangelistas
registraram no final a
frase: ... e não nos
induza ao mal..., dita
por Jesus. Pergunto se há
alguma explicação de algum
Espírito elevado a respeito,
visto que o trecho ‘induza
ao mal’ deixa-nos a dúvida
de que o Pai nos induziria
ao mal”.
A Oração Dominical, também
conhecida como a prece de
Pai Nosso, foi registrada
pelos evangelistas Mateus e
Lucas. Marcos e João nada
escreveram a respeito.
Eis o que o evangelista
Mateus anotou em
6:9-13:
“Portanto, orai vós deste
modo: Pai nosso que estás
nos céus, santificado seja o
teu nome; venha o teu reino,
seja feita a tua vontade,
assim na terra como no céu;
o pão nosso de cada dia nos
dá hoje; e perdoa-nos as
nossas dívidas, assim como
nós também temos perdoado
aos nossos devedores; e
não nos deixes entrar em
tentação; mas livra-nos
do mal.”
(João Ferreira de Almeida)
Ou, conforme uma conhecida
versão católica:
“Eis como deveis rezar: Pai
nosso, que estais no céu,
santificado seja o vosso
nome;
venha a nós o vosso Reino;
seja feita a vossa vontade,
assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos
dai hoje; perdoai-nos as
nossas ofensas, assim como
nós perdoamos aos que nos
ofenderam; e não nos
deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.”
(Antonio Pereira de
Figueiredo) (Grifamos.)
As duas versões estão
disponíveis no site Bíblia
Online, na página
http://www.bibliaonline.com.br/aa+vc/mt/6
Em Lucas, 11:2-4,
encontramos:
“E ele lhes disse: Quando
orardes, dizei: Pai nosso,
que estás nos céus,
santificado seja o teu nome;
venha o teu reino; seja
feita a tua vontade, assim
na terra, como no céu.
Dá-nos cada dia o nosso pão
cotidiano; E perdoa-nos os
nossos pecados, pois também
nós perdoamos a qualquer que
nos deve, e não nos
conduzas à tentação, mas
livra-nos do mal.” (João
Ferreira de Almeida)
Ou, de acordo com uma das
versões católicas:
”Disse-lhes
ele, então: Quando orardes,
dizei: Pai, santificado seja
o vosso nome; venha o vosso
Reino; dai-nos hoje o pão
necessário ao nosso
sustento; perdoai-nos os
nossos pecados, pois também
nós perdoamos àqueles que
nos ofenderam; e não nos
deixeis cair em tentação.”
(Antonio Pereira de
Figueiredo) (Grifamos.)
As versões reproduzidas
estão disponíveis no site
Bíblia Online, na página
http://www.bibliaonline.com.br/acf+vc/lc/11
*
Compulsando oito diferentes
traduções do Novo
Testamento, em cinco
delas a frase que compõe o
versículo 13 do cap. 6 de
Mateus apresenta a forma
mais conhecida e conforme ao
que imaginamos seja o
correto: “não nos deixes
cair em tentação”.
Veja o leitor:
1.) “E
não nos deixes entrar em
tentação; mas livra-nos do
mal.” (João Ferreira de
Almeida; edição revisada,
Imprensa Bíblica.)
2.) “E não nos deixeis cair
em tentação, mas livrai-nos
do mal.” (Antonio Pereira de
Figueiredo;
A Bíblia Sagrada – Volume
IV.)
3.) “E não nos deixes cair
na tentação, mas livra-nos
do Maligno.” (Bíblia
Mensagem de Deus; LEB –
Edições Loyola.)
4.) “E
não nos deixes cair em
tentação, mas livra-nos do
mal.” (Sociedade
Bíblica Britânica.)
5.) “E
não nos deixes cair em
tentação, mas livra-nos do
mal, porque teu é o Reino, o
poder e a glória para
sempre.” (Nova
Versão Internacional.)
Em três traduções, no
entanto, o versículo
apresenta a forma mencionada
pelo leitor de Mirassol:
I.) “E não nos induzas à
tentação; mas livra-nos do
mal; porque teu é o reino, e
o poder, e a glória, para
sempre. Amém.” (O Novo
Testamento; publicado pelos
Gideões Internacionais.)
II.) “E não nos submetas à
tentação, mas livra-nos do
Maligno.” (Bíblia de
Jerusalém; Paulus.)
III.) “E não nos induzas em
tentação, mas liberta-nos do
mal.” (Carlos Torres
Pastorino; Sabedoria do
Evangelho, 2º volume.)
É oportuno, porém, lembrar
ao leitor como os autores da
Bíblia de Jerusalém comentam
o versículo mencionado.
Dizem eles em nota de rodapé
constante da pág. 1713:
A tradução proposta é
equívoca. Deus nos submete à
prova, mas não tenta ninguém
(Tiago 1:12; 1ª Corínt.
10:13). O sentido permissivo
do verbo aramaico, utilizado
por Jesus, “deixar entrar” e
não “fazer entrar”, não foi
traduzido pelo grego e pela
Vulgata. Desde os primeiros
séculos, muitos mss latinos
substituem Ne nos inducas
por Ne nos patiaris
induci. Pedimos a Deus
que nos livre do tentador e
suplicamos a ele a fim de
não entrar em tentação (cf.
Mateus 26:41), isto é, a
apostasia.
Em comentário feito
relativamente ao mesmo
versículo, Carlos Torres
Pastorino assim se
manifestou:
6.ª PETIÇÃO
- "Não nos induzas em
tentação". O conjuntivo
aoristo, eisenégkêis
(de eisph érô), tem o
sentido de "conduzir para
dentro" ou "induzir”; e
peirasmós é a prova, o
exame, a experimentação.
Pedido de socorro que
fazemos, para que não
sejamos colocados em
situações perigosas que nos
experimentem as forças, pois
tememos sucumbir, já que
conhecemos nossas fraquezas.
Suplicamos, então, à
misericórdia do Pai, que nos
poupe as experimentações,
que talvez nos levem à
derrota. Tentação, pois, não
é o "pecado", mas a prova (cfr.
Luc. 22:28). Segundo Tiago
(1:2) as provações são úteis
à evolução. Essa opinião é
de que Deus não nos leva ao
mal, embora nos submeta à
prova (cfr. Tiago 1:13;
Agostinho, Patrol. Lat.
38, 390-391 e Hilário,
Patrol. Lat. 9, 510).
No cap. XXVIII, item 3, d´O
Evangelho segundo o
Espiritismo, Kardec
reproduz a Oração Dominical,
em que o versículo ora
examinado é apresentado nos
seguintes termos: Não nos
deixes entregues à tentação,
mas livra-nos do mal,
seguido de uma nota de
rodapé em que se lê:
Algumas traduções dizem:
Não nos induzas à tentação
(et ne nos inducas in
tentationem). Essa expressão
daria a entender que a
tentação promana de Deus,
que ele, voluntariamente,
impele os homens ao mal,
ideia blasfematória que
igualaria Deus a Satanás e
que, portanto, não poderia
estar na mente de Jesus. É,
aliás, conforme à doutrina
vulgar sobre o papel dos
demônios. (Veja-se: O Céu
e o Inferno, 1ª Parte,
cap. IX, "Os demônios".)
Desenvolvendo o significado
do versículo em foco, de
modo a torná-lo mais
compreensível e mais claro,
Kardec escreveu:
Dá-nos, Senhor, a força de
resistir às sugestões dos
Espíritos maus, que tentem
desviar-nos da senda do bem
inspirando-nos maus
pensamentos. Mas, somos
Espíritos imperfeitos,
encarnados na Terra para
expiar nossas faltas e
melhorar-nos. Em nós mesmos
está a causa primária do mal
e os maus Espíritos mais não
fazem do que aproveitar os
nossos pendores viciosos, em
que nos entretêm para nos
tentarem.
Cada imperfeição é uma porta
aberta à influência deles,
ao passo que são impotentes
e renunciam a toda tentativa
contra os seres perfeitos. É
inútil tudo o que possamos
fazer para afastá-los, se
não lhes opusermos decidida
e inabalável vontade de
permanecer no bem e absoluta
renunciação ao mal. Contra
nós mesmos, pois, é que
precisamos dirigir os nossos
esforços e, se o fizermos,
os maus Espíritos
naturalmente se afastarão,
porquanto o mal é que os
atrai, ao passo que o bem os
repele. (Veja-se aqui
adiante: "Preces pelos
obsidiados".)
Senhor, ampara-nos em nossa
fraqueza; inspira-nos, pelos
nossos anjos guardiães e
pelos bons Espíritos, a
vontade de nos corrigirmos
de todas as imperfeições a
fim de obstarmos aos
Espíritos maus o acesso à
nossa alma. (Veja-se aqui
adiante o nº 11.)
O mal não é obra tua,
Senhor, porquanto o
manancial de todo o bem nada
de mau pode gerar. Somos nós
mesmos que criamos o mal,
infringindo as tuas leis e
fazendo mau uso da liberdade
que nos outorgaste. Quando
os homens as cumprirmos, o
mal desaparecerá da Terra,
como já desapareceu de
mundos mais adiantados que o
nosso.
O mal não constitui para
ninguém uma necessidade
fatal e só parece
irresistível aos que nele se
comprazem. Desde que temos
vontade para o fazer, também
podemos ter a de praticar o
bem, pelo que, ó meu
Deus, pedimos a tua
assistência e a dos
Espíritos bons, a fim de
resistirmos à tentação.
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