Ampliemos nossos santos
patrimônios, amando
nossos inimigos demônios
Grandes erros
doutrinários da Igreja
foram originários de
interpretações literais
bíblicas. São Paulo nos
adverte sobre isso (cf.
2ª Coríntios, 3:6).
Mas são as igrejas
evangélicas, não tanto
as protestantes, que
estão ainda atoladas
nesses erros. É o caso
da interpretação do fogo
figurado do inferno ou o
fogo esotérico,
entendido como se fosse
igual ao fogo do nosso
mundo físico, fogo esse
exotérico.
A respeito do diabo,
então, fizeram uma
confusão dos diabos!
Misturaram o demônio com
diabo, satanás, lúcifer,
cobra e até com o
dragão. Mas só o demônio
é espírito e humano (“daimon”
em grego é alma). Pelo
ensino da hermenêutica,
que trata da
interpretação de textos
antigos, vale o
significado das palavras
da época em que eles
foram escritos. E não é
só na Bíblia que
“daimon” significa alma,
mas também nas outras
obras gregas, como as de
Platão, de Homero e de
outros autores da
Antiguidade. Há mais de
um século e meio que os
enciclopedistas, os
iluministas e os
espíritas vêm mostrando
esse erro. Não creio que
seja tanto por
ignorância dos líderes
religiosos, mas por seus
interesses egoístas, que
eles mantêm esse erro.
Diabo (“diabolos” em
grego é adversário),
adversário porque
prejudica a evolução do
espírito. É como o joio
no meio do trigo. E
satanás e satã têm
significados semelhantes
ao de diabo. Já lúcifer
(do latim lucem, luz, e
do verbo latino ferre,
transportar) é, pois,
porta-luz ou
inteligência figurada
dos anjos rebeldes. (2
Pedro, 2:4). Assim,
Jesus é o verdadeiro
Lúcifer. E os anjos são
também Espíritos humanos
superevoluídos, mas,
justamente porque são
humanos, podem pecar. E
fala-se também em anjos
maus, como há demônios
bons ou almas boas, e
demônios maus ou almas
más. No sepultamento de
uma criança, o povo diz
muito que é um anjinho.
Trata-se de
reminiscências do
passado em que já se
sabia que anjo é
espírito humano. O
espírito da criança é
tomado como sendo
pequeno, por analogia
com o seu corpo
pequenino. E anjo (“aggelos”
em grego) significa
mensageiro, enviado,
“office-boy”. A Bíblia
está cheia de anjos ou
enviados de Deus ou do
mundo espiritual para
nos trazerem mensagens.
Mas como já foi dito, só
demônio é espírito. Por
isso, Jesus nunca tirou
diabo, satanás, lúcifer,
serpente e dragão de
ninguém, mas só demônios
maus, pois os bons não
atormentam nem obsidiam
ninguém. Mas, exatamente
por isso, os teólogos
antigos passaram a
entender erradamente que
todo demônio é mau, o
que é um grande erro!
Amando, pois, os
demônios maus e inimigos
nossos, estamos
enriquecendo o nosso
santo patrimônio
espiritual e moral.
Jesus até disse que
alguns são tirados das
pessoas com muitas
preces e jejuns. É o que
os espíritas fazem e com
sucesso. Realmente, se
demônio é um espírito
humano, mesmo que ele
seja mau e inimigo
nosso, temos que amá-lo,
como nos ensina o
excelso Mestre, não
importando o fato de ele
estar desencarnado.
Ou, por acaso, Jesus nos
manda amar somente os
Espíritos encarnados?
Não foi Ele, em espírito
(1 Pedro, 4:6), pregar
também o evangelho para
aqueles lá nos infernos?