Sê compassivo
Cairbar Schutel
Sem compaixão
não há caridade.
As lágrimas
vertidas ao
calor vívido da
piedade corroem
as densas
cadeias da
provação.
Desterremos de
nós a
insensibilidade
crua diante das
telas de
angústia que se
desenrolam em
nossa estrada.
A piedade é a
simpatia
espontânea e
desinteressada
que se antepõe à
antipatia
gratuita moral e
material, junto
daqueles que
no-la despertam,
sem o que se
torna
infrutífera.
Quando o
sofrimento
alheio não nos
sensibiliza, a
Orientação
Divina estatui
venhamos a
experimentá-lo
igualmente para
avaliar a dor do
próximo e nos
predispormos a
ampará-lo.
Só a piedade
consoladora traz
alegria ao
espírito,
criando elevação
e valor.
Fujamos à
compaixão
aparente que se
manifesta em
lágrimas de
crocodilo,
gestos e
exclamações
pomposas, nos
cenários
artificiais do
fingimento.
Mede-se a
comiseração pelo
devotamento e
solicitude
fraternais que
promove.
Deve-se-lhe o
despovoamento
gradativo das
zonas de
purgação moral
da
Espiritualidade.
Deixa-te
enternecer ante
os painéis
comovedores das
crises de
pranto, vezes e
vezes temperadas
em sangue e
suor; contudo,
não te detenhas
aí: busca
dirimi-las.
Perlustra as
vielas ínvias da
necessidade e
beneficia as
almas que se
agitam em
desespero,
dentro da jaula
do próprio
corpo.
Tem dó, não
apenas dos
quadros
gritantes de
falência íntima,
mas também dos
padecimentos
mascarados de
silêncio e de
orgulho,
ingenuidade e
inexperiência.
Inunda de amor
os corações
mantidos sob o
vácuo do tédio.
Protege a
infância
desvalida, pois
os pequenos
viajores da
carne carecem de
guias.
Favorece com a
moeda e abençoa
com a palavra os
pedintes
andrajosos
somente
acariciados
pelos cães que
vagueiam nas
ruas.
E na certeza de
que a piedade
sincera jamais
expressa
covardia a
derruir o bem,
nem ridículo a
excitar o riso
alheio,
acatemo-la como
força de
renovação das
almas e luz
interior da
Verdadeira Vida,
eternizada por
Deus.
Sê compassivo.
Do cap. 96 do
livro O
Espírito da
Verdade,
obra ditada por
Espíritos
diversos, por
intermédio dos
médiuns Waldo
Vieira e
Francisco
Cândido Xavier.