ANGÉLICA
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Londrina, Paraná
(Brasil) |
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No Invisível
Léon Denis
(Parte 11)
Continuamos
o estudo
metódico e sequencial do
clássico "No Invisível",
de Léon Denis, cujo
título no original
francês é
Dans l'Invisible.
Questões preliminares
A. O estudo dos
fenômenos é realmente
importante?
Sim. O estudo dos
fenômenos é de
importância capital,
pois que nele é que se
baseia inteiramente o
Espiritismo. Muitas
vezes, a ausência de
método e a falta de
continuidade e direção
nas experiências tornam
estéreis a boa-vontade
dos médiuns e as
legítimas aspirações dos
investigadores. Em
consequência mesmo do
estado de espírito em
que fazem as pesquisas,
acumulam dificuldades e,
se ao fim de algumas
sessões não obtêm mais
que fatos
insignificantes,
banalidades ou
mistificações, desanimam
e abandonam a
investigação. É aí então
que mais se compreende a
importância do estudo.
(No Invisível - O
Espiritismo
experimental:
IX - Condições de
experimentação.)
B. É necessário submeter
as produções mediúnicas
a rigoroso exame?
Evidentemente. Não
apenas é necessário, mas
indispensável submeter
as produções mediúnicas
a rigoroso exame e
conduzir as
investigações com
espírito analítico
sempre vigilante.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
IX - Condições de
experimentação.)
C. Qual é, segundo Léon
Denis, um importante
elemento de êxito nas
sessões mediúnicas?
O estado de espírito dos
assistentes e sua ação
fluídica e mental
constituem importante
elemento de êxito ou de
insucesso nas sessões
mediúnicas. Quanto mais
sensível é o médium,
tanto mais receptivo é à
influência magnética dos
experimentadores. Em uma
assembleia composta, na
maioria, de incrédulos,
cujos pensamentos hostis
convergem para o
sensitivo, o fenômeno
dificilmente se produz.
Os pensamentos
divergentes se chocam e
formam uma espécie de
caos fluídico, que a
vontade dos invisíveis
nem sempre consegue
dominar. É o que torna
tão problemáticos os
resultados nas
assembleias numerosas,
de composição
heterogênea, nas sessões
teatrais, por exemplo,
como o tem demonstrado a
experiência.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
IX - Condições de
experimentação.)
Texto para leitura
298. IX - Condições
de experimentação -
O estudo dos fenômenos é
de importância capital,
pois que nele é que se
baseia inteiramente o
Espiritismo. Muitas
vezes, porém, a ausência
de método, a falta de
continuidade e direção
nas experiências tornam
estéreis a boa-vontade
dos médiuns e as
legítimas aspirações dos
investigadores. Em
consequência mesmo do
estado de espírito em
que fazem as pesquisas,
acumulam dificuldades e,
se ao fim de algumas
sessões não obtêm mais
que fatos
insignificantes,
banalidades ou
mistificações, desanimam
e abandonam a
investigação.
299. Se, ao contrário,
se produzem resultados
satisfatórios,
determinam eles muitas
vezes, com irrefletido
entusiasmo, uma
tendência prejudicial
para a credulidade, uma
disposição para atribuir
aos Espíritos
desencarnados todos os
fenômenos obtidos. Em
casos tais não se fazem
esperar as decepções
necessárias, porque
fazem nascer a dúvida e,
com ela, restabelecem o
equilíbrio mental, o
senso crítico,
indispensável em todo
estudo experimental e,
mais que qualquer outro,
nesse domínio das
investigações psíquicas,
em que a sugestão, o
inconsciente e a fraude
se podem a cada passo
misturar com as
manifestações do mundo
invisível.
300. Noutros lugares
fazem-se críticas
levianas, são acusados
os grupos de má direção,
os médiuns de
incapacidade e os
assistentes de
ignorância ou
misticismo. Queixam-se
de não obter senão
comunicações destituídas
de interesse científico
e consistindo de
repisadas exortações
morais.
301. Essas críticas nem
sempre são infundadas;
mas é preciso não
esquecer, como
geralmente se faz, que
nenhum bem se adquire
sem trabalho e que se
não deve procurar colher
os frutos antes da
maturação. Em tudo se
requer moderação e
paciência. As faculdades
mediúnicas, como todas
as coisas, estão
submetidas à lei de
progressão e
desenvolvimento. Em
lugar de estéreis
críticas, mais vale,
pelo concurso de mentes
de boa-vontade reunidas,
facilitar a tarefa do
médium, formando em
torno dele uma atmosfera
de simpatia que lhe seja
ao mesmo tempo
sustentáculo, estímulo e
proteção.
302. É indispensável
submeter as produções
mediúnicas a rigoroso
exame e conduzir as
investigações com
espírito analítico
sempre vigilante. A
falta de benevolência, a
crítica exagerada, a
malsinação sistemática
podem, entretanto,
desanimar o médium,
compeli-lo a abandonar
tudo, ou pelo menos
afastá-lo das reuniões
numerosas, para se
incorporar aos grupos
familiares, aos círculos
restritos, onde
encontrará sem dúvida
mais favorável ambiente,
mas em que os seus
trabalhos só
aproveitarão a reduzido
número de escolhidos.
303. Há, portanto, antes
de tudo um duplo
inconveniente a remover.
Se demasiado cepticismo
é prejudicial, a
credulidade excessiva
constitui perigo não
menor. É preciso evitar
um e outra com igual
cuidado e conservar-se
num prudente meio-termo.
304. Entre os homens de
ciência é que se
encontram os mais
inveterados preconceitos
e prevenções a respeito
dos fatos espíritas.
Querem eles impor a
essas investigações as
regras da ciência
ortodoxa e positiva, que
consideram os únicos
fundamentos da certeza;
e se não são adotadas e
seguidas essas regras,
rejeitam todos os
resultados obtidos.
305. Entretanto, a
experiência nos
demonstra que cada
ciência tem suas regras
próprias. Não se pode
estudar com proveito uma
nova ordem de fenômenos,
socorrendo-se de leis e
condições que regem
fatos de uma ordem
inteiramente diversa. Só
mediante pesquisas
pessoais, ou graças à
experiência nesse
domínio adquirida pelos
investigadores
conscienciosos, e não em
virtude de teorias a
priori, é que se podem
determinar as leis que
governam os fenômenos
ocultos.
306. São das mais sutis
e complicadas essas
leis. Seu estudo exige
espírito refletido e
imparcial. Mas como
exigir imparcialidade
àqueles cujos
interesses, nomeada e
amor-próprio estão
intimamente ligados a
teorias ou a crenças que
o Espiritismo pode
aniquilar? “Para achar a
verdade – disse notável
pensador – é preciso
procurá-la com o coração
simples.”
307. É, sem dúvida, por
isso que certos sábios,
imbuídos de teorias
preconcebidas,
escravizados pelo hábito
aos rigores de um método
rotineiro, colhem menos
resultados nessas
investigações do que
homens simplesmente
inteligentes, mas
dotados de senso prático
e de espírito
independente. Esses se
limitam a observar os
fatos em si mesmos e
lhes deduzir as
consequências lógicas,
ao passo que o homem de
ciência se aferrará
principalmente ao
método, ainda quando
improdutivo.
308. O que nesse domínio
importa, antes de tudo,
são os resultados, e o
único método que os
favorecer, mesmo que
pareça defeituoso a
alguns, deve ser por nós
considerado bom. Não é
necessário ser
matemático, astrônomo,
médico de talento, para
empreender, com
probabilidade de êxito,
investigações em matéria
de Espiritismo: basta
conhecer as condições a
preencher e submeter-se
a elas. Nenhuma outra
ciência nos pode indicar
essas condições. Só a
experimentação assídua e
as revelações dos
Espíritos no-las
permitem estabelecer com
precisão.
309. Os sábios tomam
muito pouco em
consideração as
afinidades psíquicas e a
orientação dos
pensamentos, que,
entretanto, constituem
um importante fator do
problema espírita.
Encaram o médium como um
aparelho de laboratório,
como máquina que deve
produzir efeitos à
vontade, e procedem a
seu respeito com
excessiva desatenção. As
inteligências invisíveis
que o dirigem são por
eles equiparadas a
forças mecânicas. Nelas
recusam-se, em geral, a
ver seres livres e
conscientes, cuja
vontade entra numa
considerável proporção,
nas manifestações –
seres que têm suas
ideias, seus desígnios,
seu objetivo,
desconhecidos para nós,
e que nem sempre julgam
conveniente intervir:
uns, porque o
desembaraço e os
intuitos excessivamente
materiais dos
experimentadores os
afastam; outros, porque,
demasiado inferiores,
não se preocupam com a
necessidade de
demonstrar aos homens as
realidades da
sobrevivência.
310. Força é, todavia,
reconhecer que as
exigências e os
processos dos sábios
podem, num certo limite,
ser justificados, em
vista de fraudes com que
têm sido muitas vezes
desfigurados ou
simulados os fenômenos.
Não somente hábeis
prestidigitadores têm
praticado esse gênero de
exercícios, mas
verdadeiros médiuns têm
sido, não raro,
surpreendidos em
flagrante delito de
simulação. Daí a bem
legítima prevenção de
certos investigadores e
a obrigação, que se lhes
impõe, de eliminar, nas
experiências, tudo o que
apresenta caráter
suspeito, todo elemento
de dúvida, todo motivo
de ilusão.
311. É indubitável que,
no fenômeno de
transporte, por exemplo,
será preciso uma grande
acumulação de provas,
irrecusável evidência,
para acreditar-se na
desmaterialização e
sucessiva reconstituição
de objetos, passando
através das paredes, de
preferência a admitir
que tenham sido trazidos
por algum dos
assistentes. A
desconfiança,
entretanto, não deve ser
levada ao extremo de
impor ao fenômeno
condições que o tornem
impossível.
312. A ignorância das
causas em ação e das
condições em que elas se
manifestam explica os
frequentes insucessos
daqueles mesmos que,
supondo dar lições aos
outros, só conseguem
demonstrar insuficiência
das regras de sua
própria ciência, quando
as querem aplicar a esta
ordem de pesquisas. Além
disso, o espírito de
suspeita e malevolência
em que envolvem o médium
atrai as entidades
inferiores, que se
comprazem em perturbar e
impelem o sensitivo à
prática de atos
fraudulentos.
313. Quando esses
elementos fazem irrupção
num grupo, o melhor
alvitre a adotar é
suspender a sessão. É
sobretudo nesse caso que
a presença e os
conselhos de um
Espírito-guia são de
grande utilidade; e os
que, deles privados, se
entregam a experiências,
ficam expostos a graves
decepções.
314. O médium é um
instrumento delicado,
repositório de forças
que se não renovam
indefinidamente e que é
preciso utilizar com
moderação. Os Espíritos
esclarecidos, os
experimentadores
sensatos, aos quais
merece cuidado a saúde
dos sensitivos, sabem
deter-se aos primeiros
sintomas de esgotamento;
os Espíritos levianos e
embusteiros, que afluem
às reuniões mal
dirigidas, em que não
reina a harmonia nem a
elevação de pensamentos,
têm menos escrúpulos.
Senhores dos intuitos
dos investigadores
inexpertos, não
trepidarão em exceder o
limite das forças do
médium, para produzirem
fenômenos sem interesse,
e mesmo para
mistificarem os
assistentes.
315. Quase sempre,
forças, causas,
influências diversas
intervêm nas
experiências; daí uma
certa confusão, uma
mescla de verdadeiro e
falso, de coisas
evidentes e duvidosas
que nem sempre é fácil
distinguir. Os próprios
sábios reconhecem que,
na maior parte dos
casos, pode a sugestão
intervir numa
considerável proporção;
do que resulta que, para
obter fenômenos
espíritas
verdadeiramente
autênticos e
espontâneos, deve-se
evitar com cuidado tudo
o que pode influenciar o
médium e perturbar a
ação dos Espíritos.
316. Ora, é do que
parece menos se
preocuparem certos
homens de ciência.
Julgam lícito embaraçar
o sensitivo com
perguntas inoportunas,
pueris, insidiosas.
Perturbam as sessões,
entretendo-se em
conversas particulares e
colóquios. Quando são
indispensáveis a calma,
o silêncio, a atenção,
uns mudam de lugar,
entram e saem,
interrompem as
manifestações em curso,
apesar das injunções dos
Espíritos; outros, como
certo doutor de nosso
conhecimento, fumam e
tomam cerveja durante as
experiências. Em tais
condições tão pouco
sérias, tão pouco
honestas, como é
possível, legitimamente
formular conclusões?
317. Algumas vezes a
experiência segue uma
direção normal,
satisfatória; o fenômeno
se desenvolve com feição
prometedora. E
subitamente age uma nova
causa; uma vontade
intervém; uma corrente
de ideias contrárias
entra em jogo; a ação
mediúnica se perturba e
transvia; já não produz
senão efeitos em
desacordo com as
esperanças do começo.
Fatos reais parece
ladearem coisas
ilusórias; às sessões
imponentes sucedem
manifestações vulgares.
318. Como destrinçar
essa complicação que nos
deixa perplexo? Como
evitar a sua reprodução?
E aí que a necessidade
da disciplina nas
sessões se faz vivamente
sentir e, mais ainda, a
assistência de um
Espírito elevado, cuja
vontade enérgica exerça
império sobre todas as
correntes adversas.
319. Quando a harmonia
das condições se
estabelece e a força do
Alto é suficiente, já se
não produzem essas
contradições, essas
incoerências que provêm,
quer das forças
inconscientes, quer de
Espíritos atrasados,
quer mesmo do estado
mental dos assistentes.
O fenômeno se
desenvolve, então, em
sua majestosa grandeza e
o fato probatório se
apresenta.
320. Mas para isso, para
obter essa assistência
do Alto, fazem-se
precisas a união, a
elevação dos pensamentos
e dos corações; são
necessários o
recolhimento e a prece.
As entidades superiores
não se põem de boamente
ao serviço dos
experimentadores que não
são animados do sincero
desejo de instruir-se,
de um amor profundo ao
bem e à verdade.
321. Aqueles que fazem
do Espiritismo um
passatempo, uma frívola
diversão, não têm que
contar senão com
incoerências e
mistificações. Pode
haver mesmo nisso, às
vezes, um perigo. Certas
pessoas se comprazem em
conversas mediúnicas com
os Espíritos inferiores,
com almas viciosas e
degradadas, e isso sem
intenção benéfica, sem
intuito de regeneração,
movidas por sentimento
de curiosidade, pelo
desejo de divertir-se.
Ao passo que não teriam
suportado a convivência
desses seres, na vida
terrestre, não receiam
atraí-los, depois de
desencarnados, e com
eles entreter palestras
de mau gosto, sem
reparar que desse modo
se abandonam a perigosas
influências magnéticas.
322. Se entrardes em
relação com almas
perversas, fazei-o com o
fim de sua redenção, de
sua reabilitação moral,
sob o amparo de um guia
respeitável; doutro modo
vos exporeis à nociva
promiscuidade, a
obsessões temíveis. Não
abordeis essas regiões
do Além senão com o
propósito firme e
elevado, que vos seja
como a arma assestada
contra o mal. A
mediunidade, esse poder
maravilhoso, foi
concedida ao homem para
um nobre uso.
Aviltando-a, aviltareis
a vós mesmos, e de um
puríssimo eflúvio
celeste fareis um sopro
envenenado.
323. O antigo iniciado,
como os orientais em
nossos dias, só se
entregava às evocações
depois de se haver
purificado pela
abstinência, pela prece
e pela meditação. A
comunicação com o
invisível era um ato
religioso, que ele
executava com sentimento
de respeito e de
veneração pelos mortos.
324. Nada há mais
diametralmente oposto
que o modo de proceder
de certos
experimentadores atuais.
Apresentam-se nos
lugares de reunião
depois de copioso
jantar, impregnados do
cheiro do fumo, com o
desejo intenso de obter
manifestações ruidosas
ou indicações favoráveis
aos seus interesses
materiais. E admiram-se,
em tais condições, de só
se apresentarem
Espíritos fraudulentos e
mentirosos que os
enganam e se divertem em
lhes causar inúmeras
decepções!
325. Mau grado à
repugnância dos modernos
sábios pelos meios com
cuja aplicação se
realiza a elevada
comunhão das almas, será
forçoso a eles recorrer,
a não ser que se queira
fazer do Espiritismo uma
nova fonte de abusos e
de males.
326. O estado de
espírito dos
assistentes, sua ação
fluídica e mental, é por
conseguinte, nas
sessões, um importante
elemento de êxito ou de
insucesso. Quanto mais
sensível é o médium,
tanto mais receptivo é à
influência magnética dos
experimentadores. Em uma
assembleia composta, na
maioria, de incrédulos,
cujos pensamentos hostis
convergem para o
sensitivo, o fenômeno
dificilmente se produz.
A primeira das condições
é abster-se de toda
ideia preconcebida, a
fim de deixar ao
Espírito a necessária
liberdade de ação.
Tenho, por minha parte,
em certos casos, podido
verificar que uma
vontade enérgica e
persistente pode
paralisar o sensitivo,
se é fraco, e constituir
obstáculo às
manifestações.
327. Os pensamentos
divergentes se chocam e
formam uma espécie de
caos fluídico, que a
vontade dos invisíveis
nem sempre consegue
dominar. É o que torna
tão problemáticos os
resultados nas
assembleias numerosas,
de composição
heterogênea, nas sessões
teatrais, por exemplo,
como o tem demonstrado a
experiência.
328. As pessoas ávidas
de propaganda pública,
que, sem cogitar das
necessárias precauções,
se aventuram nesse
terreno, expõem-se a bem
graves reveses. Aí
correm os médiuns grande
risco: não somente se
acham à mercê dos
Espíritos atrasados que
se comprazem na
permanência entre as
turbas, mas ainda ficam
à disposição de todo
mal-intencionado que,
aparentando de sábio,
deles exigirá
experiências contrárias
às verdadeiras leis do
Espiritismo. E quando
tiver usado e abusado de
suas forças sem
resultado prático,
persuadirá os
espectadores de que,
nessa ordem de ideias,
não há mais que fraude
ou erro.
(Continua no próximo
número.)