Tempo mental
O silêncio
íntimo que
permite ouvir a
voz da
consciência
gera
uma existência
feliz
Joanna de
Ângelis
Na azáfama da
vida moderna o
aturdimento
domina as
criaturas
humanas que
procuram atender
aos muitos
compromissos,
reais e
imaginários, não
lhes permitindo
espaço mental
para as
reflexões
saudáveis nem
para as
meditações de
urgência
indispensáveis a
uma existência
equilibrada.
A
parafernália
eletrônica
facilitando a
comunicação,
especialmente na
área da
futilidade, com
as exceções
compreensíveis,
inquieta os seus
serventuários
que se lhes
transformam em
escravos,
telefonando para
diálogos
irrelevantes,
enviando MSNs,
curiosamente
olhando o ORKUT
ou outros
mecanismos de
mexericos e
novidades,
entregando-se
aos jogos de
violência ou
consultando os
sites que lhes
atendem aos
específicos
tormentos, em
nome do falso
progresso
tecnológico.
Certamente,
vivia-se bem sem
muitos dos
apetrechos
modernos, alguns
de extravagante
significado,
mais
apresentados
como status
sociais e
econômicos, em
razão das suas
grifes de luxo e
de ilusão, do
que pelo valor
da utilidade,
responsáveis
pela estimulação
da ansiedade,
dos jogos de
interesse
pessoal, das
vaidades e das
competições
doentias.
A
falsa
necessidade de
se acompanhar ao
vivo tudo o que
se passa no
Planeta,
especialmente na
área das
tragédias e das
intrigas entre
celebridades,
suas doenças,
suas paixões,
suas ascensões e
quedas,
impulsiona os
tipos comuns a
viverem
atrelados, a
todo o momento,
aos instrumentos
que lhes saciam
a sede de
frivolidade como
forma disfarçada
de fuga
psicológica da
realidade,
escondendo os
conflitos
perversos que os
afligem.
O
ser humano
autodesconhece-se
enquanto
permanece atento
aos
acontecimentos
exteriores que
envolvem outras
pessoas, cujas
imagens são
mecanismos de
transferência
das próprias
aflições e
insegurança,
tomando-as como
ídolos ou
modelos,
invejados uns,
enquanto
detestados
outros, por
parecerem
inalcançáveis...
O
desfile dos
deuses da alta
comunicação
midiática é
contínuo, alguns
sendo
substituídos por
outros mais
audaciosos ou
mais
bem-remunerados
que, incapazes
de gerenciar os
valores e a
existência,
atiram-se ao
desbordamento
das paixões
servis, porque
vivem saturados
de bajuladores e
de prazeres
incessantes que
lhes anulam a
capacidade
emocional de se
sentir bem.
Com rapidez
vivenciam o
triunfo e logo
após desaparecem
em silêncio
sepulcral, sendo
trazidos de
volta aos
holofotes da
fama somente
quando
transformados em
fantasmas
inditosos,
chamando a
atenção por
escândalos ou
acontecimentos
desditosos que
os
multiplicadores
de opinião
vendem com
entusiasmo e
comentários
chulos, quando
não
escabrosos...
É
certo que
proliferam
admiráveis
expressões de
elevação moral e
de dignificação
humana, nesse
contexto, como
não poderia ser
diferente, no
entanto, é a
grande massa,
aquela que é
dirigida
habilmente pelo
mercado
consumidor, que
se deixa
arrastar pelo
fascínio da
modernidade com
graves prejuízos
para a saúde
física,
emocional e
mental.
Os diálogos
pessoais, no
momento, cedem
lugar às
comunicações
eletrônicas, o
prazer da
convivência
entre os amigos
é transferido
para as
mensagens
ligeiras,
ortograficamente
incorretas e
atentatórias à
boa linguagem.
Diz-se que são
os novos tempos
e, sem dúvida,
trata-se de um
novo período no
processo
sociológico e
psicológico da
Humanidade,
lamentavelmente
com resultados
bastantes
afligentes para
os seus áulicos.
A
falta de
comunhão
fraternal, de
conversação
edificante, de
estudos sociais
abrangentes com
objetivos
libertadores
caracteriza o
crepúsculo desta
civilização, em
um claro-escuro
de sentimentos,
enquanto surge
nova madrugada
anunciando
outros valores
que estão
esquecidos, mas
que são de sabor
e significado
permanente.
Nesta
panorâmica, em
consequência,
não se dispõe de
tempo físico e
muito menos de
natureza mental
para as
aquisições
duradouras,
aquelas que
elevam os seres
humanos às
esferas sublimes
do pensamento e
da realização
espiritual.
Mesmo quando
surge algum
espaço físico,
havendo
oportunidade de
tempo
cronológico, não
existe o de
natureza
psíquica, porque
a mente se
encontra
abarrotada de
ideias e
propostas,
compromissos e
complexidades
futuristas,
inquietando as
pessoas que não
desejam ficar
ultrapassadas no
contexto do
grupo social
insaciável em
que se encontram
situadas.
É
necessário,
dizem, estar bem
informadas,
desde os lugares
onde a
drogadição e os
demais vícios
são permitidos,
aos redutos de
luxo ou de
miséria para o
prazer
exaustivo, assim
como para tomar
conhecimento de
todas as
ocorrências nas
diversas tribos,
gangues, clubes
elegantes e de
alto preço,
apesar dos
sucessos que
ocorrem nos seus
interiores e, de
quando em
quando, se
tornam motivos
de escândalos na
mídia...
O
ser humano é
constituído de
equipamentos
eletrônicos
muito delicados,
cujo manejo
exige habilidade
e experiência, a
fim de não gerar
desarmonia no
seu
funcionamento.
A
mente, que se
exterioriza
através da
câmera cerebral,
tem necessidade
de harmonia, a
fim de processar
todos os
acontecimentos
que lhe dizem
respeito ou
aqueles que têm
lugar à sua
volta, de
maneira a bem
administrar a
máquina
orgânica.
Em razão disso,
o pensamento
saudável é
essencial para
uma existência
equilibrada,
sendo veículo
dos recursos que
proporcionam bem
ou mal-estar, de
acordo com a
onda vibratória
em que se
expressa.
O
atropelamento
das ideias, a
falta de
amadurecimento
psicológico, a
ausência da
reflexão podem
ser comparadas
ao fenômeno
alimentar,
mediante o qual
o indivíduo
sobrecarrega o
estômago na
ânsia de comer
bem, gerando
graves
distúrbios
digestivos de
imediato. O
mesmo ocorre nas
áreas mental e
comportamental.
Impossibilitada
a mente de
decodificar
todos os fatos e
informações que
chegam ao
arquipélago
cerebral,
apresentam-se a
ansiedade, a
impaciência,
gerando
descontrole nas
neurocomunicações
com resultados
perturbadores
para o
discernimento, a
memória, as
aspirações
iluminativas, a
saúde
integral...
O
ser humano
necessita de
silêncio mental,
de espaço físico
para a
autoidentificação,
para o
autodescobrimento.
Esse interregno
entre as
atividades irá
propiciar-lhe
melhor
discernimento em
torno dos
objetivos
existenciais,
facultando-lhe
experienciar os
prazeres não
desgastantes dos
sentidos
físicos, mas a
fruição da
alegria íntima
de viver e de
poder pensar com
liberdade e
altruísmo.
Quando se age
sem pensar,
inevitavelmente
se é convidado a
retroceder nas
ações
intempestivas,
refazendo o
caminho
conquistado.
O
silêncio íntimo,
que permite
ouvir-se a voz
da consciência,
é de alta
relevância para
uma existência
feliz, porque
permite saber-se
o que realmente
se deseja
produzir e como
fazê-lo de
maneira
excelente.
A
azáfama
desequilibra, o
excesso de
ruídos, a
multiplicidade
de interesses
desarmoniza, e o
ser humano perde
o endereço, o
rumo da sua
felicidade.
Preserva algum
tempo mental
para as tuas
reflexões, não
te deixando
seduzir pelas
vozes alteradas
dos desconsertos
emocionais tidos
como festivos e
promotores da
alegria.
Resguarda-te na
meditação
diária, mesmo
que seja por um
espaço de tempo
reduzido, mas de
grande
significado para
o teu
autocontrole,
para as tuas
decisões e
realizações.
Não
sobrecarregues
as tuas
paisagens
mentais com as
imagens
violentas dos
desejos infrenes
e inferiores,
com as
imposições
sociais e seus
fetiches
mentirosos,
permitindo-te
ser livre para
pensar e para
agir dentro dos
padrões
felicitadores da
boa ética-moral
que encontras
nos ensinamentos
de Jesus, que te
aguarda após as
refregas
humanas...
Do livro
Liberta-te do
mal, obra
psicografada
pelo médium
Divaldo Franco e
publicado pela
EBM editora.