E a Vida Continua...
André Luiz
(Parte
21)
Continuamos nesta edição
o
estudo da obra
E a Vida Continua,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1968 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. De volta à cidade
espiritual, que ideias
Evelina e Fantini
apresentaram ao
instrutor Ribas?
Na volta, ambos
reconheciam-se
melhorados e quase
refeitos, tanto assim
que em viagem debateram
temas fundamentais da
existência, quais sejam
o amor, a reencarnação,
o lar, o imperativo do
sofrimento...
Reinstalados na cidade
espiritual, continuaram
sonhando o futuro. O
renascimento de Túlio
como filho de Caio e
Vera era uma
possibilidade que
passaram a discutir. E
Evelina pensava também
em quanto a reencarnação
seria útil para
Desidério, seu pai. A
verdade é que ambos
prometiam a si mesmos
ajudar os familiares que
ficaram, suplicando a
Deus lhes prolongasse a
existência no mundo
físico, no interesse da
família e deles mesmos.
E foram essas as ideias
que apresentaram ao
instrutor Ribas, que
admitiu para Evelina ser
perfeitamente justo
mentalizar as
reencarnações de Túlio
Mancini e Desidério para
futuro próximo, o que
exigiria, porém,
planejamento meticuloso.
(E a Vida Continua, cap.
21, pp. 170 e 171.)
B. No tocante à
reencarnação de
Desidério, qual foi a
ideia de Evelina?
A ideia foi adoção.
Evelina imaginou como
seria bom que Desidério,
de volta à carne, fosse
adotado por Brígida e
Amâncio. Para isso, ela
foi até a casa paterna,
onde vivera até
casar-se, passando a
envolver sua mãe com
esse pensamento. Evelina
lhe dizia: "Auxilie,
Mãezinha, auxilie meu
pai para que volte à
vida terrestre!... Quem
sabe? A senhora e meu
pai Amâncio vivem quase
sós nesta casa!... Um
menino! um filho do
coração!..." A mãe não a
via, mas deixou-se
empolgar pela ideia de
que ela e o esposo
estavam envelhecendo sem
deixar qualquer
descendente e que uma
criança perfilhada por
eles seria talvez um
apoio para o futuro.
Movida pelo entusiasmo
da filha, Brígida sondou
o esposo a respeito da
ideia de terem um filho.
Amâncio disse que não
compartilhava do seu
otimismo, mas não se
opunha aos seus desejos,
exigindo apenas que o
menino para ali fosse ao
nascer, sem que os pais
os incomodassem.
(Obra citada, cap. 21,
pp. 174 a 176.)
C. Evelina quis, em
seguida, visitar
Desidério. Ela conseguiu
permissão para isso?
Não. Ribas explicou-lhe
que a condição de
Desidério, naquele
momento, não
aconselhava tal medida.
"Aquele rebelde e nobre
coração que lhe serviu
de pai possui qualidades
notáveis que serão
desentranhadas em
momento oportuno",
disse-lhe o instrutor.
"Convém, filha, não
venhamos a estragar as
oportunidades.
Paciência..." Desidério
deveria reencontrá-la em
momento de mais alta
compreensão. Evelina
compreendeu a observação
de Ribas, e aquiesceu,
ciente de que, quando as
circunstâncias o
permitissem, ela poderia
e deveria efetivamente
rever o pai terrestre.
(Obra citada, cap. 22,
pp. 177 e 178.)
Texto para leitura
81. De volta à
cidade espiritual
- No horário fixado para
a volta, o veículo
recolheu Ernesto,
Evelina e os demais para
o retorno. A jovem
ardia em desejos de
rever o pai, mas o amigo
julgou prudente não
fazê-lo sem maior
preparação.
Reconheciam-se então
melhorados, quase
refeitos, tanto assim
que em viagem debateram
temas fundamentais da
existência, quais sejam
o amor, a reencarnação,
o lar, o imperativo do
sofrimento...
Reinstalados na cidade
espiritual, continuaram
sonhando o futuro.
Juntos conversavam.
Juntos planeavam. O
renascimento de Túlio
como filho de Caio e
Vera era uma
possibilidade que
passaram a discutir. E
Evelina pensava também
em quanto a reencarnação
seria útil para
Desidério, seu pai. A
verdade é que ambos
prometiam a si mesmos
ajudar os familiares que
ficaram, suplicando a
Deus lhes prolongasse a
existência no mundo
físico, no interesse da
família e deles mesmos.
Dez dias depois, quando
se consideravam
plenamente refeitos,
solicitaram audiência
com Ribas, de modo a
expor-lhe as ideias
novas e comentar os
acontecimentos havidos.
O mentor acolheu-os com
a atenção habitual e
lhes disse: "Meus caros,
quando as súplicas de
nosso Fantini chegaram
até nós, não somente
promovemos o socorro
preciso como também
solicitamos anotações de
todos os eventos
familiares de que se
veem partícipes. Sabemos
agora, em documentação
adequada, tudo aquilo
de que se informaram.
Quanto aos nossos
deveres de ordem moral,
já nos entendemos aqui
suficientemente em
dilatadas entrevistas".
Ernesto perguntou-lhe se
era justo continuar
agindo em favor da
família terrena. Ribas
respondeu-lhe que sim:
"Obrigação, meu amigo,
isto é nossa obrigação,
os que conhecem precisam
auxiliar os que ignoram
e não apenas auxiliar
simplesmente, mas
auxiliar com muito
amor". Em seguida,
admitiu para Evelina ser
perfeitamente justo
mentalizar as
reencarnações de Túlio
Mancini e Desidério,
para futuro próximo, o
que exigiria, porém,
planejamento meticuloso.
"A evolução é a nossa
lenta caminhada de
retorno para Deus",
asseverou o mentor. "Os
que mais amem vão à
frente, traçando
caminhos aos seus
irmãos." (Cap. 21, pp.
pp. 170 e 171)
82. Na casa
materna - Ribas
prometera enviar um
emissário a São Paulo
para conhecer as
condições gerais dos
familiares de ambos,
marcando para a noite
seguinte novo encontro
em que se discutiriam os
passos a seguir. No dia
imediato, em condução
regular da cidade
espiritual para o mundo
físico, Evelina e
Ernesto, devidamente
autorizados pelo mentor,
foram rever o lar de
Brígida e Amâncio. A
emoção de Evelina, ao
transpor os umbrais da
antiga casa, foi muito
intensa, sobretudo
quando reviu a mãe, numa
varanda lateral, em que
ela e Amâncio costumavam
descansar, após as
refeições. A jovem
ajoelhou-se, então,
diante da genitora e,
depondo a cabeça em seus
joelhos, chorou
convulsivamente, como o
fazia nas
contrariedades e
caprichos da infância.
Dona Brígida não lhe
registou a presença, em
sentido direto;
entretanto, parou o
olhar cismarento no
arvoredo próximo,
sentindo, de súbito,
intraduzíveis saudades
da filha.
Represaram-se-lhe
lágrimas que não
chegavam a cair... "Que
vontade de rever minha
querida Evelina!...",
pensou ela, e Evelina,
que lhe captava os
pensamentos, respondeu:
"Mamãe! Mãezinha, eu
estou aqui!..." Enquanto
isso, Ernesto observava
Amâncio, examinando nele
os estragos do tempo e
surpreendendo-se pela
delicadeza com que o
antigo amigo tratava a
esposa. (Cap. 21, pp.
171 a 173)
83. Os pais de
Evelina decidem adotar
um menino - Dona
Brígida disse ao esposo
estar sentindo, naquele
momento, imensas
saudades de Evelina e
admitiu a crença de que
existe outra vida, na
qual se encontrarão os
que muito se amaram
neste mundo. "Os
filósofos dizem isso –
observou Amâncio –, mas
os homens práticos
afirmam, e com razão,
que nada se conhece dos
finados, além da
certidão de óbito..."
Nesse momento, Ernesto
tateou-lhe a cabeça com
uma das mãos,
identificando-lhe
cravadas na memória as
cenas vivas do
assassínio de Desidério,
profundamente bloqueadas
nos escaninhos da mente;
no entanto, algo lhe
dizia no íntimo que não
lhe era lícito convocar
o espírito do
companheiro a qualquer
estado negativo, quando
tudo lhe fazia crer que
Amâncio se transformara
num esteio de trabalho
respeitável para
famílias numerosas, como
administrador estimado e
digno que era. Além
disso, por que haveria
de acusá-lo, se ele,
Ernesto, não exterminou
Desidério apenas por
falta de pontaria? Tais
pensamentos perpassavam
pela cabeça de Ernesto,
quando escutou Evelina a
se queixar, em pranto,
para o coração materno:
"Oh! Mãezinha, sei agora
que meu pai erra nas
sombras da alma!...
Transformou-se num
Espírito empedernido no
ódio... Que poderemos
fazer nós duas para
ajudá-lo?" Dona Brígida
nada registou em sentido
direto, senão doloroso e
vago impulso de retorno
ao passado, mas a filha
insistiu: "Auxilie,
Mãezinha, auxilie meu
pai para que volte à
vida terrestre!... Quem
sabe? A senhora e meu
pai Amâncio vivem quase
sós nesta casa!... Um
menino! um filho do
coração!..." Nesse
trecho da súplica de
Evelina, a genitora
deixou-se empolgar pela
ideia de que estavam
envelhecendo sem deixar
qualquer descendente e
que uma criança
perfilhada por eles
seria talvez um apoio
para o futuro. Movida
pelo entusiasmo da
filha, que lhe
assimilava os
pensamentos de adesão à
sua proposta, Brígida
sondou o esposo a
respeito da ideia de
terem um filho. "Ora,
Brígida, era o que
faltava! Você não acha
esquisito – disse ele –
terminarmos a vida
fazendo mamadeira para
criança?" Ela alvitrou,
porém, que ambos
poderiam ter ainda
dilatado tempo de vida
na Terra e um bravo
rapaz que ajudasse a
administrar a fazenda,
dando continuidade à
organização, seria
maravilhoso... Amâncio
asseverou que não
compartilhava do seu
otimismo, mas não se
opunha aos seus desejos,
exigindo apenas que o
menino para ali fosse ao
nascer, sem que os pais
os incomodassem. Dona
Brígida ficou
felicíssima e Amâncio,
vendo o júbilo da
companheira, sentiu
misteriosa ventura
acariciando-lhe as
entranhas do ser... É
que Evelina, avançando
para ele, osculava-lhe
os cabelos, ao mesmo
tempo em que lhe
estendia a destra sobre
o tórax, como se lhe
afagasse o coração.
(Cap. 21, pp. 174 a
176)
84. Ribas pede que
Evelina não reveja o pai
- Na hora combinada,
realizou-se a reunião
com Ribas, ocasião em
que Evelina lhe fez
sucinto relatório sobre
a visita a seus pais.
Examinou-se, então, a
situação de Túlio
Mancini, que evidenciava
realmente reduzido
progresso. Era preciso
que Evelina permanecesse
a sós junto do rapaz,
para favorecer-lhe,
quanto possível, a
renovação mental, ao
passo que Ernesto se
encaminharia diariamente
ao plano físico, de
maneira a colaborar a
benefício de Desidério
e Elisa. Evelina
manifestou ao mentor o
desejo de visitar seu
pai e abraçá-lo, mas
Ribas explicou que a
condição de Desidério,
naquele momento, não
aconselhava tal medida.
"Aquele rebelde e nobre
coração que lhe serviu
de pai possui qualidades
notáveis que serão
desentranhadas em
momento oportuno",
disse-lhe o instrutor.
"Convém, filha, não
venhamos a estragar as
oportunidades.
Paciência..." Desidério
deveria reencontrá-la em
momento de mais alta
compreensão. Antes
disso, Fantini
desenvolveria com ele o
mesmo trabalho que ela
faria com Túlio,
empenhando-se em
despertá-lo para as
alegrias da
Espiritualidade Maior,
ao mesmo tempo em que,
nesse mister,
aprenderiam ambos a
readquirir o respeito e
o afeto mútuos. Evelina
compreendeu a observação
de Ribas, e aquiesceu,
ciente de que, quando as
circunstâncias o
permitissem, ela poderia
e deveria efetivamente
rever o pai terrestre.
(Cap. 22, pp. 177 e 178)
(Continua na próxima
semana.)