Sexo antes do
casamento
Certa vez alguém
perguntou à
inesquecível
figura de Chico
Xavier:
– Chico, sexo
antes do
casamento é
permitido?
O médium, com
sua peculiar
mineirice,
respondeu:
– Tudo é
permitido,
porém, sem amor
nada vale a
pena, nem sexo
nem casamento.
A resposta de
Chico é
colossal,
abrangente, pode
ser aplicada
tranquilamente
em nossa vida
nos mais
variados
assuntos.
Aliás, a
resposta de
Chico cabe
perfeitamente
aos pais cujo
objetivo de vida
principal se
resume em galgar
degraus na
carreira
profissional,
conquistando
pontos com a
sociedade, mas
perdendo pontos
com a família e
negligenciando
deveres
fundamentais
pertinentes à
educação dos
filhos.
Ora, a atividade
profissional e a
dedicação do
indivíduo a ela
são
fundamentais,
porquanto,
lembrando Maslow,
trabalho, a
depender do
ponto de vista,
enquadra-se
dentro das
necessidades
básicas da
criatura humana.
Sem o dividendo
advindo dos
labores de nossa
profissão, como
manter família,
ou, vulgarmente
dizendo: Como
trazer o pão de
cada dia ao lar?
E a alimentação
é uma
necessidade
básica de todos.
Por isso,
afirmamos a
importância da
dedicação do
profissional aos
labores
profissionais,
contudo, sem
exageros.
A propósito,
interessante
lembrar que as
intensas
vontades de
consumir,
superestimadas
pelas
propagandas,
pelo marketing e
pela mídia de
forma geral,
ajudaram a
construir os
workaholics, as
pessoas viciadas
em trabalho.
Acrescente-se a
isso o intenso
clima de
competição
vigente no mundo
atual, e pronto.
Está formado o
cenário perfeito
para os malucos
modernos!
Viciados em
trabalho,
alucinados por
competir,
insaciáveis para
mostrar suas
qualidades, ou
melhor, suas
conquistas no
âmbito puramente
material aos
seus colegas,
ou, melhor
dizendo, rivais.
Logo, com todos
esses afazeres,
naturalmente a
família e os
filhos são
negligenciados.
Com valores
esquecidos e a
educação dos
filhos relegada
a terceiros,
quartos e
quintos, a
desorganização
instala-se em
toda a
sociedade.
Sem valores como
respeito,
companheirismo,
amizade e,
principalmente
amor ao próximo,
a violência em
suas mais
variadas
vertentes – como
o sentimento de
posse, cobranças
descabidas,
pressões
psicológicas e
abusos de
autoridade –
infiltra-se na
sociedade,
trazendo consigo
a desconfiança,
o medo, as
aflições e
angústias que
caracterizam
criaturas
perdidas, sem
objetivos mais
ousados no campo
de seu
desenvolvimento
como seres
humanos.
Em conversa com
uma de minhas
professoras
tomei nota de
uma pesquisa
elaborada por
ela e realizada
com crianças de
8 a 15 anos,
matriculadas no
ensino público e
privado. Umas
das perguntas da
pesquisa:
– Trabalhar é
legal?
Justifique.
Oitenta por
cento das
respostas dos
alunos fez
corar, porque
afirmavam que
trabalhar não é
legal, ocupa
muito tempo, não
deixando espaço
para os filhos.
Veja, caro
leitor, a
mensagem que os
pais estão
transmitindo aos
seus filhos é
negativa. O
garoto quer o
pai ao seu lado,
soltando pipa,
brincando de
carrinho,
contando
histórias, sendo
criança com ele,
mas repreendendo
na hora certa,
ensinando,
instruindo,
orientando...
Importante,
pois, refletir
no que estamos
ofertando aos
nossos
familiares e
filhos. Será que
queremos vê-los
crescer e
considerar
natural ser, por
exemplo, um
workaholic?
Será que
queremos
instalar nos
pequenos
corações de
nossos filhos a
ideia de que o
trabalho se
resume apenas à
atividade
profissional, e
é algo chato,
que ocupa tempo
e desagrega a
família?
Por isso,
lembrando o
inesquecível
Chico, pode-se
afirmar que, sem
amor nada vale a
pena, nem mesmo
trabalhar.