ANGÉLICA
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Londrina, Paraná
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No Invisível
Léon Denis
(Parte 12)
Continuamos
o estudo
metódico e sequencial do
clássico "No Invisível",
de Léon Denis, cujo
título no original
francês é
Dans l'Invisible.
Questões preliminares
A. A luz pode atrapalhar
o curso de uma reunião
mediúnica?
Sim. A luz geralmente
exerce uma ação
dissolvente sobre os
fluidos. Em todos os
casos em que não seja
indispensável, como para
obter-se a escrita
semimecânica, será
conveniente diminuir-lhe
a intensidade e mesmo
suprimi-la inteiramente.
(No Invisível - O
Espiritismo
experimental:
IX - Condições de
experimentação.)
B. Quando o médium está
agitado, inquieto,
desassossegado, esse
fato pode prejudicar as
comunicações mediúnicas?
Evidentemente. As mais
secretas leis do
pensamento se revelam
nas experiências. Quando
os membros de um grupo
estão agitados por
intensas preocupações,
pode a linguagem do
médium ressentir-se
desse fato. O mesmo se
dará com a ação dos
Espíritos sobre o
médium, e
reciprocamente. Qualquer
que seja o predomínio de
um Espírito sobre o
sensitivo, se este se
acha desassossegado,
inquieto, agitado, as
comunicações
apresentarão o cunho
desse estado de
perturbação.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
IX - Condições de
experimentação.)
C. A composição do
grupo, com maior ou
menor número de
participantes, pode
afetar os resultados da
sessão mediúnica?
Pode. Os grupos pouco
numerosos e de
composição homogênea são
os que reúnem as maiores
probabilidades de êxito.
Se já é difícil
harmonizar as vibrações
de cinco ou seis pessoas
entre si e com os
fluidos do Espírito, é
evidente que as
dificuldades aumentam
com o número dos
assistentes. É prudente
não exceder o limite de
dez a doze pessoas,
mantendo, quando
possível, sempre as
mesmas, porque a
renovação frequente da
assistência, reclamando
contínuo trabalho de
fusão e assimilação da
parte dos Espíritos,
compromete ou pelo menos
provoca a demora dos
resultados.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
IX - Condições de
experimentação.)
Texto para leitura
329. É compreensível ser
necessário que haja
afinidade entre os
membros de um círculo e
as entidades atuantes.
As influências humanas
atraem inteligências
similares e as
manifestações revestem
um caráter em harmonia
com as disposições, as
preferências, as
aptidões do meio.
330. Há críticos que têm
pretendido concluir daí
que as comunicações
espíritas não passam de
reflexos dos pensamentos
dos assistentes. Fácil
de refutar é essa
opinião. Basta recordar
as revelações de nomes,
fatos, datas,
desconhecidos de todos,
as quais se têm
produzido em tantos
casos e foram
reconhecidas exatas
depois de verificação.
Têm-se obtido palavras,
ditadas em línguas
ignoradas dos
assistentes; a
assinatura, o estilo, a
maneira de escrever de
pessoas falecidas têm
sido mecanicamente
reproduzidas por médiuns
que nunca as haviam
conhecido.
331. Às vezes, também,
experimentadores
instruídos só obtêm
coisas vulgares, ao
passo que em reuniões de
iletrados têm sido
transmitidas
comunicações notáveis
pela elevação e beleza
de linguagem.
332. As analogias que se
notam entre os membros
de um grupo e os
Espíritos que o dirigem
não provêm unicamente
das simpatias adquiridas
e da similitude de
opiniões; radicam-se
também nas exigências da
transmissão fluídica.
Nas manifestações
intelectuais o Espírito
necessita de um agente e
de um meio que lhe
forneçam os elementos
necessários para expor
suas ideias e as fazer
compreender. Daí a
tendência para se
aproximar dos homens com
quem se acha em comunhão
de ideias ou de
sentimentos.
333. É sabido que nos
fenômenos de escrita, de
incorporação e, às
vezes, mesmo, de
tiptologia, o pensamento
do Espírito se transmite
através do cérebro do
médium e este não deixa
passar senão um certo
número de vibrações – as
que se acham em harmonia
com o seu próprio estado
psíquico. Do mesmo modo
que um raio de luz,
atravessando os vidros
coloridos de uma janela,
se decompõe e não
projeta do outro lado
senão uma quantidade
reduzida de vibrações,
assim o ditado do
Espírito, seja qual for
a opulência dos termos e
das imagens que o
compõem, será
transmitido no restrito
limite das formas e das
expressões familiares ao
médium e contidas em seu
cérebro.
334. Essa regra é geral.
Temos, entretanto,
observado que um
Espírito poderoso em
vontade e energia
consegue fazer um médium
transmitir ensinos
superiores a seus
conhecimentos e indicar
fatos que sua memória
não registra.
335. Quanto às lacunas e
contradições que entre
si apresentam as
comunicações e de que
tantas vezes se faz um
argumento contra o
Espiritismo, convém não
esquecer que os
Espíritos, como os
homens, representam
todos os graus da
evolução. A morte não
lhes confere a ciência
integral e, posto que
suas percepções sejam
mais extensas que as
nossas, não penetram
eles senão a pouco e
pouco, e na medida do
seu adiantamento, os
segredos do Universo
imensurável.
336. A atmosfera
terrestre está povoada
de Espíritos inferiores,
em inteligência e em
moralidade, aos quais o
peso específico que lhes
é próprio não permite
elevarem-se mais alto.
São os que acodem aos
nossos chamados e se
comunicam a maior parte
das vezes. Os que se
elevaram a uma vida
superior não volvem até
nós senão em missão.
Suas manifestações são
mais raras. Revestem-se
de caráter grandioso,
que não as permite
confundir no conjunto
das outras comunicações.
337. Se os pensamentos
divergentes dos
circunstantes são uma
causa de perturbação e
de insucesso, por um
efeito contrário, os
pensamentos dirigidos
para um objetivo comum,
sobretudo quando
elevado, produzem
vibrações harmônicas que
difundem no ambiente uma
impressão de calma, de
serenidade, que penetra
o médium e facilita a
ação dos Espíritos.
Estes, em vez de
lutarem, empregando o
poder da vontade, não
têm mais que associar
seus esforços às
intenções dos
assistentes; e desde
logo a diferença dos
resultados é
considerável.
338. É por isso que nas
reuniões do nosso grupo
de estudos reclamamos
constantemente o
silêncio, o
recolhimento, a união
dos pensamentos e, a fim
de os facilitar e de
orientar a assistência
no sentido de elevados
assuntos, abrimos sempre
as sessões com uma prece
coletiva, com uma
invocação improvisada ao
Poder Infinito e aos
seus invisíveis Agentes,
pondo nessa invocação
todas as forças de nosso
espírito, todos os
espontâneos surtos de
nosso coração.
339. Além disso, nas
sessões de efeitos
físicos, quando se
pretende obter fenômenos
de transportes, escrita
direta, materializações,
é conveniente empregar
um meio artificial para
fixar num ponto os
pensamentos dos
circunstantes. Pode-se
adotar um signo e
colocar imaginariamente
acima do médium, como,
por exemplo, uma cruz,
um triângulo, uma flor,
e, de quando em quando,
no curso da sessão,
lembrar o signo
convencional, atrair
para ele a atenção
oscilante e prestes
sempre a desviar-se.
340. Esse processo
substitui com vantagem
as cantarolas vulgares,
pouco edificantes, a que
muitos costumam recorrer
em certas reuniões e que
impressionam
desagradavelmente as
pessoas de fino gosto e
espírito culto, e só têm
aplicação na
obscuridade. A luz
geralmente exerce uma
ação dissolvente sobre
os fluidos. Em todos os
casos em que não seja
indispensável, como para
obter-se a escrita
semimecânica, será
conveniente diminuir-lhe
a intensidade e mesmo
suprimi-la inteiramente,
desde que, por exemplo,
se dispõe de médiuns
videntes e de
incorporação.
341. A música, os cantos
graves e religiosos
podem também contribuir
poderosamente para
determinar a harmonia
dos pensamentos e dos
fluidos. Isto não é,
porém, suficiente. Nas
sessões, à união dos
pensamentos é necessário
acrescentar a união dos
corações. Quando reina a
antipatia entre os
membros de um grupo, a
ação dos Espíritos
elevados se enfraquece e
aniquila. Para obter sua
intervenção assídua é
preciso que a harmonia
moral, mãe da harmonia
fluídica, se estabeleça
nos corações e que todos
os adeptos se sintam na
conjunção de esforços
por alcançar um objetivo
comum, ligados por um
sentimento de sincera e
benévola cordialidade.
342. As mais secretas
leis do pensamento se
revelam nas
experiências. Quando, às
vezes, os membros de um
grupo estão agitados por
intensas preocupações,
pode a linguagem do
médium ressentir-se
desse fato. O mesmo se
dará com a ação dos
Espíritos sobre o médium
e reciprocamente.
Qualquer que seja o
predomínio de um
Espírito sobre o
sensitivo, se este se
acha desassossegado,
inquieto, agitado, as
comunicações
apresentarão o cunho
desse estado de
perturbação. As
inteligências que se
manifestam, quando sejam
pouco adiantadas, podem
também sofrer a
influência dos
assistentes.
343. Há, de modo geral,
entre o meio terrestre e
as entidades invisíveis
uma reciprocidade de
influências que é
preciso ter em
consideração na análise
dos fenômenos. O
Espírito elevado, porém,
mesmo em virtude de sua
superioridade e das
forças de que dispõe,
escapa a essas
influências, as domina e
governa, e se afirma com
uma autoridade que não
deixa lugar à menor
dúvida. É por isso que
convém acima de tudo
captarmos a intervenção
das almas superiores e
facilitá-la,
colocando-nos nas
condições que elas nos
impõem, sem as quais não
podemos atrair senão
Espíritos medíocres,
pouco aptos a nos servir
de guias e traduzir
fielmente os altos
ensinamentos do Espaço.
344. Os grupos pouco
numerosos e de
composição homogênea são
os que reúnem as maiores
probabilidades de êxito.
Se já é difícil
harmonizar as vibrações
de cinco ou seis pessoas
entre si e com os
fluidos do Espírito, é
evidente, a fortiori,
que as dificuldades
aumentam com o número
dos assistentes. É
prudente não exceder o
limite de dez a doze
pessoas, de um e outro
sexo, quando possível
sempre as mesmas,
sobretudo no começo das
experiências.
345. A renovação
frequente da
assistência, reclamando
contínuo trabalho de
fusão e assimilação da
parte dos Espíritos,
compromete ou pelo menos
demora os resultados. Se
é excelente, no ponto de
vista da propaganda,
franquear os círculos a
novos adeptos, é
necessário que ao menos
um núcleo de antigos
membros permaneça
compacto e constitua
invariável maioria.
346. Convém reunir-se em
dias e horas fixos e no
mesmo lugar. Os
Espíritos podem
apropriar-se, assim, dos
elementos fluídicos que
lhes são necessários, e
os lugares de reunião,
impregnando-se desses
fluidos, tornam-se cada
vez mais favoráveis às
manifestações.
347. A perseverança é
uma das qualidades
indispensáveis ao
experimentador. Aborrece
muitas vezes passar um
serão infrutífero na
expectativa dos
fenômenos. Sabemos,
contudo, que uma ação
insensível, lenta e
progressiva, se realiza
no curso das sessões. A
concentração das forças
necessárias não se
efetua, às vezes, senão
depois de repetidos
esforços, em reuniões de
tentativas e de ensaios.
348. Os seguintes
exemplos nos demonstram
que a paciência é
frequentemente a
condição do êxito. Em
1855 o professor Mapes
formou, em Nova Iorque,
um grupo de doze
pessoas, homens cultos e
cépticos, que combinaram
reunir-se, com um
médium, vinte vezes
seguidas. Durante as
dezoito primeiras noites
os fenômenos
apresentaram caráter tão
indeciso e trivial que
muitos dentre os
assistentes deploravam a
perda de um tempo
precioso; no curso das
duas últimas sessões,
porém, produziram-se
fatos de tal modo
notáveis que o estudo
foi prosseguido pelo
mesmo grupo durante
quatro anos; todos os
seus membros se tornaram
convencidos adeptos.
349. Em 1861, o
banqueiro Livermore,
experimentando com a
médium Kate Fox, com o
fim de obter
materializações do
Espírito de sua esposa
Estela, só à 24ª sessão
viu desenhar-se a sua
forma. Pôde mais tarde
conversar com esse
Espírito e obter
comunicações diretas. A
falta de perseverança
nenhum desses resultados
teria permitido colher.
350. Compreende-se, à
vista desses fatos,
quanto é necessário
aplicar uma atenção
rigorosa à composição
dos grupos e às
condições de
experimentação. Tal seja
a natureza do meio, a
faculdade do médium
produzirá efeitos
muitíssimo diversos. Ora
se manifestará em
fenômenos de caráter
equívoco, que
despertarão a dúvida e a
desconfiança, fazendo
que as sessões, em tal
caso, deixem uma
impressão de mal-estar
indefinível; ora dará
lugar a efeitos tão
poderosos que diante
deles toda incerteza se
dissipará.
351. Tenho, por minha
parte, assistido a
muitas sessões nulas ou
insignificantes; mas
também posso afirmar que
tenho visto médiuns
admiravelmente
inspirados em suas horas
de êxtase e de sono
magnético. Outros tenho
visto escrever de um
jato, às vezes mesmo na
obscuridade, páginas
magníficas de estilo,
esplêndidas de elevação
e de vigor. Tenho
assistido, aos milhares,
a fenômenos de
incorporação que
permitiam a habitantes
do Espaço apoderar-se,
durante algumas horas,
do órgão de um médium e
proferir frases,
discursos, com inflexões
tais que todos quantos
os ouviam guardavam
dessas reuniões uma
recordação imorredoura.
352. Para o observador
atento, que estudou
todos os aspectos do
fenômeno, há como que
uma gradação, uma escala
ascensional, que vai
desde os ligeiros ruídos
e os movimentos de mesas
até as mais altas
produções do pensamento.
É uma engrenagem que se
apodera do
experimentador imparcial
e cujo poder todos os
homens que têm a
preocupação da verdade
cedo ou tarde
reconhecerão.
353. Apesar das
hostilidades, das
repulsas e hesitações,
forçoso virá a ser um
dia consagrar-se, de
modo geral, ao estudo
das manifestações
físicas; este, por um
rigoroso encadeamento,
conduzirá à psicografia
e, em seguida, pela
visão e audição, à
incorporação; e desde
que se quiser investigar
as causas reais desses
fenômenos,
defrontar-se-á com o
grande problema da
sobrevivência.
354. À medida que o
observador penetrar
nesse domínio,
sentir-se-á pouco a
pouco elevado acima do
plano material. Será
induzido a reconhecer
que os fatos de ordem
física não são mais que
preparação para
fenômenos mais eminentes
e que todos, em
conjunto, convergem para
a manifestação desta
verdade: que a alma
humana é imperecível e
os seus destinos são
eternos. Conceberá,
desde então, das leis do
Universo, da ordem e
harmonia das coisas, uma
ideia cada vez mais
grandiosa, com uma noção
sempre mais profunda do
objetivo da existência e
dos imprescritíveis
deveres que ela impõe.
355. Nos fenômenos é,
portanto, necessário
distinguir três causas
em ação: a vontade dos
experimentadores, as
forças exteriorizadas do
médium e dos assistentes
e a intervenção dos
Espíritos. Os próprios
fenômenos se podem
dividir em duas grandes
categorias: os fatos
magnéticos e os fatos
mediúnicos; uns e
outros, porém,
intimamente se
entrelaçam e muitas
vezes se confundem.
356. O médium, uma vez
mergulhado em sono
magnético, acha-se em
três estados distintos
que se podem nele
suceder, a cada um dos
quais corresponde uma
ordem de fenômenos. São
eles:
1 - O estado superficial
de hipnose, favorável
aos fatos telepáticos e
à transmissão de
pensamento. Os que,
todavia, se produzem
nesse estado são em
geral pouco
concludentes; o
desprendimento do corpo
fluídico do médium é
incompleto, e sua ação
pessoal se pode misturar
à sugestão do Espírito.
2 - O sono magnético
real, que permite ao
corpo fluídico do médium
exteriorizar-se e agir à
distância.
3 - O sono profundo,
graças ao qual se
produzem as aparições,
as materializações, a
levitação do médium, as
incorporações. O sono
mediúnico, em suas
várias fases, pode ser
provocado, ora por um
dos experimentadores,
ora diretamente pelo
Espírito. Julgamos
preferível deixar agir a
influência oculta,
quando suficiente. Assim
se evitará a objeção
habitual de que a ação
do magnetizador favorece
a sugestão.
(Continua no próximo
número.)