Progresso e segurança
Vez em vez, somos
interpelados por amigos
domiciliados na Terra
que perguntam se será
realmente válido o
crescimento da
Civilização. E acentuam
que as engrenagens do
progresso material
passam no mundo a
lembrar mandíbulas de
gigante triturando
existências e deixando
vasto sulco de lágrimas.
Considerando, porém, o
progresso por lei da
vida, é mais razoável
ponderar quanto ao
imperativo de nossa
habilitação espiritual
para recebê-lo.
*
Nenhuma forma de vida
permanece estática nos
domínios da Universo.
Tudo vibra e tudo se
transforma com vistas ao
aperfeiçoamento
incessante. A lei da
evolução é irreversível.
Entretanto, é justo
observar que não surgem
vantagens sem preço.
O Criador determina
facilidades para a vida
e elevação das
criaturas, mas não exime
essas mesmas criaturas
do dever de usufruí-las
com responsabilidade
para o bem próprio.
O automóvel é concessão
divina, através da
criatividade humana,
para abreviar
providências, encurtando
distâncias. Impossível,
no entanto, que a dádiva
não esteja controlada
pelos regulamentos do
trânsito, em cujo
desrespeito o espírito
dos beneficiários é
corrigido nos resultados
da própria
imprevidência.
A força elétrica elimina
numerosos problemas,
relacionados com
rendimento de trabalho,
preservação, eficiência,
saúde e bem-estar, mas
não pode ser culpada
pelos acidentes em que
se envolve, quando não
seja protegida e
manejada com respeito de
quantos se lhe fazem
favorecidos.
Os aparelhos domésticos
economizam o esforço dos
braços; entretanto,
reclamam esforço mais
amplo do cérebro nos
domínios da atenção
evitando-se calamidades
dentro de casa.
Computadores ganham
tempo mas exigem estudos
complexos, para não
perturbar as operações
da inteligência
prejudicando a
comunidade.
*
O conflito entre
progresso e segurança
não decorre da máquina e
sim do homem que a
mobiliza, toda vez que
se mostre sem a
necessária
conscientização para o
trabalho.
Não acuses o Céu porque
o Céu te beneficie na
Terra.
Recebe os recursos da
Civilização com o apreço
que se deve à
Providência Divina que
os promove em auxílio à
Humanidade.
Nos eventos difíceis,
reverenciemos os
princípios de causa e
efeito que nos regem os
destinos, mas não nos
esqueçamos da lei de
renovação, em bases de
amor aos semelhantes,
capaz de superá-los.
E quando o desastre
porventura apareça,
examina criteriosamente
o mecanismo das
circunstâncias que o
produziram, e muito
raramente não
encontrarás a
imprevidência ou o
desequilíbrio do próprio
homem por trás dele.
Do cap. 28 do livro
Diálogo dos Vivos,
obra de autoria de
Francisco Cândido
Xavier, J. Herculano
Pires e Espíritos
diversos.