E a Vida Continua...
André Luiz
(Parte
22)
Continuamos nesta edição
o
estudo da obra
E a Vida Continua,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1968 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Ernesto Fantini não
gostou de saber que Caio
se havia apossado dos
bens que ele adquirira
em sua derradeira
existência. Que lhe foi
dito a respeito disso
pelo instrutor Ribas?
Notando a surpresa e a
decepção de Fantini,
visto que Caio –
namorado de sua filha –
valera-se de um ardil
para se apossar dos
bens, o instrutor Ribas
lhe disse: “Aceite a
realidade, meu amigo.
Todas as suas
propriedades no campo
físico, mediante a
desencarnação, passaram
ao domínio de outras
vontades e ao controle
de outras mãos. A vida
reclama o que nos
empresta, dando-nos em
troca, seja onde seja, o
que fazemos dela, junto
dos outros..." A lição é
expressiva. Os bens que
detemos não nos
pertencem e podem,
portanto, mudar de mãos,
sem que nada possamos
fazer. O apego aos bens
materiais é, em face
disso, algo que devemos
combater seriamente em
nós mesmos.
(E a Vida Continua, cap.
22, pp. 181 e 182.)
B. Ribas disse, a
respeito do assunto, que
Caio, ao agir como
estava agindo, enganava
a si mesmo. Que é que
ele quis dizer?
Primeiro, apossando-se
indevidamente dos bens
deixados à família por
Fantini, Caio assumia
largas dívidas perante
as Divinas Leis. Além
disso, segundo Ribas,
ele deveria
experimentar,
instintivamente, a fome
de ação para
enriquecer-se cada vez
mais. Apaixonar-se-á
pelo dinheiro e, em vez
de aproveitar as
alegrias da vida
simples, andará distante
da verdadeira
felicidade, escravizado
que ficará, por muito
tempo, à ambição de
ganhar e ganhar,
amontoar e amontoar. E
isso tudo, no fim, será
revertido em benefício
dos familiares de
Fantini, principalmente
de Elisa, a quem ele
presentemente impelia à
desencarnação prematura,
porquanto ela, prestes a
desencarnar naqueles
dias, deveria reencarnar
dentro de cinco a seis
anos, na condição de
filha de Caio e Vera.
(Obra citada, cap. 22,
pp. 181 e 182.)
C. Segundo Ribas, o
plano ora arquitetado
deveria estender-se por
30 anos. A quem estaria
reservada a tarefa de
execução, supervisão e
acompanhamento, para que
tudo ocorresse como
planejado?
O plano previa a volta
de Elisa e Túlio como
filhos de Caio e Vera,
bem como o retorno de
Desidério como filho
adotivo de Amâncio e
Brígida. Em seguida, no
momento oportuno, Elisa
e Desidério se
reencontrariam para
firmar matrimônio.
Admirado com os projetos
esboçados, Fantini
indagou de Ribas quem se
responsabilizaria pela
sua execução. "Vocês já
ouviram falar em guias
espirituais?" –
perguntou o instrutor a
Fantini e Evelina. Como
ambos ficassem em
silêncio, informou:
"Pois é... Vocês dois
serão os encarregados
do serviço em
perspectiva, com todas
as tarefas-satélites
que lhe forem
consequentes.
Esforçar-se-ão para que
Serpa e Vera se
consorciem; para que
Elisa se recupere após a
desencarnação, no menor
prazo possível; para que
Desidério volte ao
renascimento físico, nas
condições desejáveis, e
auxiliarão, ainda, a
Elisa, no retorno à
Terra, com o dever de
amparar-lhes o berço e a
meninice, além de que
estarão colaborando não
só para que a futura
genitora de Desidério
conquiste recursos
adequados para acolhê-lo
no claustro materno,
como também para que o
nosso amigo, a
reencarnar, venha a
sentir-se
convenientemente
instalado, na posição de
filho adotivo..." Dito
isto, Ribas acrescentou
com bom-humor:
"Trabalho para trinta
anos, meus amigos! Para
início de ajuste,
considerem-se
vinculados à nossa
cidade, em serviço, no
mínimo de trinta anos
pela frente!..."
(Obra citada, cap. 22,
pp. 185 a 187.)
Texto para leitura
85. Elisa é
internada -
Ribas informou, em
seguida, que Caio e Vera
haviam retornado à casa
de Vila Mariana, em São
Paulo, mas Elisa fora
internada, seis dias
antes, numa clínica de
saúde mental. É que,
instada por Caio, a
filha assumiu
responsabilidades e a
doente não pôde
resistir. As notícias
recebidas, no entanto,
destacavam enorme
gravidade nos
prognósticos quanto à
situação orgânica de
Elisa, que piorara muito
em relação ao processo
obsessivo de que era
vítima, advindo-lhe uma
trombose cerebral
progressiva, a indicar
desencarnação próxima.
Na verdade, ela sofrera
tal distúrbio após
terrível desgosto. "Que
desgosto?", indagou
Ernesto, e Ribas
informou: "Averiguamos
que Serpa, de algumas
semanas para cá,
pressionou Vera para
que se retirasse da
genitora a faculdade de
dirigir os próprios
negócios. Advogado de
muitas relações,
muniu-se de influências
diversas e, assim que
convenceu a futura sogra
a hospitalizar-se para
tratamento, que
assegurou não passaria
de dois a três dias,
obteve com as certidões
devidas o despacho da
autoridade competente,
favorável aos seus
propósitos, que
apresentou aos amigos,
em todas as
providências, como
sendo propósitos da
jovem a quem promete
desposar". Elisa, ao
reconhecer na casa de
saúde a impossibilidade
de mobilizar seus
recursos econômicos,
sofreu um grande choque,
porquanto, embora
obsidiada, se encontra
perfeitamente lúcida.
Caio tornara-se, com
isso, procurador da
enferma e da filha, com
poderes legais para
manejar-lhes todos os
bens. O mentor
acrescentou ainda que os
terrenos que a família
possuía em Santos já
haviam sido vendidos,
conforme decisão de
Caio, que embolsou no
negócio alguns
milhões, a título de
corretagem. Ernesto e
Evelina ficaram
decepcionados com a
nova maldade de Caio,
mas Ribas recomendou
evitassem pensamentos
de crueldade, pois era
indispensável envolver
Caio e Vera em ondas de
simpatia. "Vocês não
devem esquecer que os
dois, na equipe
doméstica – ajuntou o
mentor –, são amigos
providenciais. Se vocês
operarem com segurança,
no apoio afetivo de que
Caio não prescinde, ele
esposará Vera e será o
pai de Mancini na
existência próxima."
(Cap. 22, pp. 179 a
181)
86. Ninguém ilude
a lei de Deus -
O mentor esclareceu que,
caso isso se
confirmasse, Caio
resgataria o débito para
com Túlio, visto que,
havendo-lhe matado o
corpo físico, era
obrigado a restituir-lhe
esse mesmo patrimônio,
segundo os princípios de
causa e efeito. Além
disso, tranquilizaria
Evelina, ao se
encarregar no mundo da
reeducação de um
Espírito cujo
destrambelho emotivo
tanto trabalho vem
custando à jovem.
Ernesto titubeou, mas
Ribas cortou-lhe o
raciocínio, dizendo:
"Sei, Fantini, o que
você pensa. Você,
apegado ainda à família
consanguínea que o
Senhor lhe emprestou na
Terra, reconhece que
Serpa começou a
apoderar-se daquilo que
foi sua razoável
fortuna. Você,
indiscutivelmente, não
se deve iludir. Assim
como já negociou os
lotes que lhe pertenciam
em Santos, disporá
talvez de todo o
material que você
aprecia ainda como sendo
os seus apartamentos de
aluguel em São Paulo, a
sua residência de
Guarujá, as suas
apólices, as suas joias,
os seus depósitos
bancários e até mesmo o
seu pequeno mundo
doméstico de Vila
Mariana... Aceite a
realidade, meu amigo.
Todas as suas
propriedades no campo
físico, mediante a
desencarnação, passaram
ao domínio de outras
vontades e ao controle
de outras mãos. A vida
reclama o que nos
empresta, dando-nos em
troca, seja onde seja, o
que fazemos dela, junto
dos outros..." O
instrutor lembrou-lhe,
porém, que agindo assim
Caio enganava a si
mesmo, assumindo largas
dívidas perante as
Divinas Leis: "Retendo
os patrimônios materiais
de Elisa e Vera,
experimentará,
instintivamente, a fome
de ação para
enriquecer-se cada vez
mais. Apaixonar-se-á
pelo dinheiro e tão cedo
se sentirá saciado. Ao
invés de aproveitar as
alegrias da vida
simples, andará distante
da verdadeira
felicidade, escravizado
que ficará, por muito
tempo, à ambição de
ganhar e ganhar,
amontoar e amontoar... E
isso tudo, no fim, será
revertido em
benefício... Sabe de
quem?" – "Estimaria
saber...", respondeu
Ernesto. "Dos seus
familiares, meu caro, e
principalmente de Elisa,
a quem ele presentemente
impele à desencarnação
prematura com
apontamentos insensatos,
sequioso de lhe governar
as vantagens econômicas
em regime de ilusória
impunidade." O mentor
explicou então que
Elisa, cuja
desencarnação ocorreria
naqueles dias, deveria
reencarnar dentro de
cinco a seis anos, na
condição de filha de
Caio e Vera, logo após a
reencarnação de Túlio
Mancini, que lhes seria
o primogênito... (Cap.
22, pp. 181 e 182)
87. Os méritos de
Amâncio Terra -
De acordo com a
explicação de Ribas,
dentro de trinta anos,
quando Caio deveria
retornar à Vida
Espiritual, devolveria
ele à sogra espoliada –
então sua filha – e a
Vera Celina, sua viúva,
todos os patrimônios de
que se apropriava,
restituindo-os
positivamente
aumentados, acrescidos
de grandes rendimentos,
ao mesmo tempo em que
terá trabalhado o
bastante para legar a
Túlio, na nova
existência, uma
situação material
invejável... Evelina e
Ernesto estavam
estupefatos com a
segurança das Leis de
Deus! Caio Serpa não
devia, portanto, ser
considerado larápio ou
delinquente, mas aliado,
amigo, de quem
dependeria o futuro de
Vera, Elisa e Túlio.
Evelina perguntou,
então, a Ribas acerca de
Desidério, seu pai, para
quem ela estava sonhando
o regresso ao berço
terreno. O mentor
confirmou que isso já
constava do esquema em
curso. "Seu apelo foi
muito feliz e, com
semelhante medida,
Amâncio Terra, seu
padrasto, receberá o
socorro merecido",
asseverou Ribas. "Em
verdade, ele exterminou
o corpo de Desidério,
seu pai, alucinado na
paixão que lhe
enceguecia o espírito, e
apossou-se-lhe da casa e
dos recursos... É um
homem ateu e
evidentemente criminoso,
mas profundamente humano
e caritativo. Recolheu
os bens de seu pai; no
entanto, ao dilatá-los,
com administração
judiciosa e profícua,
fez-se o esteio
econômico para mais de
duzentos Espíritos
reencarnados, os seus
servidores e rendeiros,
com os descendentes
respectivos..." A todos
Amâncio protegia havia
mais de vinte anos;
nunca abandonou os que
enfermassem; nunca
desprezou os caídos em
prova; nunca deixou
crianças ao desamparo...
Ele, de fato, assassinou
Desidério e responderá
por essa falta, nos
tribunais da vida, mas
dedicou-se a Brígida, a
quem procurava
satisfazer os menores
desejos, na posição de
marido honesto e fiel...
Tantas preces subiam do
mundo, a favor dele,
pelas consolações e
alegrias que espalhava,
que chegou a merecer
mais amplas atenções dos
Maiores da
Espiritualidade.
Desidério tornaria,
assim, ao convívio do
homem que ainda odiava,
mas, ao ver-lhe as
qualidades nobres,
amá-lo-ia
enternecidamente, como a
um pai verdadeiro, de
quem receberia abnegação
e ternura, apoio e bons
exemplos. Amâncio
possuía apenas mais dez
anos de permanência no
corpo físico, de acordo
com os dados em poder de
Ribas; contudo, para um
homem com os serviços
por ele prestados, não
seria difícil obter
junto aos Poderes
Superiores moratória de
quinze a vinte anos a
mais, prolongando-se-lhe
o tempo na corrente
existência. (Cap. 22,
pp. 183 a 185)
88. Um programa
meticuloso -
"Nosso esquema –
informou Ribas – inclui
um acontecimento
importante... Nos dias
que virão, seremos
chamados a aproximar os
lares de Serpa e
Amâncio, porquanto
Desidério e Elisa,
reencarnados,
realizarão venturoso
matrimônio em plena
juventude... Envidaremos
esforço máximo, para que
Desidério se despeça de
nós, em breve tempo, na
direção da vida
física..." Evelina
chorava e Ernesto
refletia, empolgados
ambos ante a lógica do
plano estabelecido.
Evelina perguntou,
então, qual seria o
destino de dona Brígida,
sua mãe. "Sua mãezinha –
aclarou o mentor –
acompanhará os destinos
de Amâncio... Seu pai
desposou-a, mas não a
amava... Tanto assim
que, nas anotações e
relatórios de que
dispomos, você ainda
estava no berço
terrestre e ele já
gravitava para outros
campos sentimentais."
Ernesto, admirado com os
projetos esboçados,
indagou de Ribas quem se
responsabilizaria pela
sua execução. "Vocês já
ouviram falar em guias
espirituais?",
perguntou-lhes o
instrutor. Como ambos
ficassem em silêncio,
informou: "Pois é...
Vocês dois serão os
encarregados do serviço
em perspectiva, com
todas as
tarefas-satélites que
lhe forem consequentes.
Esforçar-se-ão para que
Serpa e Vera se
consorciem; para que
Elisa se recupere após a
desencarnação, no menor
prazo possível; para que
Desidério volte ao
renascimento físico, nas
condições desejáveis, e
auxiliarão, ainda, a
Elisa, no retorno à
Terra, com o dever de
amparar-lhes o berço e a
meninice, além de que
estarão colaborando não
só para que a futura
genitora de Desidério
conquiste recursos
adequados para acolhê-lo
no claustro materno,
como também para que o
nosso amigo, a
reencarnar, venha a
sentir-se
convenientemente
instalado, na posição de
filho adotivo..." Dito
isto, Ribas acrescentou
com bom-humor:
"Trabalho para trinta
anos, meus amigos! Para
início de ajuste,
considerem-se
vinculados à nossa
cidade, em serviço, no
mínimo de trinta anos
pela frente!..." Ernesto
contemplou Evelina,
tomado de profundo
enternecimento. Ela o
fitava e
sintonizava-se-lhe com a
onda de ideias e
emoções. Estavam ambos
com a paz de consciência
e a sós um com o outro,
na empresa que os
chamava. Entreolharam-se
e compreenderam-se. E ao
modo de aliados que se
reencontram para
veneráveis misteres, no
campo da vida, se
prometeram sem palavras
irmanar os corações,
transferindo um para o
outro os sagrados
tesouros afetivos que se
lhes devolviam da Terra,
convencidos de que
precisavam da escora
recíproca para a longa
jornada que se lhes
descerrava aos anseios
de redenção. (Cap. 22,
pp. 185 a 187)
(Continua na próxima
semana.)