Finalidade da vida
Estimados irmãos e irmãs
em Cristo, paz seja
conosco.
Trataremos hoje de um
assunto muito sério: a
finalidade da vida. Para
tal, faremos algumas
considerações sobre a
existência de Deus e a
imortalidade da alma.
Remontemos à alma. Como
surge? Quando? Onde? Por
quê? Para quê?
Dizia Lavoisier (1743 –
1794), o pai da química,
que na “natureza nada se
cria, nada se perde,
tudo de transforma”.
Filósofo e gênio
francês, Lavoisier teve
a infelicidade de viver
na época da Revolução
Francesa e foi
guilhotinado pelos
burgueses revoltosos em
1794, quando ainda
estava com 50 anos de
idade.
No século seguinte ao de
Lavoisier, Charles
Darwin (1809 - 1882),
naturalista britânico,
apresentaria ao mundo
sua teoria da seleção
natural e sexual. Essa
teoria viria a tornar-se
o paradigma central dos
diferentes fenômenos
biológicos.
Nesse mesmo século, por
meio das vozes dos
Espíritos, surge a
revelação de que, no
universo, existem três
elementos gerais: Deus,
espírito e matéria
(questão 27 de O
Livro dos Espíritos — LE).
Dizem os Espíritos
superiores que, “ao
elemento material é
preciso juntar o fluido
universal, que
desempenha o papel de
intermediário entre o
espírito e a matéria
propriamente dita”. O
fluido universal nada
mais é do que a energia
em estado
quintessenciado.
Surge mais um século e,
em 1905, Einstein
demonstra que a energia,
chamada fluido pelos
Espíritos, possui, como
a matéria, a propriedade
da inércia ou massa.
Confirma, assim, a
teoria lavoisiana de que
“a matéria, ao nível das
reações químicas, não
desaparece, se
transforma”.
Algumas décadas depois,
por intermédio de um
Espírito chamado André
Luiz, recebemos diversos
livros, psicografados
por Chico Xavier, com
narrações sobre a vida
espiritual, que nos
reafirmam a grande
verdade comprovada
cientificamente: “a
matéria é luz
coagulada”, ou: “a
matéria é energia
condensada”. Além disso,
a psicologia
confirma-nos que até o
pensamento é matéria.
Estaria assim confirmada
a teoria materialista?
Não, muito pelo
contrário. O que foi
confirmado é a teoria
dos Espíritos sobre a
existência, no universo,
de uma “trindade
universal” que não é a
do pai, filho e espírito
santo, da Igreja, mas a
da presença, cósmica de
um Espírito ordenador e
regulador de tudo o que
existe, ao qual podemos
denominar Deus, grande
Arquiteto, Ser supremo,
suma Inteligência etc.,
mas que a tudo rege, a
tudo prevê e provê. Ele
como que ejeta de Si,
incessantemente, pela
ação de seu pensamento,
uma força que movimenta
inteligentemente a
substância do universo:
o elemento espiritual,
que pode sofrer os mais
diversos tipos de
transformação, sob o
poder da Sua
Inteligência.
É desse elemento
espiritual que provém a
inteligência universal,
da qual se formam as
individualidades dos
Espíritos.
Deus é o Eu sou,
citado nas escrituras
sagradas, o Ser
incriado, eterno,
imutável, único,
soberanamente justo e
bom, a que os Espíritos
superiores denominam
inteligência suprema e
causa primeira de todas
as coisas (questão 1 do
LE). Pois bem, o
próprio Jesus Cristo, ao
se dirigir à samaritana
que tirava água do poço,
esclareceu-lhe: “— Deus
é Espírito [...]” (João,
4: 24).
Mas também somos
Espíritos divinos, pois
o Cristo confirmou o
salmista, em João,
quando lembrou aos
judeus de sua época: “—
Está escrito, vós sois
deuses [...]” (João, 10:
34). Somos, pois, deuses
gerados, Espíritos
filhos do Espírito, Pai
de tudo o que é formado
e se transforma, vez
que, viu bem Lavoisier,
nada se perde na
natureza.
Podemos, ainda, entender
a modificação eterna não
somente dos seres, como
propôs Darwin, mas
também de tudo o que
existe. Segundo os
Espíritos superiores
(questão 607-a do LE),
tudo na natureza se
encadeia e tende para a
unidade. Do elemento
inteligente universal
(questões 606 e 606-a
LE) surgem as almas
dos animais e as dos
homens, mas a
inteligência destes
passa por uma elaboração
superior à dos animais.
Antes de responder à
pergunta sobre o
surgimento da alma,
recordo-lhe, leitor
inteligente, que, assim
como há um mundo
material, há também um
mundo espiritual, “que
preexiste e sobrevive a
tudo” (questão 85 do
LE).
E o que é a alma? Nada
mais que “um espírito
encarnado” (questão 134
do LE). Passemos
ao surgimento da alma.
Ao longo de milhões de
anos, o espírito
inteligente é elaborado
em sua passagem pelos
três reinos: mineral,
vegetal e animal. E está
confirmada a teoria da
evolução das espécies de
Darwin.
Esse naturalista
equivocou-se apenas num
detalhe: tudo provém de
Deus e a Ele retorna,
numa evolução infinita,
pois, após o reino
mineral, sucedido pelo
vegetal que, por sua
vez, evolui para o
animal, surge o reino
hominal e, por fim, o
último degrau da
evolução espiritual: o
reino angelical, quando
já se pode afirmar, como
disse o Cristo: — “Eu e
o Pai somos um” (João,
10: 30).
E o que fazem os anjos?
Tocam trombetas
eternamente, sentados à
mão direita de Deus?
Não, meu amigo, para
esses Espíritos puros, o
trabalho é uma lei. Leia
no evangelho o que disse
Jesus: “— Meu Pai
trabalha até hoje, e eu
trabalho também” (João,
5: 17).
Esse trabalho não é,
porém, sinônimo de
exaustão em atividades
monótonas, entediantes.
É o poder de
transformação com Deus -
único que também cria -,
de desfrute indefinível,
na linguagem humana, das
delícias das produções
transformadoras muito
acima da arte e da
ciência medíocres dos
homens da Terra.
Concluamos, pois, com o
poeta-filósofo do
Espiritismo, Léon Denis
(In: O grande enigma.
Rio de Janeiro: FEB,
2008, cap. 1.):
De igual maneira que em
nós a unidade
consciente, a alma, o
eu, persiste no meio das
modificações incessantes
da matéria corporal,
assim, no meio das
transformações do
universo e da incessante
renovação de suas
partes, subsiste o Ser
que é a Alma, a
Consciência, o Eu que o
anima e lhe comunica o
movimento e a vida.
Ou seja, o que se
transforma,
incessantemente, no
mundo físico, é a
matéria, até atingir a
condição de espírito
inteligente, a partir do
qual participa da vida
de eterna aventura; até
atingir, com Deus, a
eterna ventura da vida,
ao compreender e
praticar Sua Lei do
Amor. Foi o que também
levou o poeta Léon Denis
a dizer que a alma dorme
no mineral, sonha no
vegetal, agita-se no
animal, desperta no
homem e prossegue
evoluindo na condição de
anjo (In: O problema
do ser, do destino e da
dor. Ed. FEB).
Desse modo, a alma é
elaborada na matéria,
mas para tornar-se
individualizada, é-lhe
acrescentado o elemento
inteligente universal,
princípio espiritual.
Surge, assim, o
Espírito, que, ao
encarnar, é denominado
alma.
Por que surge a alma?
Porque estamos nos
transformando, desde a
elaboração divina dos
elementos primitivos.
Para quê? Para atingir a
perfeição (questão 132
do LE). Primeiro,
no reino material, em
seguida,
individualizados, no
espiritual. Quando tal
acontecer, teremos
atingido o para quê:
para alcançarmos a
felicidade dos Espíritos
perfeitos, como
colaboradores divinos.
Tudo isso, pelo Poder da
Vontade de Deus,
expresso nesta frase:
Fiat lux (Gênesis,
1: 3). E a luz foi
feita.
Aproveitemos, pois, para
realizar todo o bem que
pudermos. Desse modo,
aprendendo e trabalhando
sempre, em prol do bem
de todos e sob a direção
de Jesus Cristo, já
estaremos recebendo,
desde já, o cêntuplo do
que fizermos pelo nosso
próximo (Mateus, 19:
29), sem o qual não é
possível existirmos.
Assim, a própria razão
do Ser divino
justifica-se por sua
obra, que não se
confunde com Ele, mas
que, como projeção do
Seu pensamento, da Sua
vontade, na substância
material e espiritual,
age de modo incessante,
sábio e eterno, amando
até mesmo os tolos que
duvidam de Sua
existência. Deus é Amor.
Somos todos, portanto,
interdependentes, pois,
como diz Paulo: "Em Deus
existimos, em Deus nos
movemos". Ao que
completamos: convivemos,
nos amamos e nos
transformamos. Fica com
Deus, amigo; Deus te
proteja, amiga.