A crueldade nossa de
cada dia
“Em
seu comportamento com os
animais todos os homens
são nazistas.” - Isaac
Bashevis Singer
“Talvez chegue o dia em
que o restante da
criação animal venha a
adquirir os direitos que
jamais poderiam ter-lhe
sido negados, a não ser
pela mão da tirania. A
questão não é ‘Eles são
capazes de raciocinar?’,
nem ‘São capazes de
falar?’, mas, sim: ‘Eles
são capazes de
sofrer?’”. – Jeremy
Bentham
A reportagem da revista
VEJA, edição 2344
de 23 de outubro de
2013, página 61, revela
mais uma das doses de
crueldade que o ser
humano pode infigir aos
animais. Nessa
reportagem encontramos a
notícia de que 250 cães
da raça beagle e
cinquenta coelhos,
usados em testes de
produtos cosméticos e
farmacêuticos, foram
dali retirados.
Se você quer ter uma
ideia do que sofrem os
animais em diversos
laboratórios do mundo,
vou relatar para você o
que é o chamado teste “Draize”.
Nesses testes, os
coelhos são imobilizados
completamente em
artefatos construídos
para esse fim e são
introduzidas nos olhos
desses animais as
substâncias a serem
testadas: cosméticos,
alvejantes, xampus ou
tinta. Como os animais
estão fortemente presos,
não conseguem sequer
esboçar reação de dor ou
de defesa alguma. E a
crueldade humana
prossegue introduzindo
nos olhos desses
animais, dia a dia,
pequenas doses das
substâncias que estão
sendo testadas.
Diariamente,
indiferentes ao que o
animal esteja sofrendo,
os pesquisadores vão
anotando em seus
relatórios o inchaço, as
ulcerações, infecções e
sangramentos produzidos
nos olhos desses
animais. Retornamos,
então, à pergunta de
Jeremy Bentham: eles são
capazes de sofrer? Essa
é a questão ética! Creio
que a resposta continua
com Isaac Bashevis
Singer: “Em seu
comportamento com os
animais todos os homens
são nazistas”!
Os insensíveis ou
inocentes (serão?)
argumentam que a vida do
ser humano depende de
substâncias testadas nos
animais. Será? Você
sabia que a penicilina
que salvou tantas vidas
não passou pelo teste em
animais? Você sabia que
a talidomida utilizada
por mulheres grávidas e
que levou ao nascimento
inúmeras crianças com
defeitos congênitos foi
aprovada em testes com
animais? Você sabia que
a insulina utilizada
para o controle do
diabetes no ser humano
foi reprovada em testes
com animais? Como
ficamos? Quantos animais
sofreram e morreram em
vão apenas com essas
três medicações? Que
dizer de tantas outras
mais das quais nem
notícias sabemos?! Não
existe infalibilidade
nos testes em animais de
laboratório, mas a dor
que sentem e passam até
morrer, essa é real,
está sempre presente.
Mas o que importa isso
ao homem que dá provas
diárias do que é capaz
de fazer contra o seu
semelhante, não é mesmo?
Se você ainda não se
convenceu do que se
passa nesses locais de
pesquisas, quando apenas
estão os pesquisadores e
suas vítimas, vou
relatar mais um caso
ocorrido na Universidade
da Pensilvânia. A
experiência era com
símios. No protocolo
oficial para obter
verbas, constava que
esses animais deveriam
ser antes anestesiados
e, depois, receber
traumas em suas cabeças
para ver o que ocorria
com o seu cérebro. Essas
experiências eram
gravadas em vídeos. Sabe
o que esses vídeos
revelaram quando foram
roubados do laboratório
por grupos de defesa
animal? Os símios eram
amarrados, espancados
com extrema crueldade
sem anestesia nenhuma, e
tinham as suas cabeças
abertas para que os
“caridosos” cirurgiões
que agiam em favor da
humanidade trabalhassem
com os animais
contorcendo-se em dores
atrozes até a morte.
Se você entende os
animais como nossos
irmãos menores a quem
devemos proteção e
auxílio, leia o livro
Libertação Animal de
Peter Singer. Nele estão
estampadas algumas das
barbaridades que o ser
humano, animal racional,
ainda é capaz de fazer
com os indefesos seres
que a Providência Divina
permite que existam e
cresçam rumo à
perfeição.
Não posso encerrar
melhor do que utilizando
os ensinamentos de Chico
Xavier: “Nossos
benfeitores espirituais
nos esclarecem que é
preciso que todos nós
consideremos que os
animais diversos, a nos
rodearem a existência de
seres humanos em
evolução no planeta
Terra, são nossos irmãos
menores, desenvolvendo
em si mesmos o próprio
princípio inteligente.
Se nós, seres humanos,
já alcançamos os
domínios da
inteligência,
desenvolvendo agora as
potências intuitivas,
eles, os animais, estão
aperfeiçoando
paulatinamente seus
instintos na busca da
inteligência. Da mesma
maneira que nós humanos
aspiramos alcançar algum
dia a angelitude na Vida
Maior, personificada em
nosso mestre e senhor
Jesus, eles, os animais,
aspiram ser no futuro
distante homens e
mulheres inteligentes e
livres. Assim sendo, nós
podemos nos considerar
como irmãos mais velhos
e mais experimentados
dos animais. Ora, nós já
sabemos que a Lei Divina
institui a solidariedade
entre os seres, e, por
isso, podemos facilmente
concluir que a nós,
seres humanos, Deus
outorgou a condução e a
proteção de nossos
irmãos mais novos, os
animais. E o que é que
nós estamos fazendo com
esta responsabilidade
santa de proteger e
guiar o reino animal?”
(Lições de Sabedoria,
página 194)
Nem queira saber, Chico,
nem queira saber!...