Saindo da
escuridão
Platão, no livro
A República,
capítulo VII,
convida o leitor
a imaginar “um
grupo de seres
humanos que
vivem em uma
caverna
subterrânea
desde a
infância. Esses
indivíduos vivem
nesta caverna
desde a
infância, e eles
estão com seus
pescoços e
pernas
acorrentados uns
aos outros. Eles
só conhecem a
caverna e nada
mais. A uma
certa distância
há uma fogueira,
única fonte de
calor e de luz.
As sombras
desses
indivíduos são
projetadas pelo
fogo na parede
da caverna; no
entanto, eles
desconhecem
serem suas
próprias sombras
e, portanto,
ficam temerosos
das figuras em
movimentos que
aparecem na
caverna”.
O autor
acrescenta no
mesmo capítulo
que “supondo-se
que esses
indivíduos de
repente possam
se libertar das
correntes e
andar livremente
pela caverna,
será que eles
acreditariam
estarem livres?
Será que eles
acreditariam que
as sombras na
parede fossem
apenas um
reflexo de si
mesmos? Será que
tentariam fugir
da luz da
fogueira, ou se
aproximariam do
fogo sem
pestanejar? E
supondo-se,
ainda, que
descubram uma
pequena passagem
que os levassem
para fora da
caverna, na
presença da
intensidade e da
claridade do
sol, será que a
visão iria
escurecer com o
excesso de luz
do sol?”.
Enquanto Platão
nos convida a
refletir sobre a
necessidade de
nos libertarmos
das correntes
que nos prendem
ao “normal e
corriqueiro”, o
escritor, Ralph
Waldo Emerson,
no seu texto
intitulado
“Autossuficiência”,
nos ensina a
"aceitarmos o
lugar que a
providência
divina nos
colocou", seja
este lugar
dentro ou fora
da caverna,
porém sem medo e
com confiança.
Mas qual seria a
forma de sair da
caverna sem medo
e com confiança?
Qual seria a
forma de aceitar
o lugar que a
providência
divina nos
colocou?
Suponhamos que a
forma pela qual
avançamos das
sombras para a
luz seja através
da gratidão. A
gratidão torna
as pessoas mais
felizes e
saudáveis,
ajudando a
reduzir o
estresse durante
períodos de
dificuldades. A
adoção de
atitudes
permanentes de
gratidão pode
ser um antídoto
natural contra a
depressão,
principalmente
durante períodos
de dificuldades
emocionais.
Suponhamos que a
forma pela qual
saímos das
trevas seja
através da
prática da
solidariedade e
da compreensão
da realidade do
outro.
Suponhamos
ainda, que o
caminho seja
através da
congruência de
nossos atos e
palavras. Ou
seja, quando
falamos uma
coisa e fazemos
outra estamos
sendo
inconsistentes,
incongruentes e
comunicamos
incerteza.
O filósofo
francês
Baudelaire dizia
que, quando
somos curiosos,
atentos, gratos,
solidários,
congruentes e
menos egoístas,
vivemos a vida
com intensidade
ao invés de
viver à margem
da vida,
reclamando da
escuridão da
caverna. De
acordo com o
catedrático
francês Alan
Kardec, “saímos
da escuridão
quando somos
menos egoístas,
menos
orgulhosos,
quando somos
capazes de
praticar a
bondade e a
generosidade
indiscriminadamente
a todos”.
Destarte, não
importa o
caminho que
escolhemos para
sair da
escuridão, o
importante é que
façamos a nossa
escolha e
sejamos
congruentes com
ela. Sendo
assim, “volte o
seu rosto para
um céu maior que
este mundo, e
aprenda a ser
verdadeiro nas
suas palavras e
ações”.