Na semana passada
apresentamos a narrativa de
Chico sobre um concurso
escolar para o quarto ano de
todas as escolas estaduais
de Minas Gerais, quando um
Espírito ditou para ele uma
redação sobre a história do
Brasil. Chico ganhou Menção
Honrosa. Então começou o
falatório com opiniões bem
distintas sobre o que
aconteceu, principalmente
dentro da sala de aula, e o
próprio Chico conta como foi
o desfecho desse assunto. É
importante lembrarmos que
naquela época Chico tinha 12
anos de idade. Ele narrou
essa história para Elias
Barbosa, que editou seu
livro em 1968; portanto
Chico estava com quase
sessenta anos.
Ouçamos Chico:
– Dona Rosária acreditava em
minha sinceridade, mas a
nossa turma no Grupo ficou
dividida. Alguns colegas
admitiam que eu falava a
verdade, outros me
consideraram mentiroso.
Muito me desgostavam as
acusações que passei a
sofrer na vida escolar, até
que um dia, em aula, um
colega afirmou que se eu
vira um homem do outro mundo
ditando a prova, pela qual
fora premiado, era natural
que eu visse esse homem,
outra vez, ali mesmo e
naquela hora, ao lado de
todos, para escrever sobre
algum assunto que a própria
classe viesse a apresentar.
Nesse justo instante, tornei
a ver o homem que os outros
não viam e comuniquei à
professora que ele me dizia
estar pronto para escrever.
Dona Rosária Laranjeira
hesitou e aceitar o
oferecimento, entretanto, os
meus colegas pediram em voz
alta para que eu atendesse.
A professora, então, me
permitiu ir ao quadro negro,
a fim de escrever à vista de
todos. “Qual é o tema para
Chico”, perguntou um dos
meninos. Uma nossa colega de
nome Ocarlina Leroy lembrou:
“Gostaria que o tema fosse
areia, porque tenho
carregado muita areia para
auxiliar uma pequena
construção de meu pai”.
Todos os meninos presentes
riram-se da lembrança e
acharam que areia era uma
coisa desprezível. Alguns
fizeram piadas, mas o pedido
de Ocarlina foi sustentado.
Eu devia escrever uma
composição usando giz no
quadro negro, sobre areia.
Lembro-me de que o espírito
amigo, ali, ao meu lado,
começou ditando: “Meus
filhos, ninguém escarneça da
criação. O grão de areia é
quase nada, mas parece uma
estrela pequenina refletindo
o sol de Deus...” A
composição foi escrita com
muitas ideias que eu seria
incapaz de conceber com meus
doze anos de idade. Os
meninos ficaram em silêncio,
por alguns instantes, e
quando voltaram a conversar,
a nossa professora
determinou o encerramento do
assunto. Daí em diante, Dona
Rosária proibiu qualquer
comentário em classe sobre
pessoas invisíveis. Nem eu
podia dar notícias de coisas
estranhas que eu visse e nem
meus colegas deveriam me
perguntar qualquer coisa
fora de nossos estudos. Como
é fácil de verificar, desde
a infância estou no meio de
quem acredita e de quem não
acredita no Mundo Espiritual
e as mensagens do Mundo
Espiritual vão surgindo
comigo, dando-me, cada vez
mais, o conforto da fé na
vida além da morte...
(“No Mundo de Chico Xavier”,
de Elias Barbosa, editora
Calvário.)
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