E ela nem é espírita!
“A lei cósmica respeita
o seu livre-arbítrio,
mas, simetricamente,
impõe a correção, quando
você a desrespeita ou se
atrita com ela.” –
Hermínio C. Miranda.
A revista Seleções
READER´S DIGEST, em sua
edição de agosto de
2013, páginas 54 a 57,
traz uma reportagem de
Jutarat Tongpiam, sobre
uma jovem de Bangcoc,
capital da Tailândia,
Galwalin Surakup, que
resolveu socorrer cães
que ficavam com
paralisia de suas patas
devido a doenças ou
traumas. Tudo começou
quando seu cachorro
grande e brincalhão da
raça chow-chow adoeceu e
não pôde mais andar. O
veterinário do animal
apenas receitou
medicações para aliviar
a dor enquanto o
cachorro tentava
arrastar-se pela casa. A
moça tailandesa acabou
descobrindo que havia
uma espécie de cadeira
de rodas para cães, mas
que custava 600 dólares
para ser importada. Além
disso, o material de que
era feita, a deixava
muito quente e,
portanto,
desconfortável, podendo,
inclusive, acumular
micróbios. A moça
condoída com a situação
do animal resolveu
produzir ela mesma um
modelo à base de aço,
rodas de borracha e
estofamento de veludo.
Contratou metalúrgicos e
deu início à fabricação.
Testou os protótipos no
próprio cão e em outros
40 animais deficientes
indicados por
veterinários. Como o
aparelho deu certo, a
procura do mesmo começou
a aumentar muito e a
moça tailandesa deu
origem a um negócio em
escala maior. Hoje
produz 200 cadeiras por
mês e as exporta para
países asiáticos,
América do Norte, Reino
Unido e Bélgica. Ela tem
parceria com a Sociedade
Mundial de Proteção
Animal (WSPA) e com o
Lar para Animais
Incapacitados,
doando parte da renda
das cadeiras para essas
entidades. Além disso,
doa cadeiras para donos
de animais que não podem
pagar. Ela expandiu a
linha de produção
adaptando-as para gatos,
coelhos,
ouriços-pigmeus,
porquinhos-da-índia e
furões.
Se você acha que abriu
algum artigo errado que
nada tem a ver com
Espiritismo, pode ficar
tranquilo. Para isso
lanço mão da questão de
número 607 de O Livro
dos Espíritos: “Foi
dito que a alma do
homem, em sua origem,
está no estado da
infância na vida
corporal, que sua
inteligência apenas
desabrocha e ensaia para
a vida (190); onde o
Espírito cumpre essa
primeira fase?”. E a
resposta que passa a
explicar o atual artigo
é a seguinte: “Numa
série de existências que
precedem o
período a que chamais de
humanidade”. (grifo
nosso)
Continuando ainda na
questão 607: “A alma
pareceria, assim, ter
sido o princípio
inteligente dos seres
inferiores da
criação?” (grifo nosso)
A resposta esclarece
melhor a intenção desse
artigo: “Não dissemos
que tudo se encadeia na
Natureza e tende à
unidade? É nesses seres,
que estais longe de
conhecer totalmente, que
o princípio inteligente
se elabora, se
individualiza pouco a
pouco e ensaia para a
vida, como dissemos. É,
de alguma sorte, um
trabalho preparatório,
como o da germinação,
em seguida ao qual o
princípio inteligente
sofre uma transformação
e se torna Espírito”.
(destacamos)
Quando comecei a ler
sobre a Doutrina
Espírita, que defendia
(como defendo), segundo
entendi (e entendo), que
passamos pelo reino
animal em direção ao
reino hominal, muitos
companheiros espíritas
não aceitavam tal
assertiva. Argumentavam
que eu não havia
entendido direito.
Continuei com o meu
ponto de vista porque se
pretendemos atingir o
reino angelical no
sentido de Espíritos
perfeitos, por que negar
aos animais o direito de
caminhar para o reino
hominal? Será que somos
tão melhores do que eles
em nossos momentos de
“animalidade”
consciente? Não são eles
também criaturas de
Deus, ou será que alguma
espécie de homem os
criou para o seu
deleite? Dessa forma,
quando vejo alguém como
a jovem da reportagem se
sensibilizando com os
animais, acredito que
ela cuida de criaturas
que também são de Deus.
Pratica a Lei do Amor,
do verdadeiro Amor.
Quantas pessoas não vão
à igreja de sua devoção
e tratam os animais como
coisa, como objeto de
uso descartável? Estaria
Francisco de Assis
errado ao chamá-los de
irmãos? Afirmava o
Apóstolo Paulo que em
Deus existimos e em Deus
nos movemos. Como
acreditar que uma pessoa
crê realmente no
Criador, se violenta
suas criaturas? Se eu
digo a alguém que amo
essa pessoa e maltrato a
um de seus filhos, como
fazer essa pessoa
acreditar em mim? Agimos
como os hipócritas da
época de Jesus. E olha
que não são poucas as
pessoas que “batem no
peito” e maltratam
insensivelmente os
animais. Quando poluímos
os rios e a atmosfera;
quando devastamos
florestas correndo atrás
do dinheiro que será
barrado na alfândega do
túmulo; quando agredimos
animais indefesos e que
não têm culpa de terem
nascido, violentamos a
harmonia do Universo que
determina o Amor a tudo
e a todos. É como se
partíssemos o cristal da
sinfonia cósmica.
Agendamos para nós
mesmos o trabalho de
repará-lo. Ferimos a
própria consciência que
passará a exigir o
retorno à paz através do
trabalho retificador. E
como não gostamos de
trabalhar a não ser em
troca do dinheiro farto,
esse outro tipo de
trabalho geralmente nos
causa dor, embaraços,
dificuldades, tropeços,
obstáculos, problemas
variados, protestos,
blasfêmias, deixando-nos
a bradar como se
inocentes fôssemos: por
que sofremos? Por que
vivo num planeta como
esse? Por que um
criminoso é capaz de
cometer tal barbaridade?
Do que somos capazes nós
contra os animais
inocentes e indefesos?
Como dizia Hermínio C.
Miranda, viver é
escolher. Somos livres
para escolher o bem ou o
mal. Podemos escolher
amar ou odiar. Só que
não devemos perder de
vista que escapar à
lei Humana é possível, à
de Deus, jamais, ou o
universo entraria em
colapso, como ele
também afirmava.
Ninguém é obrigado amar
os animais se assim
entender que deva
proceder, mas a ninguém
é dado o direito de
maltratá-los.