O Espiritismo e
a
metempsicose
Outro dia, me
atentei a ouvir
a explanação de
um sacerdote
católico com
relação a
imortalidade da
alma. Para
fazer-se
entender, o
representante da
igreja romana
citou diversas
religiões,
elencando o que
cada uma delas
defendia. Ao
mencionar o
Espiritismo,
explicou que a
doutrina
codificada por
Allan Kardec se
fundamenta na
reencarnação.
Até aí tudo bem;
entretanto, ele
foi mais além e
afirmou que a
reencarnação
deriva da
primitiva teoria
de metempsicose.
O que não é
verdade.
A teoria da
metempsicose (do
grego: meta:
Alem de : em + psiquê:
alma), surgiu
nas civilizações
antigas (Egito,
Grécia e Roma) e
fora bastante
difundida por
alguns dos
grandes
filósofos da
humanidade, como
Pitágoras e
Platão. De uma
maneira geral
ess expressão
representa a
transmigração da
alma. O Espírito
troca de corpo a
cada vez que
este perece,
podendo
inclusive ocupar
um corpo físico
de um animal ou
um vegetal. Essa
teoria ainda
hoje é
sustentada por
algumas
religiões
(Budismo e
Hinduísmo).
Já a
reencarnação (do
latim in
carnare:
fazer-se carne),
apesar de partir
do mesmo
princípio,
possui outro
significado.
Reencarnar é
dizer que a alma
pode retornar em
outro corpo
carnal, sem
qualquer
semelhança com o
antigo. A grande
diferença entre
esses conceitos
é que a
metempsicose
defende a
possibilidade do
retorno da alma
em outras
condições que
não seja a
humana e para a
reencarnação
isto não é
plausível.
Allan Kardec
trata do assunto
em o "Livro dos
Espíritos":
611. A
comunhão de
origem dos seres
vivos no
princípio
inteligente não
é a consagração
da doutrina da
metempsicose?
- Duas coisas
podem ter a
mesma origem e
não se
assemelharem em
nada mais tarde.
Quem
reconheceria a
árvore, suas
folhas, suas
flores e seus
frutos no germe
informe que se
contém na
semente de onde
saíram? No
momento em que o
princípio
inteligente
atinge o grau
necessário para
ser Espírito e
entrar no
período de
humanidade, não
tem mais relação
com o seu estado
primitivo e não
é mais a alma
dos animais,
como a árvore
não é a semente.
No homem,
somente existe
do animal o
corpo, as
paixões que
nascem da
influência do
corpo e os
instintos de
conservação
inerente à
matéria. Não se
pode dizer,
portanto, que
tal homem é a
encarnação do
Espírito de
tal animal e,
por conseguinte,
a metempsicose,
tal como a
entendem, não é
exata.
612. O Espírito
que animou o
corpo de um
homem poderia
encarnar-se num
animal?
- Isso seria
retrogradar, e o
Espírito não
retrograda. O
rio não remonta
à nascente. (Ver
item 118.)
613. Por mais
errônea que seja
a ideia ligada à
metempsicose,
não seria ela o
resultado do
sentimento
intuitivo das
diferentes
existências do
homem?
- Reconhecemos
esse sentimento
intuitivo nessa
crença como em
muitas outras;
mas, como a
maior parte
dessas ideias
intuitivas, o
homem a
desnaturou.
Ainda segundo o
Espiritismo,
Deus é a
inteligência
suprema, causa
primária de
todas as coisas.
A partir dele,
primeiramente, e
de outros dois
princípios
(espírito e
matéria),
forma-se tudo
que constitui o
universo. É o
que conhecemos
como trindade
universal (Deus,
Espírito e
Matéria).
Entre a matéria
e o espírito
encontra-se o
fluido cósmico
universal, que
anima os reinos
existentes
(mineral,
vegetal e
animal); à
medida em que
esse fluido se
desenvolve, o
princípio
inteligente
(espírito) se
estabelece.
"O fluido
cósmico
universal é a
matéria
elementar
primitiva, cujas
modificações e
transformações
constituem a
inumerável
variedade dos
corpos da
Natureza."
(A Gênese, cap.
XIV, itens 2 a
6.)
Toda a criação
de Deus está
submetida à
marcha do
progresso,
podendo
permanecer
estacionada por
um período
transitório,
entretanto,
jamais
retrocede. Por
esse motivo, a
teoria de
metempsicose não
se encaixa nos
princípios do
Espiritismo.
Retornar a um
corpo animal ou
vegetal seria
retroagir a
condições
primárias de
evolução.