Alternativas no prato
Quanto à classificação
alimentar, o homem é
considerado onívoro, ou
seja, come qualquer tipo
de alimento. No entanto,
vem crescendo bastante o
número de pessoas que
estão “pensando” antes
de colocar comida no
prato. As motivações
variam desde posições
filosóficas até as
relações com o meio
ambiente, passando pelo
que parece ser a
preocupação da maioria:
os cuidados com a saúde
do corpo.
Nos últimos anos a
questão da dieta humana
tem sido fartamente
pautada nas mídias. Os
estudos sobre nutrição
coloriram e enriqueceram
o cardápio nosso de cada
dia, colocando à nossa
disposição alternativas
variadas de consumo.
Na questão específica
dos nutrientes não há
mais certezas absolutas
hoje em dia. Os próprios
médicos e nutricionistas
já divergem, por
exemplo, sobre a base da
fonte de proteínas para
a correta nutrição. Para
uns, a carne é a
principal delas e não
pode ser substituída,
enquanto outros já
propõem orientações mais
flexíveis.
A mobilização cada vez
maior das pessoas na
busca de esclarecimento,
estimulada pelo enorme
volume de informações
disponíveis, não parece
expressar apenas mais um
modismo, como alguns
movimentos no passado,
mas o início de uma
conscientização ditada
por novos valores que
afloram nas sociedades
contemporâneas.
Reciclagem,
reutilização,
certificação, redução,
mais que simples
palavras, estão
apontando comportamentos
novos elaborados a
partir do desejo de
conservar um planeta que
pede socorro e manter a
vida em padrões
aceitáveis. Esse
movimento de ideias não
estará também se
refletindo na forma de o
homem se alimentar? Se
considerarmos os animais
como nossos “irmãos”,
como pensam, aliás,
muitas correntes
religiosas e filosóficas
do mundo, a rejeição
crescente ao hábito
onívoro do homem não
estará configurando uma
luta contra o que
poderíamos chamar de
“antropofagia” humana?
Em termos globais, a
natureza está impondo
limites ao homem
reagindo às suas
investidas
desorientadas. Os
distúrbios no
ecossistema são pura
reação. É cada vez
mais urgente buscar
soluções práticas de
conduta relacionadas à
educação das sociedades,
à suavização dos
costumes, inibindo ações
abusivas, desde as mais
corriqueiras até as
sistêmicas. Hoje se sabe
que, além de carros e
indústrias, a imensa
cadeia produtiva da
carne tem interferido na
qualidade de vida no
planeta.
O Espiritismo contribui
nesta hora explicando
que as turbulências
generalizadas pelo globo
coincidem, não por
acaso, com o despertar
do homem para uma
mentalidade mais
amadurecida que já
considera a nova
realidade além da
matéria. É como se a
humanidade pressentisse,
pressionada por
episódios externos (como
sempre), que a vida na
Terra já pode comportar
valores mais
consistentes e
definitivos.
As preocupações
exageradas com o
corpo que se têm
visto em nosso tempo,
ressaltando a
sensualidade e a
obsessão estética, são
um modismo sazonal. Não
se sabe quanto ainda vai
durar, mas vai passar.
Já o interesse pela
saúde do corpo
pode significar que se
estão nutrindo
expectativas de maior
responsabilidade e
adentrando no domínio
das preocupações mais
relevantes.
É fácil constatar,
assim, que o passo
imediato do progresso
humano será reagir
contra a escravidão dos
instintos e dos hábitos
milenares. Com os ares
de renovação que tendem
a oxigenar o pensamento
humano, prevalecerão os
valores morais que darão
ao Espírito o controle
consciente sobre o
corpo, que será
importante apenas como
instrumento de
manifestação da vida na
Terra.
Mas, enquanto caminhamos
nessa direção, será útil
pensarmos nas mudanças
que já podemos implantar
em nossa vida. São
muitas, e a reeducação
alimentar é uma delas.
Não parece, mas essa
atitude, generalizada
com o tempo, terá
repercussões muito
positivas no sistema da
vida planetária.
Com a reeducação
alimentar estar-se-á
trabalhando seguramente
para a transformação do
planeta, com ganhos
substantivos para o
homem, que terá uma vida
mais simples, mais
saudável, mais longeva,
e para o Espírito, que
refletirá maior
equilíbrio e mais
harmonia com aquilo que
Deus espera de nós.
Mudar hábitos
alimentares pode, sim,
significar que se está
em sintonia com os novos
tempos, que comportam
mudanças materiais e
transformações
comportamentais numa
conjugação de ações,
divinas e humanas.