Deus te vê
Maria Dolores
Deus te vê, alma
querida,
Quando te pões na trilha
escura,
Para ajudar aos filhos
da amargura
Que tanta vez se vão
Como sombras errantes no
caminho
— Chagas pensantes ao
relento —,
Entre as nuvens do Pó e
as pancadas do Vento,
Com saudades do Pão...
Deus te vê a mensagem de
bondade
Com que suprimes ou
reduzes
As provações, as
lágrimas e as cruzes
Dos que vagam na rua sem
ninguém,
E te agradece as posses
que desprendes,
No auxílio ao
companheiro em
desamparo,
Seja um tesouro
inesperado e raro,
Seja um simples
vintém!...
Deus te vê quando
estendes braço amigo
Aos que carregam lenhos
de tristeza,
Doando-lhes o afeto, o
abrigo, a mesa,
O remédio, a camisa, o
cobertor...
E, por altos recursos
sem que o saibas,
Manda que a Lei te
aumente os dons divinos,
Em mais belos destinos,
Para a glória do amor.
Deus te vê na palavra
com que ensinas
A senda clara e boa
Da verdade que alenta e
que abençoa
Sem perturbar e sem
ferir...
E determina aos homens
que teu verbo
Seja apoiado, aceito
E ouvido com respeito,
Na construção excelsa do
porvir.
Deus te vê quando
acolhes sem revide
O golpe da pedrada que
te insulta,
O braseiro da ofensa, a
dor oculta
Em ferida mortal...
E te louva o perdão
espontâneo e sincero
Com que ajudas o Céu no
trabalho fecundo
De extinguir sem alarde,
entre as sombras do
mundo,
A presença do mal!...
Deus te vê, através da
caridade!...
Mas não só isso... Em
paz calada e santa,
Pede alguém que te siga
e te garanta
Na jornada de luz!...
E, por isso, onde estás,
rujam trevas em torno,
Sofras humilhação,
injúria, cativeiro,
Tens contigo um sublime
companheiro:
— Nosso Amado Jesus!
Do livro Antologia da
Espiritualidade, de
Maria Dolores, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.
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