O espírita e o
movimento
espírita
Na atualidade,
nas reflexões
dentro da Casa
Espírita, muito
se fala em torno
do movimento
espírita, sua
abrangência e o
que fazer para
melhorá-lo,
sendo que
encontramos no
livro
“Cintilação das
Estrelas”, do
confrade Raul
Teixeira,
excelentes
apontamentos do
benfeitor Camilo
acerca da
temática em
questão.
Camilo conceitua
o movimento
espírita como
sendo “movimento
dos homens que
se
sensibilizaram
com o chamamento
do Consolador,
que deve, por
isso mesmo,
colocar-se a
serviço do
Cristo, para que
Ele conduza o
progresso de
todos nós,
Senhor que é de
todos os
movimentos de
alevantamento do
homem da sua
indigência
espiritual para
os labores do
seu próprio
aprimoramento”.
Em sendo um
movimento dos
homens,
certamente
encontraremos em
seu bojo as
imperfeições e
os limites que
caracterizam a
criatura humana
em seu atual
estágio de
evolução,
contudo,
interessados que
somos na
expansão do
Espiritismo,
visando à
iluminação de
consciências e
não a conversão
do próximo,
temos que nos
melhorar
individualmente
para que haja
reflexos
positivos no
movimento
espírita.
Não há como
melhorar a
qualidade do
movimento
espírita, em
todos os seus
aspectos
(doutrinários,
expansão com
qualidade,
formas de
divulgação
etc.), se os
espíritas não se
dedicarem com
afinco e
seriedade na
própria tarefa
de
autoiluminação.
O citado
benfeitor
assevera que
“no trabalho
imensurável da
Oficina do
Consolador,
nosso exemplo e
nossa dedicação
farão, do seu
Movimento
enobrecido, o
verdadeiro
retorno dos
Irmãos de Jesus,
amando e
sofrendo para
aprender e
ensinar, a fim
de que,
levantando o
Cristo em nós,
sejamos capazes
de apresentá-Lo
aos nossos
companheiros da
estrada humana,
vivendo o
entendimento da
fraternidade no
ministério
luminoso”.
Ao citar o
retorno dos
Irmãos de Jesus,
obviamente que
Camilo está
comparando a
disseminação do
Espiritismo ao
crescimento do
evangelho à
época do Cristo
e nos três
séculos
posteriores,
porque temos que
nos esforçar
para conquistar
as mesmas
qualidades dos
cristãos
primitivos (fé,
coragem,
simplicidade,
seriedade etc.),
com o escopo de
que o amor e a
identificação
com o Cristo
sejam as
características
primordiais do
espírita e,
portanto, do
movimento
espírita.
Para facilitar a
reflexão
profunda em
torno deste
tema, Camilo nos
apresenta
algumas das
principais
virtudes
pessoais para
que possamos
contribuir para
a boa qualidade
do movimento
espírita. São
elas:
1) Fé – a
racionalidade da
fé alicerçada
nos ensinos
espíritas é de
primordial
importância, a
fim de que o
movimento
espírita possa
crescer com
coragem e
entusiasmo, sem
pieguismos,
tendo a
fidelidade do
espírita à
vivência do
evangelho como a
usina de força a
sustentar esse
movimento;
2) Afeto aos
irmãos – muito
se fala em
unificação do
movimento
espírita, o que,
de fato, é
importante,
todavia, somente
conseguiremos
essa unificação
se houver afeto
e respeito entre
os espíritas,
porque sem a
“adesão do
coração” não há
como se unir em
clima de paz e
cordialidade.
Aliás, uma
unificação
desordenada e
sem esse
sentimento de
afeto e
verdadeira
amizade entre os
espíritas gerará
efeitos mais
danosos ao
movimento;
3) Alegria – o
espírita deve
pautar sua
existência pela
alegria de
viver, não
obstante os
desafios do
cotidiano,
porque entende o
sentido
psicológico da
vida, de forma
que essa energia
da alegria, que
contagia, deve
repercutir no
movimento
espírita,
tornando-o mais
dinâmico e
feliz;
4) Caridade e
interesse pelo
próximo – a fé
sem obras é
morta em si
mesma, já nos
ensinava o
apóstolo Tiago,
portanto, o
espírita deve
pautar sua vida
pelo desejo
sincero de
servir, ajudando
o próximo
material e
moralmente, sem
preguiça e
reclamação, para
que a sociedade
identifique que
o movimento
espírita é a
mensagem de
Jesus
convidando-nos à
vivência do amor
e ao
conhecimento das
leis divinas que
regem a vida;
5) Entusiasmo –
em muitas
mensagens da
espiritualidade
superior notamos
a advertência
sobre a perda do
entusiasmo
inicial, pois
muitos
espíritas, com o
passar dos anos,
vão perdendo o
vigor do início,
permitindo que o
comodismo e a
apatia lhes
prejudiquem o
processo
evolutivo e, por
consequência,
tornem apático o
movimento
espírita;
6) Estudo
permanente –
sabemos o quanto
é importante o
estudo para que
evitemos
distorções e
divergências no
movimento
espírita.
Infelizmente, há
muitos livros de
péssima
qualidade
doutrinária e
teorias
esdrúxulas que
vêm sendo
aceitos pelos
espíritas, em
afronta à
chamada “pureza
doutrinária”.
Somente haverá
essa pureza se
deixarmos de
lado o
desinteresse e a
preguiça, e
estudarmos com
profundidade as
belas lições do
Espiritismo.
Nesse sentido,
Camilo orienta
que
“atuantes, pois,
nos arraiais que
visam divulgar e
desenvolver as
mensagens
espíritas, não
será demais
recordar que as
horas de
abençoado
convívio na
experiência
doutrinária são
como formosos
encontros que
objetivam o
crescimento da
Alma, na troca
das energias tão
importantes”.
Assim sendo, se
o espírita não
valoriza as
bênçãos da Casa
Espírita, dos
grupos de estudo
e a
convivência com
os confrades,
como é que
idealizaremos um
movimento
espírita mais
equilibrado e
vigoroso?
Quantas vezes,
nos compromissos
das lides
espíritas
consistentes nas
realizações de
palestras e
seminários, ouvi
dos dirigentes
dos Centros
Espíritas
queixas sobre a
frequência dos
espíritas nesses
encontros. Dizem
eles: “Mais
da metade
daqueles que
convidei não
veio”.
Enquanto houver
desinteresse
pelo estudo e
pela
aprendizagem
doutrinária,
falta de
respeito e afeto
entre os
espíritas e a
ausência de
fidelidade a
Jesus nas ações
do cotidiano,
ainda teremos um
movimento
espírita com
resultados aquém
do esperado, por
refletir as
imperfeições
morais que ainda
vigem na
intimidade de
cada espírita.
Lembremos, o
movimento
espírita será
aquilo que o
espírita dele
fizer.
“Necessário é
pensar e
repensar as
situações que se
apresentam na
continuada
marcha que
encetamos, de
maneira a
aproveitarmos os
dias de
iluminada messe
de orientações e
conforto moral
que as lições do
Consolador
propiciam.”
(Camilo).