A literatura dos
Espíritos
Já entrei neste
assunto em
artigos
anteriores, mas
sempre de
maneira
insuficiente, de
vez que se trata
de tema mais
apropriado a
palestras
recorrentes, e
de certa
amplitude, em
razão da
necessidade de
esclarecimento
observável no
entrechoque de
opiniões
existentes hoje
em dia, no
próprio meio
espírita, embora
sob
circunstâncias lamentáveis.
Tudo nesta vida
requer bom
senso; e, no
contexto em
questão,
trata-se de
requisito
fundamental para
que não se
incorra, por
excessos de
purismo
doutrinário, em
injustiças, de
um lado, ou de
negligência
conivente, de
outro.
Já não é de hoje
que observamos
um afã
incessante de
confrades,
diga-se,
provavelmente
bem-intencionados,
no entanto,
muitos se
posicionando de
maneira
extremamente
precipitada,
impulsiva, para
se condenar "os
excessos de
publicações de
obras
psicografadas".
O que reputam,
sem nenhuma
margem a
questionamentos,
como oportunismo
comercial da
parte das
editoras ou
dos médiuns,
falsos ou
verdadeiros, que
enveredam pelo
território da
divulgação do
Espiritismo de
má-fé, é
objetivar apenas
a exaltação do
ego, ou dos
próprios
bolsos. Ofertam
– acusam –, em
contrapartida,
ao público
leitor mais
negligente,
obras de péssima
qualidade de
conteúdo, sem
nada
aproveitável sob
a ótica da
fidelidade à
autêntica
divulgação
espírita com
base nas obras
basilares da
Codificação
Kardequiana.
Mas é aqui, bem
neste ponto,
amigo leitor e
leitora, que
devemos parar
para uma análise
mais isenta,
menos
tendenciosa.
OS AUTORES
SÃO OS
ESPÍRITOS!
O primeiro ponto
a ser
considerado, atém-se,
aqui, ao
trabalho dos
médiuns de fato,
que, inclusive,
adotam a
diretriz
oportuna
exemplificada
por Chico de não
mercadejar com o
dom mediúnico e
ceder a renda
dos direitos de
seus livros à
beneficência, ou
correlatos. Não
aos
falsificadores,
porque, nestes
casos, o volume
de absurdos
doutrinários é
tão gritante que
as obras destes
se excluem por
si, sem quase
nenhum esforço
crítico do
leitor bem
informado para
perceber as
incoerências
flagrantes.
Assim, no que se
refere aos
médiuns
psicógrafos de
fato,
trabalhadores
idôneos na
divulgação do
Espiritismo, via
de regra,
observam-se duas
correntes
distintas: a das
publicações
doutrinárias
- essas mais bem
conceituadas
pelo que se pode
definir,
hoje, como dirigentes
e participantes
das Casas
espíritas mais
ortodoxas; e os
romances
mediúnicos,
tidos como de
maior força de
mercado, com
maior venda; e,
por essa razão
mesmo, mais
atacados por
esta mesma
vertente
ortodoxa dos
espíritas ditos
Kardecistas
reais, ou seja:
pelos que tomam
como orientação
restrita somente
o conteúdo das
obras
fundamentais da
Codificação
feita por Allan
Kardec.
Não obstante a
utilidade
indiscutível das
obras basilares
e dos bons
volumes de
conteúdo
doutrinário de
pilares
veneráveis como
Léon Denis,
Gabriel Delanne
e outros, a
grande realidade
é que a
literatura
romancista
espírita não
deve ser atacada
indiscriminadamente,
de si, e por si,
porque, embora
talvez muitos
não tenham
parado para
refletir
com acerto sobre
o assunto,
nestes livros -
os de boa lavra!
- encontra-se,
sim,
diluído, o
conteúdo da
Doutrina, embora
poetizado,
suavizado, ou
mesmo com os
condimentos do
drama! Somente
que mais
apropriados a
atender a um
público leitor
de índole
propensa a
assimilar um
mesmo conteúdo
transmitido de
forma diferente.
Mais suave,
menos denso do
que o existente
em livros
doutrinários,
cuja linguagem,
em variadas
vezes, não se
adequa a todos
os perfis
psicológicos.
De resto, há que
se considerar,
sobre isso, o
ponto mais
relevante: no
universo
literário
mediúnico, os autores
desencarnados,
no seu
planejamento
prévio com
mentores,
médiuns e
equipes do
invisível, é que
determinam o
método adequado
de transmissão,
através deste ou
de outro médium
psicógrafo,
e obedecendo a
inumeráveis
requisitos que
não devem ser
ignorados, nem
considerados
precipitadamente pelo
crítico atento,
sob o risco de
prescindir desta
importante
realidade: são
eles, os
Espíritos
autores,
mentores ou
guias, que
orientam os
trabalhos deste
jaez! E
é muito pouco
provável
que aprovem a
atitude
inquisitorial
que vai tomando
vulto, como
acontece com o
julgamento
tendencioso
de qualquer
tempo, lugar, ou
meio: a de
condenar,
irrestritamente,
um estilo
literário
espírita. Apenas
por não atender
à compreensão
sisuda de alguns
de que livro
espírita que não
verse, objetiva
ou
analiticamente,
sobre a Doutrina
da Codificação,
transmitindo-a por
intermédio da
narração
romanceada mais
próxima do
conteúdo
folhetinesco,
não presta, sem
nenhuma
redenção!
VIDA
É DINAMISMO - EM
QUALQUER
DIMENSÃO!
Ora, caro
leitor! Mesmo em
Kardec, atento
às contribuições
científicas de
sua época,
consta que as
verdades da vida
são dinâmicas, e
administradas
segundo a
capacidade de
entendimento dos
homens de cada
tempo! Jesus,
outrora, nos
asseverou o
mesmo, alertando
que "nem tudo
ainda poderia
ser dito" e
que mais viria
posteriormente,
conforme se
fizesse, o ser
humano, capaz de
entender.
Temos, hoje, na
literatura
espírita
respeitada e
consagrada pela
própria FEB,
obras ditadas
pelo eminente
Espírito
Emmanuel, mentor
do nosso saudoso
Chico Xavier, e
as de André Luiz
relatando fatos
a respeito dos
quais os avanços
atuais da
ciência, no
território quântico, vão confirmando
de modo
paulatino, mas
inexorável, as
descrições
que, certamente,
outrora,
poderiam ser
consideradas,
sem apelação,
como
fantasiosas!
Cidades
espirituais!
Veículos,
residências,
cenários
e paisagens! Trabalho
e instituições!
Espíritos
trajando vestes
de seu gosto e
opção, como
assim o fazemos
reencarnados,
pois que, de vez
que possuem seu
corpo
espiritual, o perispírito,
se
apresentarão como
bem entendam e
lhes atenda o
personalismo de
momento!
E não podemos
deixar de
mencionar as
pesquisas de
valor,
realizadas pela
Transcomunicação
Instrumental
- a ciência de
ponta que
desvela o mundo
espiritual via
fotos e vídeos,
explorada por
expoentes do
Movimento
Espírita e por
cientistas de
todo o mundo,
como Clovis
Nunes - que vem
corroborar toda
uma conjuntura
de molde a nos
comprovar que a
tendência do
futuro é, sim,
que ciência e
revelações
espíritas andem
de mãos dadas, e
convirjam para
demonstrar
definitivamente
à humanidade a
confirmação
factual desta
amplitude maior
da existência, a
ser percorrida
por intermédio
das
reencarnações
sucessivas, por
todo ser
presente no
curto estágio de
uma vida
corpórea, esteja
onde esteja, e à
revelia das
matérias de fé!
Mesmo no meio
material, nas
artes
cinematográficas,
isso é
facilmente
constatável.
Filmes de
décadas atrás
mencionavam o
raio laser, hoje
comum nos meios
científicos e na
parafernália
tecnológica de
nosso próprio
uso. Telas
planas e
flutuantes; foguetes
e naves; a
realidade
holográfica – a
tudo isso, em
outros dias, foi
assistido nos
cinemas ao redor
do
mundo. E saíamos
das sessões com
aquele
sorrisinho
enviesado, de
quem,
talvez, julgasse
ter ido longe
demais a
imaginação do
cineasta! Mas o
que temos hoje,
no cotidiano do
nosso século
XXI? Às portas
dos televisores
domésticos
mediante
projeção
holográfica,
assistimos a
filmes em 3D.
Carregamos para
todo lado
telefones
celulares
portáteis; a
comunicação é
instantânea e
global.
Computadores
domésticos são
múltiplos, e as
versões se
renovam nas
vitrines, de
modo
vertiginoso,
para padrões
cada vez mais
sofisticados,
impensáveis há
apenas dez anos
atrás!
E, hoje, o top
de linha no
consumo dos
Estados Unidos é
a espantosa
impressora em
3D! Sim! Isso
mesmo! Coloca-se
no aparelho um
molde, como por
exemplo, o busto
do compositor
Mozart, em foto!
E a impressora,
em poucos
segundos, nos
produz o busto
do mesmo em
versão 3D, colorida!
Um belo e nobre
enfeite para a
nossa sala!
Quem, então,
terá sido o
maior lunático?!
O precipitado
que denominou
como louco, com
o risinho
enviesado nos
lábios, o
idealista que
nos revelou a
possibilidade
destas coisas,
ou o mesmo
profético
idealista?!
NOSSAS
VIDAS SÃO
ROMANCEADAS!
Disso tudo,
podemos
depreender que a
dinâmica
evolutiva da
vida é presente
em quaisquer
contextos,
corpóreos ou
incorpóreos. E
que, em sendo
assim, as
revelações
transmitidas
pelos autores
desencarnados,
forçosamente,
precisam atender
a este dinamismo
evolutivo para
que, ao final de
tudo, a
humanidade
planetária em
estágio material
não fique estanque, indefinidamente,
n'algum momentum petrificado
de conteúdo
doutrinário
espírita, que
haverá de ser
transmutado, e à
revelia de quem
julga poder se
apoderar
licitamente de
seu uso e
aplicação, como
verdade pétrea e
definitiva! Ou
alguém é ingênuo
ao ponto de
pressupor que
Nosso Lar e
outras estâncias
e mundos do
invisível não
evoluíram desde
a década em que
André Luiz nos
contou sobre as
características
e os habitantes
daquele
maravilhoso
lugar?
Mas não é assim
que acontece,
meus amigos; não
é assim que a
existência
funciona! E
isso, sim, é a
única realidade
definitiva! Vida
é movimento e
transformações,
aqui, como nos
outros mundos e
dimensões! E
isto é
comprovável nas
menores minúcias
de uma única
vida terrena! E
essas
transformações,
embora talvez
não nos demos
mais conta,
mergulhados no
turbilhão diário
de nossos
próprios dramas,
amigos, são as
mais romanceadas
possíveis! Não é
por acaso,
portanto, que já
ouvi de muitas
pessoas que a
vida é ainda
mais novelesca
do que as
próprias
novelas!
No decorrer
ininterrupto de
nossas rotinas,
choramos,
sorrimos.
Aprendemos
constantemente.
Entendemos a
necessidade do
respeito pelo
próximo, para
sermos também
respeitados.
Reformulamos
conceitos e
pensamentos ao
sabor de
vivências novas!
Conceitos
contraproducentes,
que bem
funcionaram num
passado
distante, e não
mais, devem ser
obrigatoriamente
renovados,
segundo a
psicologia e o
patamar
evolutivo dos
novos tempos!
Não é mais
lícita a
agressão bárbara
dos séculos
findos; a
educação
ministrada nas
escolas e nos
lares teve que
se adaptar ao
refluxo das
transformações
sucessivas.
Criaram-se
necessidades,
descartaram-se
outras! E, na
construção deste
aprendizado
monumental ao
longo das nossas
reencarnações, a
lição mais
valiosa é
deitada pelas
Leis sábias da
Providência,
segundo as
nossas
necessidades de
avanço, e a
influência
efetiva de nosso
livre-arbítrio,
que atrai os
nossos destinos
segundo as
escolhas mais ou
menos acertadas
de outrora!
Amor curando
chagas,
realizando o
perdão, fechando
feridas, sanando
dramas
familiares.
Violência
gerando mais
violência; o mal
gerando o mal,
obstruindo a
realização da
luz,
primeiramente,
no íntimo de
cada alma! E
todo este
processo,
amigos, acontece
na intimidade de
nossos dias -
romanceados,
ricos em
personagens e
fatos que nos
orbitam, nos
emocionam,
enfeitam ou
prejudicam
nossos múltiplos
caminhos!
E é desta
extensa
trajetória
evolutiva,
seguindo,
célere, para
milhões de
seres, pelas
vias naturais
das vivências,
que os romances
falam ao leitor
emotivo e mais
suscetível às
narrativas
dessas múltiplas
histórias! O
aprendizado
contido nos
livros de
análise
doutrinária,
portanto, é
vertido na sua
mesma essência,
apenas que em
formato
diferente, e
avaliado por
cada autor como
mais adequado à
sua interação
com esses ou
aqueles médiuns,
e a toda uma
legião
incontável de
leitores
especialmente
receptivos a
esta forma de
transmissão das
mesmas verdades:
causa e efeito!
Reencarnação!
Espíritos
protetores,
carmas
familiares,
coletivos, ou
individuais! A
cada um segundo
sua semeadura!
Deus; ação
evangélica, em
várias épocas da
história;
desmandos ou
missões de luz,
vividas por
inúmeros
personagens, não
mais que comuns!
Fica, assim,
delineada,
segundo uma
sugestão de
maior bom
senso, a dinâmica
maior da
Literatura dos
Espíritos! Cada
autor com seu
estilo
literário, em
parceria com
seus médiuns de
boa vontade. E
cada
obra revestida do
seu devido valor
em sua época, e
em
seu contexto de
ação e de
influências!
Caberá sempre ao
leitor de bom
senso e
conhecedor
sincero e seguro
da Doutrina –
enfatize-se! – o
saber escolher,
segundo a sua
índole, entre
uma ou outra
opção, bem como
também
distinguir entre
as produções
literárias de
bons ou maus
médiuns.
Sobretudo,
porém, fazer
valer do que
leia o proveito
maior de tudo,
que é, sem
sombra de
dúvidas, o
objetivo maior
dos autores
desencarnados: o
entendimento da
boa mensagem
transmitida, e a
aplicação
honesta deste
conhecimento na
sua reformulação
diária, visando
à coexistência
de todos num
mundo cada vez
melhor!