Planos
cognitivos da Natureza
O homem moderno,
sobretudo da parte dos
mais soberbos, se gaba
de sua inteligência,
achando que nada pode
superá-la, ironizando os
que creem e pensam
diferente deles, dos que
declaram que o homem
muito pouco sabe de si
mesmo, da Natureza e das
coisas que lhe servem de
morada temporária neste
mundo terreno, bem como
do universo, este grande
enigma de todos nós.
Com o advento do
Espiritismo no mundo, a
partir de 1857,
vislumbrara-se uma nova
realidade do homem no
mundo, de todos os seres
animados e inanimados,
pelas provas evidentes
de uma nova e mais
completa realidade a se
destacar por força mesma
das coisas, pois, de
fato, é isto o que o
Espiritismo em si mesmo
representa: uma potência
incontestável da
natureza, que, mesmo em
sua invisibilidade,
representa uma eterna e
ordenada virtude de
expressar-se e
materializar-se no mundo
das formas físicas e
materiais; potência
sábia e benevolente,
conquanto inabalável por
quaisquer outros
decretos, e, da qual,
portanto, nada pode
escapar, fugir ou negar,
pois que é lei e força
de todos os tempos, de
todas as eras,
vivificando seres e
coisas e atuando de modo
ininterrupto nas suas
composições e
recomposições
transmigratórias, sendo
o Espírito o seu motor
principal, nas idas e
vindas constantes por
sua imorredoura
existencialidade.
Assim, com o
Espiritismo, e sua
notável contribuição
filosófica da verdade, o
homem enfim compreendera
que não está só no
universo, repleto de
vida, de inteligência,
de progresso das mais
diversas coisas, dos
mais diversos seres que
só desaparecem para o
reaparecer e progredir
sempre, até que a casca
grosseira e rude de suas
formas se sutilize por
força imperiosa da
evolução, do progresso
irrefreável que lhe
sublima a vida, a
consciência, o ser
principal.
Com o Espiritismo, pois,
compreendeu-se e
compreende-se que o
universo é feito de
inteligência
diversificada na forma;
que todos os seres e
todas as coisas só
existem e se mostram na
forma física de suas
vestes passageiras
graças a um desenho
prévio anterior, de uma
matriz invisível que lhe
organiza e compactua a
matéria disforme,
concedendo-lhe força e
higidez, estrutura e
plasticidade, consoante
normas processuais e
evolutivas de um
psiquismo interno,
diretor da forma, seu
comandante decisivo e
crucial.
Para o homem comum,
soberbo e culto, viciado
e intransigente, só
existia no mundo sua
inteligência e sua
cultura, sendo tudo o
mais, da natureza e das
coisas que lhe cercam os
passos, forças
instintivas em ação,
operando aqui e
trabalhando ali, cegas e
mecânicas, sem
motivações outras que
não o acaso de sua
existência, sua vida
desprovida de objetivos,
finalidades outras, tudo
sem qualquer motivo, sem
razão de ser.
Entretanto, com o
Espiritismo, uma nova
visão de mundo se lhe
apresenta, onde tudo tem
sua razão de ser, uma
causa, uma finalidade,
destino certo e
determinado para todos
os seres e todas as
coisas, da pedra ao
homem, da matéria à
consciência, tendo como
mola propulsora de tudo
o progresso, esta
mudança para algo mais e
melhor, para a
compreensão superior da
vida, de tudo e de nós
mesmos, como seres
inteligentes e
imortais.
Assim, abaixo do homem,
temos os nossos irmãos
menores, instintivos,
mas também
sensibilizados, dotados
de uma inteligência
mecânica, não
raciocinada, mas
encaminhando-se para a
racionalização; e, ao
lado do homem, na
invisibilidade do espaço
extracorpóreo e fora do
alcance dos seus olhos
carnais, destacam-se
individualidades
semelhantes, compondo
vasta humanidade
espiritual; e pairando
acima de nós todos e,
paradoxalmente imanente
a tudo e a todos nós,
outra e mais destacada
Inteligência, a de
Deus-Pai, Amorável
Criador.
Assim temos, nas alíneas
(a), (b), (c) e (d), os
seguintes parâmetros
compondo uma complexa
unidade cognitiva, do
átomo ao homem, e, do
homem a Deus:
a) – Plano Cognitivo de
Coisas e Seres da
Natureza: providos de
variada forma de
instintos, de
inteligência
fragmentária, que, num
crescendo ininterrupto,
do átomo aos animais,
passando pelos vegetais,
vão se aperfeiçoando a
caminho da inteligência
contínua, do plano
superior que se lhe
segue naturalmente;
b) – Plano Cognitivo da
Humanidade; de
inteligência contínua,
raciocinada, que se
prolonga ainda almejando
formas conscienciais
mais elevadas e,
portanto, muito acima do
homo sapiens, nós mesmos
desta comunidade
terrena;
c) – Plano Cognitivo da
Humanidade Espiritual:
dos nossos irmãos
extracorpóreos mais ou
menos inteligentes, como
nós mesmos, estando
apenas desenfaixados das
formas físicas do mundo
pela desencarnação, e
também consolidando
progressos
diversificados; e
d) – Plano Cognitivo
Imanente a Tudo:
presente em todos e em
cada um, destacando-se
do mesmo a Inteligência
Suprema, nosso Pai e
Criador estando a velar
por cada qual de suas
criaturas, componentes
dos planos anteriormente
citados, estando bem
próximo de nós por Si
mesmo, ou, pela presença
amiga dos protetores
espirituais constantes
da alínea anterior;
sendo este, pois, o
Plano Dominante, que,
incorporando (d) e (c),
não só abrange como
também dirige
evolutivamente todos os
demais, pois que é
infinito em Sua
Existencialidade,
Espírito Supremo
irradiando Bondade, seu
eterno Amor.
Com efeito, o
Espiritismo modifica e
amplia a concepção dos
instintos e da
inteligência no mundo,
consoantes alíneas (a) e
(b), mostrando-nos as
possibilidades doutras
formas cognitivas
inclusas nas demais e
sucessivas alíneas (c) e
(d).
E, mais ainda,
conceituando, como de
fato assim o é, que o
universo é feito de
inteligência
diversificada na forma,
seja ela material,
vegetal, animal ou
hominal, como também nas
formas não físicas do
ser que se transmudara
do corpóreo para o
extracorpóreo, para,
então, mudar de novo,
tal qual lagarta que
abandona o casulo de sua
obscuridade e alça voos
de borboleta livre e
desembaraçada da
imobilidade anterior;
sendo tais voos,
entrementes, de curta
duração e só se
verificam tal como pausa
necessária para, então,
encarcerar-se de novo na
carruagem física do
mundo, mola e
instrumento de sua
evolução.
Assim, os processos
cognitivos da natureza
se patenteiam como sendo
bem mais amplos e bem
mais complexos que o
paradigma materialista
do mundo, forma acanhada
e entristecida dos que
pensam por metades,
filosofando o ceticismo,
a angustiosa
existencialidade dos
Nietsche, dos Sartre
contemporâneos e suas
fórmulas ridículas e
bisonhas.
Ora, Kardec, com os
Códigos Imortais do
Espiritismo, e como
verdade iniludível da
natureza, já invertera a
ordem das coisas: a
substância fundamental
do universo é o
Espírito, o princípio
inteligente de todas as
coisas, e não a matéria
desprovida de quase
tudo, de movimento, de
vida e de ação.
Invertendo-se a ordem
das coisas, e
substituindo-se a
matéria pelo Espírito,
função de um cognitivo
imortal, não só se
conhece como também se
dignifica a substância
arquitetônica de seres e
coisas que, no homem,
atinge formas
conscienciais mais
elevadas, conquanto
suscetível, ainda, de
novas e mais complexas
formas mentais,
crescendo,
ininterruptamente, para
a compreensão do
Deus-Pai, Inteligência
Abrangente do Cosmos
Universal.