Acolhimento
Eu tenho observado em
nosso movimento um
descuido muito grande em
relação às pessoas que
chegam pela primeira vez
a um centro espírita
para ouvir uma palestra
em reuniões públicas. O
cidadão entra e sai como
toucinho dentro do saco.
“Toucinho dentro do
saco” era uma expressão
muito utilizada por meu
pai, quando se referia a
alguém que participava
de um evento sem que
ninguém notasse sua
presença.
Outro dia eu acompanhei
meu filho Ricardo a Ubá,
onde, no centro
principal daquela
cidade, ele faria a
palestra da noite.
Entrei e saí da casa sem
que ninguém notasse
minha presença. Nem um
boa-noite, quem é você,
de onde vem, por que
veio etc. Nada,
absolutamente nada. Eu
nem estranhei, porque é
isso que acontece em
quase todos os centros
espíritas que tenho
visitado. Parece que não
há o menor interesse em
receber, na casa, novos
companheiros.
E não é só no Brasil,
não. Minha neta,
atualmente estagiando na
cidade de Los Angeles,
nos Estados Unidos,
conseguiu descobrir um
centro espírita, duas
horas distante de sua
morada, e lá compareceu.
É um pequeno centro em
cômodo alugado, criado
por duas ou três
famílias de brasileiros
que lá residem. Pois
bem: ela compareceu a
uma das reuniões e, do
jeito que entrou, saiu.
Como o tal toucinho no
saco.
Precisamos corrigir
isso. Se cada um, em seu
centro, tomar esse
trabalho a peito, em
pouco tempo teremos
corrigido essa
lamentável omissão. Às
vezes precisamos de um
eletricista e ele está
ali, na segunda fila,
sem ninguém saber disso.
Quantas vezes, nas
cidades maiores,
precisamos de um
encanador, de um pintor
de parede, um
marceneiro, e temos
dificuldades de
encontrar, quando aquele
profissional de que
precisamos está ali
sentadinho na plateia
sem que ninguém se dê
conta disso.
É preciso nos
conhecermos melhor.
Afinal, somos irmãos ou
não? Temos que conhecer
nossos companheiros,
onde moram, o que fazem,
como descobriram a
doutrina, que família
têm, filhos ou não, como
nos contatar com eles
etc.
É preciso acolher quem
chega, com carinho, com
interesse, com alegria.
Às vezes quem chega tem
imensa necessidade de
ser amado, reconhecido,
ajudado. Não pode sair
da casa sem receber pelo
menos um boa-noite, ou
um abraço.