Divaldo e Deolindo
comentaram
O texto espírita pede
bom gosto, cuidado na
forma e,
prioritariamente, uma
mensagem positiva e
correta ao leitor. A
imprecisão ou má
qualidade do texto pode
confundir ou até chocar
o leitor. Antes de se
publicar é preferível
pecar-se pelo excesso de
cuidados do que
arriscar-se a difundir
ideias incompatíveis com
o Espiritismo, conforme
disse Erasto no capítulo
XX de “O Livro dos
Médiuns”.
Os livros espíritas, de
um modo geral, têm bom
texto. Porém,
recentemente surgiu no
meio espírita uma
polêmica sobre o que se
chamou de enxurrada
de livros
“espíritas” no
mercado, assunto
este comentado no livro
“Conversando com Divaldo
Pereira Franco”, editado
pela Federação Espírita
do Paraná, onde o
respeitado médium baiano
esclarece com franqueza
importantes questões
relacionadas ao livro
espírita no Brasil.
Aborda, inclusive, a
invasão de obras
pseudomediúnicas, que
“deixam as pessoas
sempre à margem, sem se
aprofundarem”.
O Espírito Deolindo
Amorim no livro “Convite
à reflexão”, Lachâtre,
2ª edição, 2012,
psicografia de Elzio
Ferreira de Souza,
também trata do assunto
e afirma que “A caridade
na divulgação da
doutrina passa pelo
preparo dos agentes da
divulgação”. Preparo
aqui, segundo Deolindo,
quer dizer base
doutrinária, que pode
somar-se ao domínio de
outros recursos que o
divulgador tenha
conquistado. Isso se
aplica, aliás, a todas
as formas possíveis de
divulgação da doutrina.
Mas, afinal, o que
acontece com o mercado
editorial espírita que
tem chamado a atenção de
tanta gente? Pode-se
pensar que atravessa uma
crise de qualidade, ou
não é para tanto? Os
responsáveis em avaliar
originais nas editoras
têm o preparo a que se
referiu o Espírito
Deolindo Amorim? O
público leitor tem tido
tempo para “digerir essa
enxurrada” de livros?
Alguns autores não
passam a impressão de
estarem disputando um
ranking qualquer?
Questões pessoais,
comerciais e outras,
estarão influindo no
dinâmico e atraente
mercado das publicações
espíritas? São perguntas
que se fazem.
Além de eventuais
questões internas do
movimento, que se
refletem direta ou
indiretamente sobre o
problema, algumas
empresas estão
usando o prestígio do
selo espírita e
publicando sem nenhum
compromisso com a
doutrina, e essas
publicações se espalham
por todo lugar.
O que fazer? Quais as
causas da deformação que
se instalou em setores
da nossa produção
literária, com forte
tendência para o
pragmatismo comercial,
supervalorizando o livro
“mediúnico” (e o
médium) em
detrimento do autor
encarnado que, muitas
vezes, tem mais a dizer
que certos Espíritos, e
melhor?
Por entender que a
questão tem causas
ligadas à cultura de um
modo geral e à base
doutrinária de modo
particular, Deolindo
Amorim, no livro já
citado, aponta solução
para médio e longo
prazo: “Para alijar a má
literatura do ambiente
cultural, o caminho será
o preparo dos leitores.
(...) Livro e leitor
estão relacionados um
com o outro. À medida
que os leitores se
qualificam, tornam-se
mais exigentes, e os
livros mais
substanciais; ao
apresentarem melhor
conteúdo, ajudam a
qualificação do leitor”.
Para Deolindo, estão na
origem do problema,
tanto o conhecimento
geral que o indivíduo já
traz quando chega ao
centro espírita, quanto
“o que está sendo
ministrado nos grupos
espíritas, pois, quando
não se preparam leitores
capazes de entender
textos e selecionar
temas, de separar o joio
do trigo,
indiscutivelmente vamos
encontrar um campo muito
grande de absorção
indiscriminada de tudo o
que se publica, numa
seleção feita por
baixo”. (...) “Nestes
tempos de tanta
informação e de tanto
despreparo para
absorvê-la com
proficiência”, a solução
parece estar no estudo
das obras de Allan
Kardec. Precisamos
voltar a estudar Allan
Kardec nos centros
espíritas, onde ele já
começa a ser preterido
sob variados pretextos.
Com o tempo, o leitor
saberá reconhecer a
diferença entre o bom
livro e aquele que
provoca “uma onda de
perturbação para
minar-nos por dentro”,
conforme advertiu
Divaldo Franco.
Mesmo com o pressuposto
de que o público leitor
não está bem preparado
para consumir boa
literatura, já que os
valores culturais da
nossa gente estão em
construção, esse fato
não impede que os
responsáveis pela
disseminação do genuíno
pensamento espírita, no
campo do livro, assumam
o compromisso da
lealdade e fidelidade a
Allan Kardec, e
aprimorem cada vez mais
os critérios editoriais,
só publicando com
convicção.
Agora, quanto aos
oportunistas,
invigilantes,
interesseiros... O tempo
cuidará deles.