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Estudando a série André Luiz
Ano 7 - N° 342 - 15 de Dezembro de 2013
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


E a Vida Continua...

André Luiz

(Parte 27)

Continuamos nesta edição o estudo da obra E a Vida Continua, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1968 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares 

A. Ernesto Fantini desejava conhecer seu passado. O instrutor Ribas aprovou a ideia?

Não. Segundo Ribas, a providência era desaconselhável, conquanto fosse possível. Eis o que o instrutor lhe disse: “Você e Evelina estão abraçando longa empresa de serviço em nosso plano. Terão muitos problemas a resolver, muito trabalho a realizar... Desidé­rio, Elisa, Amâncio, Brígida, Caio, Vera, Túlio, Evelina e você formam uma equipe de corações comprometidos uns com os outros, perante as Leis de Deus, há muitos séculos... Todos reciprocamente enlaçados no clima da provação, lembrando elementos químicos em cadinho fervente para o acriso­lamento indispensável!” A tarefa exigia, portanto, muito cuidado, para que não se frustrassem os projetos em curso. (E a Vida Continua, cap. 26, pp. 223 e 224.)  

B. O casamento com Evelina era outro desejo de Ernesto Fantini. Isso seria possível?

Sim. O fato era perfeitamente possível porque tanto Elisa quanto Caio haviam dispensado a ambos do compromisso afetivo. (Obra citada, cap. 26, pp. 223 e 224.) 

C. Durante a gravidez, é sempre igual o sono terapêutico do Espírito reencarnante?

Não. Segundo o instrutor Ribas, o sono terapêutico do Espírito, conjugado ao desen­volvimento fetal, se caracteriza por graus diversos e, por isso, nem sempre raia pela inconsciência total. (Obra citada, cap. 26, pp. 225 e 226.)

Texto para leitura 

105. "Caio, meu filho, sê feliz!..." - Diante daquelas santas evo­cações de paz e ventura que jamais experimentara, pela primeira vez, de­pois de muitos anos, Serpa chorou. E Evelina prosseguiu: "Sim, Caio, lava o coração na corrente das lágrimas!... Chora de esperança, de jú­bilo! Confiemos em Deus e na vida!... O Sol que hoje se põe, voltará amanhã! Contempla estas lousas, fita os sepulcros à frente! De todos os lados, explodem verdura e flor, a dizerem que a morte é ilusão, que a vida triunfa, bela e eterna!... De um outro mundo, os que te amam regozi­jar-se-ão com os teus gestos de entendimento! Túlio te perdoará, Elisa há de abençoar-te!... Coragem, coragem!..." O jovem advogado, surpreso, incapaz de perceber que era Evelina quem lhe falava, reconheceu-se subitamente consolado e eufórico, tangido por suave renovação, nos recônditos do ser, e, à maneira de um doente que encontrara o remédio providencial e a ele se agarrasse, decidiu-se a não perder o precioso momento de exalta­ção construtiva em que entrara. Sucedeu, então, o inesperado. Habitual­mente agressivo e rebelde, Caio arrancou-se, humilde, do lugar onde es­tava e avançou em direção de Vera. Ali, abraçado pelo Espírito de Eve­lina, observou a moça sob novo prisma e pareceu-lhe que começava a amá-la de maneira diversa. Naquele instante, ele já não sabia se a queria com a impertinência de um homem, ou com a ternura de um pai. Abordando-a, to­mou-lhe o braço e, no propósito de alicerçar a própria declaração com o testemunho dos amigos presentes, comunicou-lhe em voz alta: "Vera, não chores mais... Você não está sozinha! Amanhã mesmo, cogitaremos de orga­nizar a documentação precisa para casar-nos tão breve quanto possí­vel!..." A jovem lançou-lhe um olhar significativo e agradecido, e, en­quanto ambos se escoravam um no outro para o retorno a casa, Evelina e Ernesto, com os amigos desencarnados atentos às derradeiras homenagens a Elisa, entraram em prece, agradecendo ao Senhor a bênção daquela trans­formação. Mais um passo importante fora dado para o futuro melhor. Caio e Vera levantariam um lar com o Amparo Divino. Túlio ressurgiria na Ter­ra, como filho daquele que lhe subtraíra a existência. Mais tarde, Elisa se lhes reuniria como filha bem-amada. Evelina não conseguia sofrear o pranto de júbilo. Ela continuava amando o ex-esposo, mas noutro nível, e, com toda a alma, agradecia ao Senhor a existência de Vera Celina, a quem passara a reverenciar e querer bem, na condição de protetora, cujos ser­viços se manteriam para ela irresgatáveis. Foi assim que, num átimo, an­tes que os noivos entrassem no automóvel, ela correu ao encontro dos dois e, pela primeira vez, abraçando o ex-marido, bradou-lhe ao coração com a celeste emotividade do amor purificado pelo sofrimento: "Caio, meu filho! Meu filho! Sê feliz e que Deus te abençoe!..." (Cap. 25, pp. 217 a 220) 

106. Túlio visita a futura mãe - O matrimônio de Caio e Vera trouxe a Ernesto e Evelina nova fonte de incentivo ao trabalho. Túlio, algo melhor ante as promessas de futura assistência por parte daquela a quem amava tanto, concordou em matricular-se no Instituto de Serviço para a Reencar­nação, internando-se, de pronto, num dos gabinetes de restringimento, en­tregando-se aos aprestos necessários. Antes disso, porém, numa noite em que Caio se ausentara do lar, ele foi levado à presença de Vera, para fa­miliarizar-se com aquela que o receberia nos braços de mãe. Ao vê-la na costura, em sua casa de Vila Mariana, o moço de imediato simpatizou com ela. Evelina recomendou-lhe que a abraçasse, nela venerando a protetora que o abençoaria por filho, em nome de Deus! Mancini não apenas se confiou ao amplexo carinhoso, como também lhe osculou a fronte, enterne­cidamente. Vera não percebeu aquela manifestação afetiva, em sentido di­reto, mas, por alguns momentos, deixou que a mente divagasse, feliz. "Como desejava obter um filhinho!..." – pensou. "Quanto anelava ser mãe!..." Na verdade, tanto ela quanto Caio ansiavam acolher um herdeiro para o futuro e aguardavam essa bênção do Todo-Misericordioso. À medida que as doces prefigurações da maternidade se lhe esboçavam no imo d'alma, Vera sintonizava mais intensamente com Túlio, na mesma onda de esperança e regozijo, experimentando os dois santo prelúdio de inenarráveis ale­grias. Ao separar-se dela, às despedidas, Túlio perguntou quem lhe se­ria o pai. Evelina não respondeu, dizendo apenas que o dono da casa se achava distante e que ele, Mancini, o conheceria em momento oportuno. Na base da verdade prometida, Túlio renasceria de Caio, absolutamente magne­tizado pelo devotamento materno, a fim de se reaproximar do antigo adver­sário e metamorfosear ressentimento em amor, pela terapêutica do esqueci­mento. Ante as realizações em processo, o tempo para Ernesto e sua com­panheira jazia repleto de obrigações agradáveis e belas. Renovado pelo sofrimento, Ernesto como que remoçara, enquanto que Evelina, modificada pelas novas experiências, parecia haver amadurecido, qual se ambos hou­vessem combinado operar um reajuste da forma, com vistas à harmonização em nível de idade semelhante de um para o outro. (Cap. 26, pp. 221 a 223) 

107. Toda construção nobre há que ser dirigida - Impressionado com aquela conciliação gradativa, Ernesto procurou o Instrutor Ribas, inqui­rindo, respeitoso, se lhe seria cabível conhecer o passado. Ribas foi di­reto: "Não, Fantini. Desaconselhável a providência, conquanto possível. Você e Evelina estão abraçando longa empresa de serviço em nosso plano. Terão muitos problemas a resolver, muito trabalho a realizar... Desidé­rio, Elisa, Amâncio, Brígida, Caio, Vera, Túlio, Evelina e você formam uma equipe de corações comprometidos uns com os outros, perante as Leis de Deus, há muitos séculos... Todos reciprocamente enlaçados no clima da provação, lembrando elementos químicos em cadinho fervente para o acriso­lamento indispensável!... Outros componentes do grupo chegarão com o tempo para a vitória geral sobre os alicerces do amor que ainda vem muito ao longe!... Integramos, eu também com vocês, uma grande família..." E acrescentou, sorrindo, que ali havia milhares de criaturas nas mesmas condições, trabalhando e batalhando por sua redenção. "Toda construção nobre há que ser dirigida. Primeiro, o projeto; em seguida, a execução... No plano físico, idealiza-se a continuação da vida, no mundo espiri­tual... No mundo espiritual, idealiza-se a correção, o reajuste, a melho­ria e o polimento dessa mesma vida, no plano físico. Somos viajores do berço para o túmulo e do túmulo para o berço, renascendo na Terra e na Espiritualidade, tantas vezes quantas se fizerem precisas, aprendendo, renovando, retificando e progredindo sempre, conforme as Leis do Uni­verso, até alcançarmos a Perfeição, nosso destino comum..." Ernesto en­tendeu que, de futuro, ele e Evelina talvez renascessem no seio dos mes­mos Espíritos em cuja aproximação estavam colaborando, e, muito tímido, qual jovem que estivesse abrindo o coração, disse: "Instrutor Ribas, Eve­lina e eu temos refletido, refletido..." Ele não conseguiu, porém, termi­nar a frase, que Ribas havia entendido perfeitamente, a ponto de dizer: "Já sabemos, Fantini, que vocês dois pensam num casamento compreensível e digno, conscientes agora da imensa obra de transformação e burilamento que estarão dirigindo, por muito tempo, no grupo espiritual a que se vin­culam". "O senhor vê algum impedimento?", perguntou Ernesto. "Absolutamente nenhum, de vez que tanto Elisa quanto Caio já dispensaram vocês de qualquer compromisso afetivo..." Nesse ponto, antes que Ernesto dissesse qualquer coisa, um auxiliar do Instituto veio chamá-lo, com ur­gência, a pedido de Evelina. (Cap. 26, pp. 223 e 224) 

108. Renasce Túlio - Os dias de Fantini e Evelina rodavam em pleni­tude de serviço. Pouco a pouco, percebiam quantos deveres precisavam aceitar para assegurar um renascimento relativamente tranquilo a um Espí­rito enfermo, como Mancini, que requisitava cuidado incessante, para que o aborto não ocorresse. Em milhares de outros casos não cabiam preocu­pações assim tantas. Túlio era, porém, um homem de cultura e virtude me­dianas, com aguçada sensibilidade à mostra, em função de sua própria ne­cessidade de burilamento, à vista dos débitos contraídos em outras exis­tências. Quaisquer choques no ambiente materno induziam-no à irritabili­dade e quaisquer dificuldades pequeninas impeliam-no a indisposições la­mentáveis. Certamente que se demorava em sono terapêutico no laborioso tratamento para a volta criteriosamente vigiada ao campo terrestre, a que na arena dos homens se dá sumariamente o nome de gravidez, como se gravi­dez fosse acontecimento insignificante e igual para todos os reencarnan­dos, com repercussões análogas para as mães que os hospedam. Importa re­conhecer, porém, que o sono terapêutico do Espírito, conjugado ao desen­volvimento fetal, se caracteriza por graus diversos e, por isso, nem sem­pre raia pela inconsciência total. Assim, muito trabalho foi despendido por todos até o dia em que Túlio deu os primeiros vagidos no berço, entre o êxtase de Vera e a emoção de Caio, maravilhados com o filhinho... Túlio varara a grande barreira entre os dois mundos e, daí em diante, reclama­ria cuidados de outro tipo. Felizes com a execução gradual do programa estabelecido, Fantini e Evelina cuidaram então do retorno de Desidério à carne. Era necessário instalá-lo no sul paulista, em casa de Amâncio, se­gundo o esquema do Instituto. Os dois amigos passaram às entrevistas pre­paratórias, mas Desidério pedia, exigia, queixava-se... E, no fundo, não se lhe podia dar, de pronto, o conhecimento de todo o programa, para que não o prejudicasse com dúvidas ou desconsiderações prematuras. Cabia-lhe saber ser forçoso retomar o corpo físico e prometia-se-lhe a ida de Elisa, algum tempo depois dele, a fim de que se reencontrassem no domicí­lio dos homens, mas, no roteiro traçado, se lhe proibia a antecipação de informes, acerca do refúgio doméstico, em que lhe seria outorgada a nova oportunidade. (Cap. 26, pp. 225 e 226) (Continua na próxima semana.)


 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita