MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil) |
|
E a Vida Continua...
André Luiz
(Parte
27)
Continuamos nesta edição
o
estudo da obra
E a Vida Continua,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1968 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Ernesto Fantini
desejava conhecer seu
passado. O instrutor
Ribas aprovou a ideia?
Não. Segundo Ribas, a
providência era
desaconselhável,
conquanto fosse
possível. Eis o que o
instrutor lhe disse:
“Você e Evelina estão
abraçando longa empresa
de serviço em nosso
plano. Terão muitos
problemas a resolver,
muito trabalho a
realizar... Desidério,
Elisa, Amâncio, Brígida,
Caio, Vera, Túlio,
Evelina e você formam
uma equipe de corações
comprometidos uns com os
outros, perante as Leis
de Deus, há muitos
séculos... Todos
reciprocamente enlaçados
no clima da provação,
lembrando elementos
químicos em cadinho
fervente para o
acrisolamento
indispensável!” A tarefa
exigia, portanto, muito
cuidado, para que não se
frustrassem os projetos
em curso.
(E a Vida Continua, cap.
26, pp. 223 e 224.)
B. O casamento com
Evelina era outro desejo
de Ernesto Fantini. Isso
seria possível?
Sim. O fato era
perfeitamente possível
porque tanto Elisa
quanto Caio haviam
dispensado a ambos do
compromisso afetivo.
(Obra citada, cap. 26,
pp. 223 e 224.)
C. Durante a gravidez, é
sempre igual o sono
terapêutico do Espírito
reencarnante?
Não. Segundo o instrutor
Ribas, o sono
terapêutico do Espírito,
conjugado ao
desenvolvimento fetal,
se caracteriza por graus
diversos e, por isso,
nem sempre raia pela
inconsciência total.
(Obra citada, cap. 26,
pp. 225 e 226.)
Texto para leitura
105. "Caio, meu
filho, sê feliz!..."
- Diante daquelas santas
evocações de paz e
ventura que jamais
experimentara, pela
primeira vez, depois de
muitos anos, Serpa
chorou. E Evelina
prosseguiu: "Sim, Caio,
lava o coração na
corrente das
lágrimas!... Chora de
esperança, de júbilo!
Confiemos em Deus e na
vida!... O Sol que hoje
se põe, voltará amanhã!
Contempla estas lousas,
fita os sepulcros à
frente! De todos os
lados, explodem verdura
e flor, a dizerem que a
morte é ilusão, que a
vida triunfa, bela e
eterna!... De um outro
mundo, os que te amam
regozijar-se-ão com os
teus gestos de
entendimento! Túlio te
perdoará, Elisa há de
abençoar-te!... Coragem,
coragem!..." O jovem
advogado, surpreso,
incapaz de perceber que
era Evelina quem lhe
falava, reconheceu-se
subitamente consolado e
eufórico, tangido por
suave renovação, nos
recônditos do ser, e, à
maneira de um doente que
encontrara o remédio
providencial e a ele se
agarrasse, decidiu-se a
não perder o precioso
momento de exaltação
construtiva em que
entrara. Sucedeu, então,
o inesperado.
Habitualmente agressivo
e rebelde, Caio
arrancou-se, humilde, do
lugar onde estava e
avançou em direção de
Vera. Ali, abraçado pelo
Espírito de Evelina,
observou a moça sob novo
prisma e pareceu-lhe que
começava a amá-la de
maneira diversa. Naquele
instante, ele já não
sabia se a queria com a
impertinência de um
homem, ou com a ternura
de um pai. Abordando-a,
tomou-lhe o braço e, no
propósito de alicerçar a
própria declaração com o
testemunho dos amigos
presentes, comunicou-lhe
em voz alta: "Vera, não
chores mais... Você não
está sozinha! Amanhã
mesmo, cogitaremos de
organizar a
documentação precisa
para casar-nos tão breve
quanto possível!..." A
jovem lançou-lhe um
olhar significativo e
agradecido, e, enquanto
ambos se escoravam um no
outro para o retorno a
casa, Evelina e Ernesto,
com os amigos
desencarnados atentos às
derradeiras homenagens a
Elisa, entraram em
prece, agradecendo ao
Senhor a bênção daquela
transformação. Mais um
passo importante fora
dado para o futuro
melhor. Caio e Vera
levantariam um lar com o
Amparo Divino. Túlio
ressurgiria na Terra,
como filho daquele que
lhe subtraíra a
existência. Mais tarde,
Elisa se lhes reuniria
como filha bem-amada.
Evelina não conseguia
sofrear o pranto de
júbilo. Ela continuava
amando o ex-esposo, mas
noutro nível, e, com
toda a alma, agradecia
ao Senhor a existência
de Vera Celina, a quem
passara a reverenciar e
querer bem, na condição
de protetora, cujos
serviços se manteriam
para ela irresgatáveis.
Foi assim que, num
átimo, antes que os
noivos entrassem no
automóvel, ela correu ao
encontro dos dois e,
pela primeira vez,
abraçando o ex-marido,
bradou-lhe ao coração
com a celeste
emotividade do amor
purificado pelo
sofrimento: "Caio, meu
filho! Meu filho! Sê
feliz e que Deus te
abençoe!..." (Cap. 25,
pp. 217 a 220)
106. Túlio visita
a futura mãe - O
matrimônio de Caio e
Vera trouxe a Ernesto e
Evelina nova fonte de
incentivo ao trabalho.
Túlio, algo melhor ante
as promessas de futura
assistência por parte
daquela a quem amava
tanto, concordou em
matricular-se no
Instituto de Serviço
para a Reencarnação,
internando-se, de
pronto, num dos
gabinetes de
restringimento,
entregando-se aos
aprestos necessários.
Antes disso, porém, numa
noite em que Caio se
ausentara do lar, ele
foi levado à presença de
Vera, para
familiarizar-se com
aquela que o receberia
nos braços de mãe. Ao
vê-la na costura, em sua
casa de Vila Mariana, o
moço de imediato
simpatizou com ela.
Evelina recomendou-lhe
que a abraçasse, nela
venerando a protetora
que o abençoaria por
filho, em nome de Deus!
Mancini não apenas se
confiou ao amplexo
carinhoso, como também
lhe osculou a fronte,
enternecidamente. Vera
não percebeu aquela
manifestação afetiva, em
sentido direto, mas,
por alguns momentos,
deixou que a mente
divagasse, feliz. "Como
desejava obter um
filhinho!..." – pensou.
"Quanto anelava ser
mãe!..." Na verdade,
tanto ela quanto Caio
ansiavam acolher um
herdeiro para o futuro e
aguardavam essa bênção
do Todo-Misericordioso.
À medida que as doces
prefigurações da
maternidade se lhe
esboçavam no imo d'alma,
Vera sintonizava mais
intensamente com Túlio,
na mesma onda de
esperança e regozijo,
experimentando os dois
santo prelúdio de
inenarráveis alegrias.
Ao separar-se dela, às
despedidas, Túlio
perguntou quem lhe
seria o pai. Evelina
não respondeu, dizendo
apenas que o dono da
casa se achava distante
e que ele, Mancini, o
conheceria em momento
oportuno. Na base da
verdade prometida, Túlio
renasceria de Caio,
absolutamente
magnetizado pelo
devotamento materno, a
fim de se reaproximar do
antigo adversário e
metamorfosear
ressentimento em amor,
pela terapêutica do
esquecimento. Ante as
realizações em processo,
o tempo para Ernesto e
sua companheira jazia
repleto de obrigações
agradáveis e belas.
Renovado pelo
sofrimento, Ernesto como
que remoçara, enquanto
que Evelina, modificada
pelas novas
experiências, parecia
haver amadurecido, qual
se ambos houvessem
combinado operar um
reajuste da forma, com
vistas à harmonização em
nível de idade
semelhante de um para o
outro. (Cap. 26, pp. 221
a 223)
107. Toda
construção nobre há que
ser dirigida -
Impressionado com aquela
conciliação gradativa,
Ernesto procurou o
Instrutor Ribas,
inquirindo, respeitoso,
se lhe seria cabível
conhecer o passado.
Ribas foi direto: "Não,
Fantini. Desaconselhável
a providência, conquanto
possível. Você e Evelina
estão abraçando longa
empresa de serviço em
nosso plano. Terão
muitos problemas a
resolver, muito trabalho
a realizar... Desidério,
Elisa, Amâncio, Brígida,
Caio, Vera, Túlio,
Evelina e você formam
uma equipe de corações
comprometidos uns com os
outros, perante as Leis
de Deus, há muitos
séculos... Todos
reciprocamente enlaçados
no clima da provação,
lembrando elementos
químicos em cadinho
fervente para o
acrisolamento
indispensável!... Outros
componentes do grupo
chegarão com o tempo
para a vitória geral
sobre os alicerces do
amor que ainda vem muito
ao longe!... Integramos,
eu também com vocês, uma
grande família..." E
acrescentou, sorrindo,
que ali havia milhares
de criaturas nas mesmas
condições, trabalhando e
batalhando por sua
redenção. "Toda
construção nobre há que
ser dirigida. Primeiro,
o projeto; em seguida, a
execução... No plano
físico, idealiza-se a
continuação da vida, no
mundo espiritual... No
mundo espiritual,
idealiza-se a correção,
o reajuste, a melhoria
e o polimento dessa
mesma vida, no plano
físico. Somos viajores
do berço para o túmulo e
do túmulo para o berço,
renascendo na Terra e na
Espiritualidade, tantas
vezes quantas se fizerem
precisas, aprendendo,
renovando, retificando e
progredindo sempre,
conforme as Leis do
Universo, até
alcançarmos a Perfeição,
nosso destino comum..."
Ernesto entendeu que,
de futuro, ele e Evelina
talvez renascessem no
seio dos mesmos
Espíritos em cuja
aproximação estavam
colaborando, e, muito
tímido, qual jovem que
estivesse abrindo o
coração, disse:
"Instrutor Ribas,
Evelina e eu temos
refletido, refletido..."
Ele não conseguiu,
porém, terminar a
frase, que Ribas havia
entendido perfeitamente,
a ponto de dizer: "Já
sabemos, Fantini, que
vocês dois pensam num
casamento compreensível
e digno, conscientes
agora da imensa obra de
transformação e
burilamento que estarão
dirigindo, por muito
tempo, no grupo
espiritual a que se
vinculam". "O senhor vê
algum impedimento?",
perguntou Ernesto.
"Absolutamente nenhum,
de vez que tanto Elisa
quanto Caio já
dispensaram vocês de
qualquer compromisso
afetivo..." Nesse ponto,
antes que Ernesto
dissesse qualquer coisa,
um auxiliar do Instituto
veio chamá-lo, com
urgência, a pedido de
Evelina. (Cap. 26, pp.
223 e 224)
108. Renasce Túlio
- Os dias de Fantini e
Evelina rodavam em
plenitude de serviço.
Pouco a pouco, percebiam
quantos deveres
precisavam aceitar para
assegurar um
renascimento
relativamente tranquilo
a um Espírito enfermo,
como Mancini, que
requisitava cuidado
incessante, para que o
aborto não ocorresse. Em
milhares de outros casos
não cabiam preocupações
assim tantas. Túlio era,
porém, um homem de
cultura e virtude
medianas, com aguçada
sensibilidade à mostra,
em função de sua própria
necessidade de
burilamento, à vista dos
débitos contraídos em
outras existências.
Quaisquer choques no
ambiente materno
induziam-no à
irritabilidade e
quaisquer dificuldades
pequeninas impeliam-no a
indisposições
lamentáveis. Certamente
que se demorava em sono
terapêutico no laborioso
tratamento para a
volta criteriosamente
vigiada ao campo
terrestre, a que na
arena dos homens se dá
sumariamente o nome de
gravidez, como se
gravidez fosse
acontecimento
insignificante e igual
para todos os
reencarnandos, com
repercussões análogas
para as mães que os
hospedam. Importa
reconhecer, porém, que
o sono terapêutico do
Espírito, conjugado ao
desenvolvimento fetal,
se caracteriza por graus
diversos e, por isso,
nem sempre raia pela
inconsciência total.
Assim, muito trabalho
foi despendido por todos
até o dia em que Túlio
deu os primeiros vagidos
no berço, entre o êxtase
de Vera e a emoção de
Caio, maravilhados com o
filhinho... Túlio varara
a grande barreira entre
os dois mundos e, daí em
diante, reclamaria
cuidados de outro tipo.
Felizes com a execução
gradual do programa
estabelecido, Fantini e
Evelina cuidaram então
do retorno de Desidério
à carne. Era necessário
instalá-lo no sul
paulista, em casa de
Amâncio, segundo o
esquema do Instituto. Os
dois amigos passaram às
entrevistas
preparatórias, mas
Desidério pedia, exigia,
queixava-se... E, no
fundo, não se lhe podia
dar, de pronto, o
conhecimento de todo o
programa, para que não o
prejudicasse com dúvidas
ou desconsiderações
prematuras. Cabia-lhe
saber ser forçoso
retomar o corpo físico e
prometia-se-lhe a ida de
Elisa, algum tempo
depois dele, a fim de
que se reencontrassem no
domicílio dos homens,
mas, no roteiro traçado,
se lhe proibia a
antecipação de informes,
acerca do refúgio
doméstico, em que lhe
seria outorgada a nova
oportunidade. (Cap. 26,
pp. 225 e 226) (Continua na próxima
semana.)