Encontro divino
Rodrigues de Abreu
Na bênção do Natal,
quando o aprendiz
desditoso
contemplou toda a luz
que o Mestre lhe trazia,
a Terra transformou-se
aos seus olhos em
pranto.
Renovado a feliz,
reconheceu que a lama
era adubo sublime;
Notou em cada espinho
uma vara de flores
e descobriu que a dor,
em toda parte, é dádiva
celeste.
Assombrado,
viu-se, enfim, tal qual
era,
um filho de Deus-Pai
ligado em si à
Humanidade inteira.
Descortinou mil sendas
para o bem
no chão duro que lhe
queimava os pés.
Encontrou primaveras
sob o frio hibernal
e antegozou colheitas
multiformes
na sementeira frágil e
enfermiça.
Deslumbrado,
sentiu, nas flores,
estrelas mudas,
nas fontes, bênçãos do
céu exilados no solo,
e nas vozes humildes da
natureza,
o cântico da vida,
a Bondade Imortal.
Abrira-se-lhe nalma o
Grande Entendimento...
Não conseguiu articular
palavra
à frente do mistério.
Somente o pranto
de alegria profunda
orvalhou-lhe o semblante
em êxtase divino.
E, desde então,
passou a servir sem
cessar,
dentro de indevassável
silêncio,
qual se o Mestre e ele
se bastassem um ao
outro,
morando juntos para
sempre,
à maneira de duas almas
vivendo num só corpo
ou de dois astros
a brilharem unidos,
em pulsações de luz,
no Coração o Amor.
Do cap. 14 do livro
Antologia Mediúnica do
Natal, obra
psicografada por
Francisco Cândido
Xavier, de autoria de
Espíritos diversos.
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