As finanças de cada um
Por que nossos recursos
financeiros são tão
diferenciados? Há
indivíduos com fortunas
fabulosas, ao lado de
outros que vivem na mais
angustiante penúria?
Quem define isso? Quem
administra essas coisas?
Nós que acreditamos em
Deus e o sabemos justo e
bom, criador e senhor de
todas as coisas, sabemos
que todos os bens
pertencem a Ele. É Ele,
portanto, quem faz a
distribuição de acordo
com a programação a ser
executada. É, pois, a
programação da tarefa de
cada um que define isso.
Vejamos as profissões:
Cada profissional dispõe
dos instrumentos
necessários ao
desenvolvimento de sua
atividade.
O médico leva na sua
bolsa um estetoscópio e
alguns comprimidos para
atendimento de
urgência.
O engenheiro leva
consigo a trena e a
máquina de calcular.
O pedreiro não abandona
o prumo, o nível e a
colher.
A professora não se
descuida do caderno, do
lápis e do giz.
Cada profissional tem o
instrumental de que
precisa. Embora em todos
eles o principal – que é
o conhecimento e domínio
da técnica de sua
profissão – esteja no
cérebro.
Todos nós – seja qual
for a profissão que
venhamos a exercer –,
quando mergulhamos na
matéria (reencarnamos)
para uma nova
experiência
encarnatória, precisamos
de alguns instrumentos
para isso.
Os instrumentos variam
de acordo com a
complexidade da tarefa.
O recurso financeiro, em
muitos casos, vem do
trabalho. Mas nem todo
trabalho costuma ser
remunerado. O Professor
Ismael em carta à sua
netinha Laura chamava a
atenção dela para isso.
E lembrava que os
trabalhos mais
importantes, assim como
os bens mais
necessários, não são
pagos.
Vocês já pensaram
nisso?
Quanto custam nove meses
de aluguel dentro da
barriga da mãe? Qual o
preço de um carinho? De
um beijo de amor. De uma
noite indormida que a
gente costuma passar ao
lado do filho cuja febre
maltrata? Quanto vale um
conselho?
Eu me lembro da
Custódia.
A Custódia era uma
mulher dos seus
cinquenta anos que foi
morar conosco quando
éramos muito pequenos.
Nem sei quando ela
chegou lá em casa.
Parece que ela já estava
lá muito antes de a
gente chegar... Quando
meus pais iam para o
centro exercitarem sua
fé, era com a Custódia
que a gente ficava. E
nós, quando o sono
chegava, começávamos a
pedir: ”Custódia, faz eu
dormir!”; “Custódia;
conta uma história pra
mim!”. Custódia arrumava
os lençóis, o
travesseiro, o
cobertor... aquilo não
era só uma cama... era
um ninho pleno de
ternura e afeto...
Custódia sentava perto
da gente e começava a
cantarolar, ou a contar
histórias e, num
instante, a gente estava
dormindo.
Eu me lembro de que uma
das histórias de que eu
mais gostava era a de
uma menina linda de
cabelo de ouro. Eu nunca
soube como terminava
essa história. Dormia
antes de a história
acabar.
Quanto valia esse
carinho da
Custódia? Quanto vale o
amor pela Pátria? E a
generosidade dos bons? E
o ar que nos sustenta? E
o Sol que nos aquece? E
a chuva que recompõe os
nossos mananciais? E a
fruta que você chupa no
pé?
Quanto valem essas
coisas?
*
Nós não sabemos direito
do que realmente
precisamos para viver...
E começamos a sonhar...
Em vez de nos atermos às
coisas que de fato fazem
falta para o
desenvolvimento de nossa
vida, nós desviamos
nossa atenção para
aquilo que nada tem a
ver com o que se espera
de nós... E aí começamos
a sofrer.
É impressionante como
algumas pessoas agem
diante de certas coisas.
Carros, por exemplo.
Tive um irmão que só
pensava nisso. Ele
comprava um carro novo e
vinha me mostrar. E
começava a chamar a
atenção. Da frente do
carro, dos vidros, do
câmbio. Do painel, das
rodas, do estofamento,
de tudo. Eu cortava
logo: Tem buzina? Tem
freio? Pega no arranque?
Então tá bom...
Nenhum bem material,
carro, iate, casa,
mansão, chácara... Nada
pode transformar-se em
bem de adoração.
Sócrates começava, às
vezes, nas tardes de
sol, a dar um passeio
até o shopping de Atenas
para ver as coisas na
vitrina. O atendente
logo vinha abordá-lo.
– Posso ajudá-lo, meu
senhor?
– Não, obrigado. Apenas
estou observando. E
vendo de quantas coisas
eu não preciso para
viver.
A gente poucas vezes
presta atenção nas
coisas que fazemos ou
dizemos. Nas preces, por
exemplo. No Pai Nosso,
Jesus fez questão de
incluir aquela frase
“seja feita a vossa
vontade” para nos
advertir disso. O que
recebemos na vida para
tocar nossa caminhada é
o que Deus entende
suficiente para ela. Não
precisamos de mais nada.
É tocar a vida e sermos
felizes. Porque isso é o
que importa.