Um mal que afeta
milhões
O “homem
civilizado” não
se sente seguro
nem feliz no
tocante à sua
intimidade.
Ainda que tenha
atingido um
aprimoramento e
desenvolvimento
sociocultural,
obtido toda a
comodidade da
vida moderna,
apesar de toda a
rapidez dos
meios de
comunicação e de
transporte, os
quais facilitam
empresas e
negócios, a
criatura humana
não se sente
isenta de
angústias e
apreensões.
Chamam
civilização toda
sociedade
resultante de
tal processo, ou
o conjunto de
suas conquistas,
em especial,
aquelas
distintas por
certo estágio de
desenvolvimento.
O que
caracteriza uma
sociedade
civilizada é o
seu progresso
tecnológico,
econômico e
intelectual,
suas realizações
materiais
elaboradas
coletiva e
individualmente
em diversos
níveis de cargo,
segundo modelo
das sociedades
ocidentais
modernas. A
despeito das
vantagens da
vida moderna,
homens e
mulheres dos
grandes centros
urbanos não
vivem lá muito
felizes ao se
deparar com
súbitos
empecilhos que
lhes infelicitam
a vida.
Nesse caso, os
filhos das urbes
têm de
reduplicar suas
forças. Em meio
à
competitividade
globalizada que
as novas
tecnologias de
comunicação e de
processamento de
dados tornaram a
luta pelos meios
de subsistência
mais acerba,
todo o cuidado é
pouco. Angústias
profissionais,
problemas
familiares e
outros
distúrbios
particulares ou
coletivos causam
a sensação de
desamparo e
receio, como os
dos últimos
nefastos
incidentes de
vandalismo, de
brigas de
torcidas
organizadas, da
onda de assaltos
com mortes e
outras
tragédias.
Norte-americanos,
europeus e
orientais
próximos vivem
aturdidos,
desconfiados,
revoltados, com
medo de súbitas
ações de
franco-atiradores,
de terroristas.
Em nosso país,
permanece o
clima de
insegurança — o
brasileiro não
sofre a ação
sistemática de
terroristas
políticos; mas,
sofre com o
terror de
traficantes de
drogas, enfim,
da violência
urbana
generalizada.
Sensação de
impotência,
pessimismo
Já ouvi algumas
pessoas dizerem
que, de vez em
quando, ao
acordar, sentem
aquela sensação
de impotência,
de violentadas
em seus direitos
humanos e de
cidadãs. Estas
se confessaram
pessimistas
quanto ao
futuro,
temerosas. Nos
grandes centros
urbanos do nosso
país, o receio
do assalto, da
bala perdida, do
sequestro-relâmpago,
a frustração
pelas últimas
ocorrências
lamentáveis de
corrupção na
política...
Consoante adágio
popular, “a
corda arrebenta
sempre do lado
mais fraco”...
Entendamos aqui
por “lado mais
fraco” o
organismo
físico. Como
resultado dos
abalos sociais e
de toda a
agitação, surge
a ardência ou
aperto no peito,
o transpirar
frio e
abundante, a
taquicardia, a
palidez no
rosto, o medo da
morte ou de
enlouquecer de
vez — sinais
vistos em
milhões de
pessoas. São,
segundo os
médicos,
sintomas da
“síndrome do
pânico”, o “mal
dos tempos”, ou
“da vida
moderna”. Há
quem busque nas
substâncias
tóxicas um
estado psíquico
capaz de lhe
assegurar uma
melhora; mas
tudo não passará
de mero
equívoco; pioram
as crises.
As crises
generalizadas da
síndrome do
pânico têm
acometido muitos
em quase todos
os lugares do
globo, homens e
mulheres, idosos
e jovens já as
sofreram. Essa
doença afeta de
1,5% a 2% das
pessoas,
conforme o
médico Antonio
Egidio Nardi,
professor
adjunto do
Instituto de
Psiquiatria da
Universidade
Federal do Rio
de Janeiro.1
Ainda por cima,
as pessoas
acabam por
desenvolver
certas fobias:
de avião, de
elevador, de
multidão, de
congestionamento
de trânsito,
etc., por isso,
o acúmulo de
atendidos em
clínicas de
emergência.
Aliás, os
médicos
perceberam agora
que o medo
mórbido, a
ânsia, a
depressão, no
fundo,
resumem-se em
coisas da
alma...
Tem cura? Têm
— mas de
modo relativo,
dependendo de
cada caso e
paciente. Não
raro, as crises
podem estar
associadas ao
abuso de
alcoólicos, do
tabagismo e das
demais drogas
que lesam a
saúde. “A
síndrome do
pânico nada mais
é que uma
resposta de uma
situação de
estresse”,
afirmou um
psiquiatra, o
dr. Steven Bruce,
da Brown
University,
Rhode Island,
EUA.
Terapia
cognitiva
comportamental
No conceito de
alguns renomados
psiquiatras, o
que eles
denominam
“terapia
cognitiva
comportamental”
pode curar tais
transtornos.
Essa prática
consiste também
no emprego de
medicamentos
antidepressivos
tricíclicos,
benzodiazepínicos
e os IRSS
(antidepressivos
inibidores
seletivos da
recaptação da
serotonina). A
terapia
cognitiva
comportamental
expõe o paciente
a situações de
estresse e, com
o tempo, ele
pode aprender a
lidar com estas
e até adquirir
autodomínio,
dependendo do
caso, com o
suporte dos tais
medicamentos.
O diretor do
Programa de
Tratamento de
Diagnóstico
Duplo do Centro
Médico de
Harbor, na
Universidade da
Califórnia, EUA,
John Tsuang, crê
no bom êxito da
terapia
cognitiva
comportamental.
Embora outros
médicos a
subestimem,
Tsuang põe
confiança nesse
método. “Ainda
não sabemos ao
certo como
funcionaria;
porém, sabemos
que a mente pode
ser bem forte na
correção de
comportamentos”,
disse isso em
outubro de 2004,
durante
conferência no
Congresso
Brasileiro de
Psiquiatria, em
Salvador, BA.
Sob tal ponto de
vista,
concordamos com
o diretor, uma
vez que, nós,
espíritas,
sabemos acerca
da importância
da mente. De
fato, ela é
capaz de
admiráveis
casos; porém,
esta tanto pode
se aviltar sem
cogitar do
balanço moral da
consciência,
como pode se
engrandecer
espiritualmente
através das
dificuldades,
superando ou
resolvendo um
problema de
difícil
resolução.
Que diz o
Evangelho
O Evangelho
segundo o
Espiritismo
diz que, no
transcorrer de
nossas
existências
físicas,
acontece uma
série de
dissabores,
cujas causas se
encontram em nós
mesmos, de
acordo com nosso
mau procedimento
e excessos de
toda a sorte. “O
homem é, assim,
num grande
número de casos,
o autor de seus
próprios
infortúnios”,
afirmou Allan
Kardec em sua
exposição
escrita.2
Quer dizer, o
homem não
conhecerá mais
que a aflição,
se estacionar
nas ideias
obscuras da
exterioridade,
por isso a
doença, para
ele, ilógica.
Escreveu o
notável filósofo
espírita, Léon
Denis: “O homem
só é grande, só
tem valor pelo
seu pensamento”.3
Pensamentos de
ansiedade, de
insegurança e de
malogro na
maneira de
proceder na
alegria ou na
dor e todo o
conjunto de
problemas
atinentes a
desequilíbrios
são sintomas
doentios da
alma.
Alguns chegam
mesmo a cometer
suicídio, nos
EUA e em outros
países ditos de
primeiro mundo,
pensam em não
continuar
sofrendo, com
“medo de morrer”
ou de ficar
loucos por causa
de traumas
causados pelo
pânico, disse
Bruce. O
trabalho de
psiquiatras
brasileiros e
estrangeiros é
digno de todo o
nosso respeito.
Segundo os
médicos
preocupados em
dar combate a
esse sofrimento
de ricos e
pobres, o
fundamental é o
equilíbrio, além
de exercícios,
de uma dieta
saudável, de
alguma ocupação
interessante, de
atividades
lúdicas.
E nós, por nossa
vez,
acrescentamos
que,
independente da
terapia
cognitiva, de
exercícios e
dietas
saudáveis, de
crença religiosa
e de qualquer
modo de pensar,
todos somos
filhos de um
mesmo Pai, que é
Deus, e Ele nos
criou para que
sejamos
saudáveis,
sobretudo,
felizes. Em meio
à aflição,
procuremos jeito
de ocorrer um
famoso salmo: “O
Senhor é meu
pastor e nada me
faltará”,4
principalmente
você, caro
leitor ou cara
leitora, se “por
acaso” lê estas
linhas, estando
angustiadamente
inseguro(a),
ansioso(a), com
a autoestima em
baixa por causa
de algum dos
mencionados
sintomas.
Quanto a você,
meu irmão ou
minha irmã de fé
espírita,
oremos, vigiemos
sem cessar (não
o próximo, e sim
nós mesmos!)
conforme
solicita nosso
querido Mestre
Jesus, o Médico
dos Médicos.
Espírita de
verdade,
conhecedor da
sua Doutrina,
não sente
depressão nem
teme coisa
alguma porque,
antes de tudo,
confia
plenamente (e
sabe como
ninguém por que
confia) em
Jesus, em Deus e
na salutar
influência dos
bondosos
Espíritos
executores da
Sua vontade.
Por último,
reflitamos sobre
importante
receita do
Espírito
Emmanuel pela
incomparável
mediunidade
psicográfica do
bondoso e
saudoso médium
Francisco
Cândido Xavier:
“Lança as
inquietudes
sobre as tuas
esperanças em
Nosso Pai
Celestial porque
o Divino Amor
cogita do
bem-estar de
todos nós. Justo
é desejar
firmemente a
vitória da luz,
buscar a paz com
perseverança,
disciplinar-se
para a união com
os planos
superiores,
insistir por
sintonizar-se
com as esferas
mais altas. Não
olvides, porém,
que a ansiedade
precede sempre a
ação de cair”.5
____________________________________________________
Notas:
1
Ramalho,
Cristina. Mal
dos tempos. In:
Diálogo médico.
Ano 31, n.o
1. São Paulo:
Editora Livre,
fevereiro/janeiro
de 2005. p. 54.
2
KARDEC, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Tradução Guillon
Ribeiro. 77. ed.
Rio de Janeiro:
Federação
Espírita
Brasileira (Feb),
1979. Capítulo
5.o,
item 4, p. 102.
3
DENIS, Léon.
O Problema do
Ser, do Destino
e da Dor. 15
ed. Rio: Feb,
1989. Cap. 24,
p. 355.
4
ALMEIDA,
Tradução de João
Ferreira de.
A bíblia sagrada.
100.000. ed. Rio
de Janeiro:
Sociedade
Bíblica do
Brasil, 1960.
Cap. 23, vers. 1
a 6, p. 576.
5
XAVIER,
Francisco
Cândido. Pão
Nosso
(Espírito
Emmanuel). 10.
ed. Rio: Feb,
1984. Tema 8, p.
27.
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