Canção do tempo
Francisca Clotilde
Barbosa Lima
Ouve a esperança que te
fala ao peito:
– “Hoje é o dia
De lavrar o coração
E plantar a alegria.”
No relógio da Terra, o
tempo é curto...
Estende, agora, as mãos,
enquanto é cedo.
Sê mais feliz, fazendo
almas felizes,
Sem repouso e sem medo.
Assevera o minuto: “faze
logo.”
Diz a vida: “não temas.”
À plena luta, a chave da
bondade
É solução em todos os
problemas.
Não mostres rosto
triste.
Toda mágoa entorpece...
Conserva no semblante o
riso que há no sol
E o louvor que há na
prece.
Se podes trabalhar,
Reflete na semente
Que, lançada no solo,
É o pão de tanta
gente!...
Procura no perdão a paz
de novo,
Não te abandones à
ilusão da ira.
Desculpa, de alma limpa,
tantas vezes
Quantas vezes alguém te
bata ou fira.
Não te prendas a dores
de passagem,
Nem a posses terrenas...
Demoras-te no mundo
Por instantes apenas.
Todo mal que pratiques
É sombra a segregar-te
em cativeiro;
Mas todo bem que faças
É amor vibrando no
Universo inteiro...
Hoje é o dia de ajudar e
abençoar, de entender e
construir,
Segundo a fé que, em ti,
refulge e arde.
Amanhã, outro dia talvez
diga:
– “Não prossigas além,
que é muito tarde...”
Do livro Antologia
dos Imortais, de
autoria de Espíritos
diversos, psicografia de
Waldo Vieira e Francisco
Cândido Xavier. Poetisa,
contista e romancista,
Francisca Clotilde
Barbosa Lima exerceu o
magistério até os
últimos dias de sua
existência terrena,
tendo sido a primeira
mulher a lecionar na
primeira Escola Normal
do Estado do Ceará.
Natural de S. João de
Inhamuns, hoje Tauá
(CE), onde nasceu em 19
de outubro de 1862, ela
desencarnou em Aracati
(CE) em 8 de dezembro de
1935.
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