Como morrer no Facebook
A revista Seleções
READER´S DIGEST, do mês
de dezembro de 2013,
páginas 104 a 107, traz
uma reportagem com o
título deste artigo.
Vejamos um pequeno
trecho: “Antigamente, a
notícia da morte de
alguém passava de uma
pessoa a outra. O
falecimento era lembrado
num templo ou numa
igreja, chorado no
cemitério ou sofrido em
silêncio. Hoje, torpedos
e e-mails compartilham o
acontecido. E as redes
sociais oferecem a muita
gente a oportunidade de
homenagear e chorar quem
partiu.
No funeral, há hora e
lugar específicos para
chorar a morte de
alguém, diz Jed Brubaker,
estudioso de mídias
sociais do campus da
Universidade da
Califórnia em Irvine. No
facebook, qualquer um
pode participar desse
processo a qualquer
momento”.
Aproveitamos a ideia da
tecnologia moderna para
lembrarmos a figura da
Dra. Elizabeth
Kübler-Ross, a mulher
pioneira em ouvir
aqueles que se
avizinhavam da partida
através da morte física,
ao ponto de
considerá-los seus
mestres no assunto.
Antes dela, a ideia que
imperava era a de que
nada se teria a dizer ou
fazer para consolar o
paciente terminal.
Exatamente por isso,
existia a imobilidade
que impedia o consolo
possível de chegar até
esse paciente.
Doutora Elizabeth é
suíça de nascimento,
formada na conceituada
Universidade de Zurique.
Seus pacientes morriam
de preferência em suas
próprias casas, com a
assistência médica
necessária, mas cercados
do carinho dos
familiares e visitados
pelos amigos e não em um
local frio e distante
como uma UTI.
Já que todos iremos
enfrentar infalivelmente
o momento da morte,
pensava ela, nada mais
lógico do que nos
prepararmos para isso. A
grande lição dessa
psiquiatra famosa em
todo mundo está contida
nas suas palavras:
“Viva, de modo que você
não tenha que olhar para
trás e dizer: Meu Deus,
como desperdicei minha
vida!”.
Em seu mais impactante
livro – Sobre a morte
e o morrer -, ela
destaca o muito que os
agonizantes têm a
ensinar aos médicos, às
enfermeiras, aos
sacerdotes e às suas
próprias famílias.
Destaquei a palavra
“sacerdote” no sentido
de generalizá-la a todos
os representantes de
qualquer religião que,
supõe-se, devam levar o
consolo ao paciente e
aos familiares nesses
momentos extremamente
difíceis da existência.
É da autoria dela os
cinco estágios hoje
plenamente aceitos pela
medicina sobre o
posicionamento do
paciente perante a
possibilidade de morrer.
A primeira fase é a
negação. A pessoa reage
como se o diagnóstico
estivesse errado. Que
aquilo não estaria se
passando realmente com
ela. Que se trata de um
sonho ruim do qual irá
despertar e ficar tudo
bem. A segunda fase é a
da raiva, a da revolta.
A pessoa se revolta
contra Deus ou, se
descrente, contra a
própria vida,
avaliando-se como não
merecedora de tal sorte.
A terceira parte, para
aqueles que creem, é a
negociação com Deus. Se
a doença e todo
sofrimento que a cerca
não se confirmar,
prometem modificar-se em
algum ponto de sua vida
em que vivia equivocada.
A quarta fase é a da
depressão. É a entrega.
É o abaixar de armas e
desistir da luta, de
entregar-se. E,
finalmente, a última
fase é a da aceitação. O
desenvolvimento dessas
fases, a doutora
Elizabeth Kubler-Ross
aprendeu em seus
inúmeros contatos com
doentes terminais.
O interessante é que a
ilustre médica começou a
aprender coisas
diferentes com os
pacientes terminais que
descreviam as ocasiões
em que se viam flutuando
acima do corpo físico e
a presença de parentes
ou amigos já falecidos
que vinham visitá-los.
Passou a divulgar para o
mundo todo as suas
descobertas com a
finalidade de levar
consolo aos doentes e
seus familiares. Não é
preciso dizer que não
foi bem aceita por uma
parte de seus colegas
que começaram a ver nela
atitude mística, de
ocultismo, orientalismo
ou, talvez, até mesmo de
uma certa debilidade
mental.
Em uma determinada
ocasião, voando num
avião de pequeno porte
(vinte lugares apenas)
um repórter
perguntou-lhe se ela não
tinha medo de voar.
Respondeu a doutora de
maneira enfática e
objetiva: “Não tenho
medo de morrer. Estou
apenas à espera de
ordens lá de cima”.
Ensina Joanna de Ângelis
que a intuição da
vida, o instinto de
preservação da
existência, as
experiências psíquicas
do passado e
parapsicológicas do
presente atestam que a
morte é um veículo de
transferência do ser
energético pensante, de
uma fase ou estágio
vibratório para outro,
sem expressiva alteração
estrutural da sua
psicologia. Assim,
morre-se como se vive,
com os mesmos conteúdos
psicológicos que são os
alicerces
(inconsciência) do eu
racional (consciência).
Você se chocaria se um
dia seu nome estivesse,
nas condições
mencionadas pela
reportagem da revista
Seleções, em um facebook?
Ou seria melhor
perguntar se você tem
medo de voar? Ou está
apenas esperando ordens
lá de cima?
Como diz a doutora
Elizabeth, sendo o
momento da morte
infalível, nada melhor
do que nos prepararmos
para ele. Para isso,
temos que primeiro
afastar a ideia de que
somos imortais
fisicamente falando.
Afastar a ideia de que
nossa morte está sempre
em um horizonte muito
longínquo esquecido no
tempo. Em um segundo
momento, vivermos de tal
forma que não precisemos
olhar para trás e dizer:
Meus Deus, como
desperdicei minha vida!
No dia em que
conseguirmos tudo isso,
com certeza não teremos
mais medo de voar...