Que é, afinal, esse tal
Espiritismo?
Outro dia, um amigo
muito querido, numa
conversa informal, me
perguntou: - Afinal, o
que é esse tal de
Espiritismo?
Como a tantos, neste
país, até mesmo entre
aqueles que o aceitam,
mas principalmente entre
os que o ignoram, por
desconhecimento ou
má-fé, o Espiritismo
continua sendo um grande
desconhecido. Por isso
dizem dele exatamente o
que ele não é.
E é tão fácil responder
a essa pergunta, porque
nada mais claro e
simples do que os seus
princípios e a sua
mensagem.
Diríamos que a doutrina
espírita é um conjunto
de normas com o fim de
fazer o homem e a
humanidade se
desenvolverem mais
rapidamente. Para isso
tem conceitos de caráter
científico, filosófico e
religioso.
A ciência espírita não
cuida dos fenômenos
ligados à matéria, mas
aos que se relacionam
com a alma humana; a
filosofia aclara os
grandes e incógnitos
problemas que atormentam
a criatura humana: Quem
somos; de onde viemos,
por que sofremos, qual a
finalidade da
existência, para onde
vamos; por que somos
todos tão diferentes uns
dos outros se é o mesmo
o Pai de todos nós.
A parte religiosa do
Espiritismo retoma o
conceito que levou ao
surgimento da religião
entre os homens. No
princípio, nenhuma ideia
que relacionasse
religião a Deus. A
religião surgiu com a
necessidade de os homens
se aproximarem uns dos
outros para dividirem
suas alegrias ou
compartilharem suas
tristezas. Nascimento de
um filho, casamento de
uma filha, uma boa
colheita geravam
encontros para
celebrarem a alegria
desses acontecimentos.
Separações, mortes,
perdas importantes na
área da sobrevivência
eram motivo para que se
dessem a mão as pessoas
envolvidas no processo.
Muito depois, mas muito
depois mesmo, é que
aquele encontro que
surgiu para unir as
pessoas de uma mesma
comunidade passasse a
significar uma forma de
agir para nos aproximar
do Criador. É até
interessante isso porque
ninguém pode se
aproximar de Deus sem
primeiro se aproximar do
próximo. Se não amamos a
quem vemos, como amar a
quem não vemos e, muito
menos, entendemos?
Espiritismo é único e
não se confunde com
nenhuma seita moderna ou
antiga.
Não tem rituais,
liturgias, sacerdócio,
roupas ou fantasias
especiais, não remunera
seus divulgadores ou
seus oficiantes, não tem
dogmas, nem patrocina
encenações para
demonstração pública, e
práticas exteriores de
qualquer espécie.
Não utiliza qualquer
tipo de estimulante à
crendice, como incensos,
bebidas alcoólicas,
charutos, velas,
despachos, tambores,
procissões, enfim,
cerimônias de cunho
exterior.
Não faz batizados, nem
crisma, nem casamentos,
nem encomendações na
hora da morte de quem
quer que seja, nem
sacramentos de qualquer
natureza.
Não risca pontos, não
utiliza nomes exóticos
para as entidades
espirituais ou anímicas
que costumam
manifestar-se em grupos
praticantes de rituais
trazidos da África pelos
que viriam a se tornar
escravos no Brasil.
Não tem qualquer
parentesco ou semelhança
com a umbanda, a
quimbanda, o candomblé,
a feitiçaria, a macumba
ou práticas congêneres.
O Espiritismo não é
criação de um homem, ou
de muitos homens, como
aconteceu com o budismo,
o confucionismo, o
bramanismo, o
maometismo, o judaísmo,
o catolicismo, o
protestantismo e todas
as variações do
evangelismo em toda
parte.
Não cito o Cristianismo,
porque Jesus Cristo não
fundou religião alguma.
Seguia a religião de seu
país, ao seu tempo,
analisando os
ordenamentos de Moisés e
a eles se submetendo
sempre, ele e sua mãe,
apenas trazendo com a
sua autoridade a
renovação de alguns
princípios do judaísmo
e, sobretudo, uma nova
concepção de Deus e de
sua justiça.
É verdade que o
Espiritismo acolhe
certos princípios que
são quase universais,
como a crença em Deus,
na sobrevivência da
alma, na justiça que há
de premiar os bons e
promover a redenção dos
maus.
Mas o conceito que a
doutrina espírita tem de
Deus supera tudo aquilo
que as religiões têm
ensinado a respeito d’Ele.
É uma ideia nova que
recupera Deus, como Pai
soberanamente justo e
bom, e como a
inteligência suprema e
causa primeira de todas
as coisas.
Repõe em seu verdadeiro
sentido a justiça de
Deus, quando admite e
comprova a preexistência
da alma, sua
sobrevivência à morte, a
comunicação dos que
morreram com os que
ainda vivem; a
reencarnação como única
prova efetiva da justiça
de Deus; o progresso de
todos os homens,
excluindo a hipótese de
que alguém se perca no
caminho ou seja levado a
um tipo de sofrimento
eterno; a evolução de
todos os seres animados
e inanimados; a lei do
livre-arbítrio; a
responsabilidade pessoal
e intransferível, a lei
de causa e efeito e
muito mais.
Ensina que tudo aquilo
que fazemos de mal ao
nosso próximo, por
palavras, obras e até
pensamento, se reverte
em nosso prejuízo
lesando nosso corpo
espiritual cuja cura se
processará
indubitavelmente em
existências posteriores,
como forma de
aprendizado e evolução.
Essas considerações são
uma imagem pálida do que
é esse tal de
Espiritismo, ideia nova
que há de redimir a
Humanidade de seus erros
e encaminhá-la à
perfeição a que está
destinada pela vontade e
determinação de Deus.