Evolucionismo bíblico
Dias atrás, via
internet, estive a
assistir a uma palestra
de importante, culto e
muito falante orador
pentecostal, defendendo
o fixismo das coisas
terrenas, argumentando,
pois, sobre os equívocos
dos evolucionistas e sua
moderna Teoria da
Evolução. E chegava até
mesmo aos gritos,
ferindo-nos os tímpanos
com sua fala vibrante,
mas pouco verossímil,
por querer se sobrepor à
verdade, contrariando
princípios filosóficos e
científicos extraídos da
própria natureza que não
sabe ludibriar, falsear
ou mentir, por
determinismo da Lei.
Interessante notar,
naquele seu enganoso
discurso, como ao
referido pastor - apesar
de seus protestos em
altos brados -, ao mesmo
tempo, faltava
inspiração, competência,
raciocínio lógico e
coerente, se comparado a
um discurso equilibrado,
fluente e convincente,
emanado, por
conseguinte, de seus
superiores hierárquicos
estabelecidos no plano
que lhe transcende a
pessoa humana, pois que
o mesmo é médium, sendo,
portanto, inspirado e
dirigido pelos seus
maiores com os quais se
afina em concordância,
ou desafina por
discordância cognitiva,
afetiva e moral, como
fora o caso em questão.
Ficando muito claro,
pois, naquela sua fala,
que seu instrutor
espiritual, mais
esclarecido que seu
pastor-médium, “parecia”
discordar do mesmo,
abandonando-o à própria
sorte, pois dito pastor,
apesar de inteligente,
gaguejava, faltava com a
verdade que, a meu ver,
seu instrutor espiritual
conhecia e conhece,
sabendo, pois, que nada
se paralisa neste
universo de dinâmica
incessante, estando,
referido pastor,
perdendo oportunidade de
retificar conceitos de
sua instituição
religiosa, de mudar
perspectivas mentais,
com a verdade cristalina
da conceituação
científica, onde a
mentalidade mui concreta
de tal pastor não quer,
ou não consegue enxergar
pelas arcaicas
concepções bíblicas,
apesar das provas e
evidências mostradas
pelos evolucionistas
serem claras e
objetivas, até fáceis de
entender.
Por outro lado, a Bíblia
Sagrada também confirma
a evolução com o
movimento contínuo das
ideias, haja vista que a
mesma se divide em
livros do Velho e do
Novo Testamento,
provando, só por aí, a
progressão da
mentalidade humana,
estando, no Velho, numa
fase, e, no Novo, noutra
fase, e ostentando,
pois, um dinamismo
inegável, onde, no
Velho, se depara com um
Deus Contraditório, que
alude ao Não Matarás,
mas procede como Deus
Tirano, Vingativo e
Cruel; e, no Novo, surge
o Deus Harmônico,
Amoroso e Providencial,
onde a Lei do olho por
olho e dente por dente é
substituída pela Lei do
amai-vos, do perdoai
para que sejais
perdoados, e coisas
afinizantes a tais.
Assim, no Velho, temos,
pois, um povo de
mentalidade bárbara
(M1): brutalizada e
hostil; e, no Novo, um
povo de mentalidade mais
branda (M2): apto à
recepção de ideias novas
e, portanto, mais
avançadas que aquelas
outras, onde se nos
mostra que:
[(M1) --- > (M2)] =
[(M1) avança e evolui
(--- >) para (M2)]
Mas tem mais! Jesus,
percebendo a já mais
adiantada mentalidade
(M2), ainda assim, vira
nela potencialidades
para evoluir mais, e,
com palavras proféticas
anunciara de viva voz:
“Tenho ainda muitas
coisas para vos dizer,
mas que não seríeis
capazes de compreender
por agora”. (João – Cap.
16, v. 12).
E, se a mentalidade (M2)
tornara-se mais avançada
que (M1), entretanto,
(M2) teria de evoluir
mais, ou seja, para
(M3); quando então,
progressivamente, se
obtêm:
[(M1) --- > (M2) --- >
(M3)]
Onde a mentalidade (M1)
evoluiu para (M2), e
esta vai evoluindo para
a mentalidade (M3),
objetivando-se mais
ampla compreensão do
Evangelho que, em (M2),
não se compreenderia sua
dilatada Filosofia, do
Homem e do Cosmos, e
seus ensinos do Amor e
do Perdão
incondicionais.
E, se o Mestre assim
procedera, terá sido por
reconhecer, naquele
momento, o despreparo
dos homens do tempo (M2)
para uma compreensão
mais dilatada de sua
Excelsa Doutrina; que
precisariam, noutras
palavras, de uma maior
maturidade do senso
moral e da inteligência,
para então, após dezoito
séculos que separam o
Cristianismo do
Espiritismo, estarem
enfim preparados para
compreensão, plantio e
colheita resultante da
prática viva de Sua
Doutrina, agora vista e
desenvolvida em bases
científicas como o quer
e o exige o método
experimental.
E, para que não paire
dúvida sobre tal
assertiva, no
prosseguimento daquele
Cap. 16, bem como no 14,
v.v. 15 a 26, daquele
mesmo evangelista, Jesus
revela que nos enviaria
o Consolador, o Espírito
de Verdade, com o fito
de nos ensinar todas as
coisas, fazendo-nos
recordar tudo o que Ele
mesmo havia dito e feito
e que ficaria
eternamente conosco.
O estudo metódico e a
sóbria reflexão dos
ensinos espiritistas,
quando não realizados de
forma leviana e com
ideias preconcebidas,
nos levam à conclusão
irrefutável de que o
Espiritismo,
efetivamente, possui
todas as características
do Consolador que, por
meio da Falange do
Espírito de Verdade,
esclarece, conforta e
suaviza as penas de cada
dia levando-nos a novos
patamares de
entendimento, de
sabedoria e de amor.
Assim, por evolução, o
Velho Testamento (M1)
preconiza a vinda do
Novo (M2), e este, por
sua vez, anuncia a vinda
do Consolador (M3), o
Espírito de Verdade para
a consolidação plena do
Cristianismo nas vozes
consoladoras do
Espiritismo, onde tudo e
todos evolucionam até à
infinitude (oo) em
Deus:
[(M1) -- > (M2) -- >
(M3) -- > até o infinito
(oo)=(Deus)]