Vivemos eternamente
Ao longo dos incontáveis
séculos, passamos por
inumeráveis existências
físicas duma única vida
eterna. Já podemos ter
sido reis, rainhas, mas
também mendigos, pois
estamos sujeitos,
sempre, à lei de causa e
efeito, que não visa a
nos punir e, sim,
corrigir. Tivemos corpos
belos e perfeitos, que
destruímos, numa vida de
devassidão, e
retornamos, em outras
existências dessa vida
única, em corpos
disformes, feios,
mutilados em
consequência de nossos
atos equivocados do
pretérito.
Assim será enquanto não
nos harmonizarmos com as
leis de Deus, que são
perfeitas e não se
destinam a punir-nos, e,
sim, a corrigir seus
filhos transviados da
lei do Bem e do Amor.
Diz Léon Denis que “A
alma contém, no estado
virtual, todos os
germens dos seus
desenvolvimentos
futuros. É destinada a
conhecer, adquirir e
possuir tudo. Como,
pois, poderia ela
conseguir tudo isso numa
única existência?”
(DENIS, 2008, cap. IX,
p. 161).
Denis diz que se engana
quem pensa que a
finalidade da evolução
anímica é ser feliz na
Terra. “Meu reino não é
deste mundo”, já dizia
Jesus a Pilatos (João,
19: 36). Aqui estamos
para nosso
aperfeiçoamento, ao
longo da vida eterna,
aqui já estivemos e para
cá ainda deveremos
retornar, inúmeras
vezes, para trabalhar,
servir e amar, em eterna
convivência, chorando,
mas também sorrindo e
progredindo sempre,
espiritualmente, com o
predomínio, cada vez
maior, do espírito sobre
nossos instintos
animalizados.
Nosso progresso ocorre
aos poucos, à custa de
longo e porfiado esforço
próprio. Desse modo,
nossa virtude e
sabedoria aproximam-nos,
cada vez mais, do nosso
próximo, do meio social
em que estamos
vinculados e
subordinados ao
cumprimento da Lei que
nos ordena amar,
conhecer e servir
sempre. Somos, portanto,
os construtores do nosso
próprio destino,
vinculados sempre à lei
de causa e efeito, ao
livre-arbítrio, mas
também à lei do amor, o
que dá, a cada um de
nós, dependendo de
nossas escolhas,
momentos de angústia ou
de paz, de sofrimento ou
de alegria. “Como, sem a
dor, havíamos de
conhecer a alegria; sem
a sombra, apreciar a
luz; sem a privação,
saborear o bem
adquirido, a satisfação
alcançada?” (DENIS,
2008, p. 163).
É impossível que, em
existência única, na
Terra, possamos alcançar
a perfeição e,
consequentemente, a
felicidade plena. Como
mundo em transição, de
provas e expiações para
a regeneração, a Terra
ainda está longe de
proporcionar a
felicidade total a
qualquer um de seus
habitantes. Podemos ser
bilionários, jovens
belíssimos, ter
primorosa inteligência,
saúde invejável e, ainda
assim, estaremos
distantes do que é a
verdadeira felicidade.
Diz ainda Léon Denis:
"Emergir grau a grau do
abismo da vida para
tornar-se Espírito,
gênio superior, e isto
por seus próprios
méritos e esforços,
conquistar o futuro hora
a hora, ir-se libertando
dia a dia um pouco mais
da ganga das paixões,
libertar-se das
sugestões do egoísmo, da
preguiça, do desânimo,
resgatar-se pouco a
pouco das suas
fraquezas, da sua
ignorância, ajudando os
seus semelhantes a se
resgatarem por sua vez,
arrastando todo o meio
humano para um estado
superior, tal é o papel
distribuído a cada alma.
Para desempenhá-lo, tem
ela à sua disposição
toda a série de
existências inumeráveis
na escala magnífica dos
mundos". (DENIS, 2008,
p. 170.)
Somos, pois, projeção da
luz divina. É por isso
que os Espíritos
inferiores não resistem
à luz emanada dos que
lhe são superiores. A
luz intensa cega aos que
estão nas trevas.
A morte não existe, ela
nada mais é do que uma
temporária passagem de
um estado a outro de uma
mesma vida eterna do
Espírito. Além da
extinção do corpo
físico, prevalece nosso
corpo espiritual, o que
levou o apóstolo Paulo a
dizer “Semeia-se corpo
animal, ressuscita-se
corpo espiritual” (I
Coríntios, 15: 44).
O que faz muitas pessoas
temerem a morte é uma
vida sensual, viciosa,
da qual não se querem
libertar. Vai chegar o
momento, porém, em que
tais pessoas terão de se
desligar do corpo
físico; então, não lhes
adiantará espernearem,
gritarem que não querem
morrer e lamentarem não
se extinguirem no nada.
Há milênios que os
grandes profetas e há
156 anos que a Doutrina
Espírita, expressando a
vontade do Cristo, nos
esclarecem, sem ocultar
a luz sobre a
imortalidade da alma e a
atuação implacável da
lei de causa e efeito. O
próprio Jesus foi direto
ao assunto: “Porque todo
aquele que faz o mal
aborrece a luz, e não
vem para a luz para que
as suas obras não sejam
reprovadas. Mas quem
pratica a verdade vem
para a luz, a fim de que
as suas obras sejam
manifestas, porque são
feitas em Deus” (João,
3: 20 e 21).
Há sempre tempo, porém,
de recomeçarmos, em cada
existência que Deus nos
proporciona, a viver em
harmonia com nossa
consciência. Até porque,
como nos afirma Léon
Denis, "(...) Além da
campa, o único juiz, o
único algoz que temos é
a nossa própria
consciência. Livre dos
estorvos terrestres,
adquire ela um grau de
acuidade, para nós
difícil de compreender.
Adormecida muitas vezes
durante a vida, acorda
com a morte e a sua voz
se eleva; evoca as
recordações do passado,
as quais, despidas
inteiramente de ilusões,
lhe aparecem sob a sua
verdadeira luz, e as
nossas menores faltas se
tornam causa de
incessantes pesares".
(DENIS, 2008, p. 197.)
Vivemos entre dois
mundos: o físico e o
espiritual. As
informações mais
precisas e completas
sobre nossa vida no
plano espiritual, desde
o lançamento de
O Livro dos Espíritos,
em 18 de abril de 1857,
vêm-nos sendo
proporcionadas pelos
Espíritos libertos do
corpo físico. De lá para
cá, embora tais
conhecimentos sejam
milenares, os Espíritos
têm lançado mão dos mais
variados meios de
comunicação para nos
provarem a imortalidade
da alma.
Em
O Livro dos Médiuns
(LM), de Allan Kardec,
temos o registro dos
mais diversos processos
de comunicação
mediúnica, quais sejam:
a psicografia, a
psicofonia e os
extraordinários
fenômenos, comprovados
por vários sábios, das
materializações de
objetos e de Espíritos.
Uma das obras mais
extraordinárias que nos
trazem a confirmação de
inúmeros sábios é
Fatos Espíritas,
republicada recentemente
pela Federação Espírita
Brasileira (FEB), de
William Crookes, um dos
mais destacados físicos
ingleses de todos os
tempos.
Aqui no Brasil temos a
obra
O trabalho dos mortos,
de Nogueira de Faria, e,
recentemente,
Anna Prado: a mulher que
falava com os mortos,
de Samuel Nunes
Magalhães, ambas
publicadas pela FEB.
Atualmente, são diversas
as obras que tratam dos
fenômenos de
materialização e
reencarnação dos
Espíritos, como
comprovação da
imortalidade da alma.
Basta ao leitor clicar
em site de busca da
internet que ali
comprovará a quantidade
enorme de publicações
sobre o assunto.
Lembranças de outras
existências, diversidade
de inteligências,
terapia de vidas
passadas, comunicação
instrumental,
mediunidade explícita,
observadas no antigo e
no novo Testamento,
comprovam-nos, de modo
patente, a imortalidade
da alma e sua
manifestação após a
extinção do corpo
físico.
Mas é necessário crer e
observar atentamente,
quando tais fenômenos
forem testemunhados por
nós, pois, não sendo
assim, ainda que um
Espírito se apresente em
carne e osso à nossa
frente, e nos confirme a
imortalidade da alma,
poderemos acreditar que
estamos sendo vítimas de
uma ilusão,
principalmente, quando a
sombra do tempo e da
dúvida descerem sobre
nós.
Finalizemos, então,
essas considerações, com
um convite à renovação
de nossas vidas
imortais, do Espírito
Edmundo Xavier de
Barros, psicografado por
Chico Xavier (2002),
intitulado VIDA:
Nem a paz, nem o
fim! A vida, a vida apenas
É tudo que encontrei e é tudo que me espera!
O ouro, a fama, o prazer e as ilusões terrenas
São lodo, fumo e cinza ao fundo da cratera.
Esvaiu-se a vaidade!... Os júbilos e as penas,
A alegria que exalta e a dor que regenera,
Em cenário diverso aprimorando as cenas,
Continuam, porém, vibrando noutra esfera.
Morte, desvenda à Terra os planos que descobres,
Fala de tua luz aos mais vis e aos mais nobres,
Renova o coração do mundo impenitente!
Dize aos homens sem Deus, nos círculos escuros,
Que além do gelo atroz que te reveste os muros,
Há vida... sempre a vida... a vida eternamente...
Referências:
CROOKES, William.
Fatos espíritas.
Tradução de Oscar d’Argonnel.
Brasília: Federação
Espírita Brasileira (FEB),
2013.
DENIS, Léon.
O problema do ser, do
destino e da dor.
Rio de Janeiro: FEB,
2008 (Col. Léon Denis).
KARDEC, Allan.
O Livro dos Espíritos.
Tradução de Evandro
Noleto Bezerra. Rio de
Janeiro: FEB, 2006.
Edição comemorativa.
______.
O Livro dos Médiuns.
Tradução de Evandro
Noleto Bezerra. Rio de
Janeiro: FEB, 2009.
MAGALHÃES, Samuel Nunes.
Anna Prado, a mulher
que falava com os mortos.
Brasília: FEB, 2012.
XAVIER, Francisco
Cândido.
Parnaso de Além-túmulo.
16. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2002, p. 255.