Um leitor de nossa revista,
reportando-se ao relato
contido em Êxodo, que
descreve o primeiro contato
de Moisés com o Senhor,
pergunta-nos se pode,
efetivamente, haver
revelações transmitidas
diretamente por Deus aos
homens.
Recordemos, primeiramente,
parte do que nos é informado
no livro de Êxodo, a partir
do versículo 16 do cap. 2,
até o versículo 8 do cap. 3.
Havia em Madian um sacerdote
que tinha sete filhas. Um
dia, quando as moças iam dar
de beber aos rebanhos de seu
pai, vieram uns pastores que
tentaram expulsá-las do
poço, mas Moisés, que se
encontrava por perto, veio
em defesa delas. Em casa, o
sacerdote soube que Moisés
livrara suas filhas da
violência dos pastores e
mandou então que elas o
convidassem para comer.
Moisés passou a residir ali
e, algum tempo depois,
casou-se com uma das filhas,
de nome Séfora, que lhe deu
dois filhos: Gerson e
Eliezer.
Muito tempo depois morreu o
faraó, rei do Egito, embora
a opressão continuasse sobre
os filhos de Israel, cujos
clamores chegaram até o céu.
Certo dia, quando Moisés
apascentava as ovelhas de
Jethro, seu sogro, foi até o
monte Horeb. E foi
exatamente ali que o Senhor
lhe apareceu pela primeira
vez, numa chama de fogo, que
saía do meio de uma sarça.
Moisés ficou intrigado com
aquele fato, porque a sarça
não se consumia.
O Senhor então o chamou e
lhe disse: Moisés, Moisés.
Não te chegues para cá: tira
os sapatos de teus pés,
porque o lugar em que estás
é uma terra santa. Eu sou o
Deus de teu pai, o Deus de
Abraão, o Deus de Isaac, o
Deus de Jacob.
Moisés cobriu o seu rosto,
porque não ousava olhar para
o Senhor, que lhe disse ter
ouvido a aflição de seu povo
no Egito, a quem ele iria
livrar das mãos dos egípcios
e fazer passar daquela terra
para outra terra boa e
espaçosa, onde corriam
arroios de leite e de mel.
*
Conforme o relato bíblico, o
Senhor teria falado
diretamente a Moisés. Será
isso possível? Pode Deus
transmitir revelações
diretamente aos homens?
Allan Kardec, ao examinar o
assunto no cap. I, itens 9 e
10, de seu livro
A
Gênese,
disse que essa é uma questão
que ele não ousaria
resolver, nem
afirmativamente, nem
negativamente, de maneira
absoluta. O fato não é
radicalmente impossível, mas
nada nos dá dele prova
certa.
Alguns estudiosos espíritas,
como J. Herculano Pires,
entendem que o Senhor que se
dirigiu a Moisés, em todos
os contatos relatados no
Antigo Testamento, foi
certamente um dos Pais do
povo israelita, algum
Benfeitor espiritual de
elevada estirpe que, para
conferir maior autoridade à
sua palavra, valeu-se do
nome do Senhor.
Como sabemos, os Espíritos
mais próximos de Deus pela
perfeição se imbuem do seu
pensamento e podem
transmiti-lo. Quanto aos
reveladores encarnados,
segundo a ordem hierárquica
a que pertencem e o grau a
que chegaram de saber, esses
podem tirar dos seus
próprios conhecimentos as
instruções que ministram, ou
recebê-las de Espíritos mais
elevados, mesmo dos
mensageiros diretos de Deus,
os quais, falando em nome de
Deus, têm sido às vezes
tomados pelo próprio Deus.
As comunicações desse gênero
nada têm de estranho para
quem conhece os fenômenos
espíritas e a maneira pela
qual se estabelecem as
relações entre os encarnados
e os desencarnados. As
instruções de origem
transcendental podem ser-nos
transmitidas por diversos
meios: pela simples
inspiração, pela audição,
pela visibilidade dos
Espíritos instrutores, nas
visões e aparições, quer em
sonho, quer em estado de
vigília, do que há muitos
exemplos na Bíblia, no
Evangelho e nos livros
sagrados de todos os povos.
Só os Espíritos puros
recebem a palavra de Deus com
a missão de transmiti-la;
mas, sabe-se hoje que nem
todos os Espíritos são
perfeitos e que existem
muitos que se apresentam sob
falsas aparências, o que
levou João evangelista, em
sua 1ª Epístola, cap. 4, a
dizer: “Caríssimos,
não deis fé a qualquer
espírito, mas examinai se os
espíritos são de Deus,
porque muitos falsos
profetas se levantaram no
mundo”.
Pode, portanto, haver
revelações sérias e
verdadeiras, como as há
apócrifas e mentirosas. O
caráter essencial da
revelação divina é o da
eterna verdade. Toda
revelação eivada de erros ou
sujeita a modificação
não pode emanar de Deus. É
assim que a lei do Decálogo
tem todos os caracteres de
sua origem, enquanto as
outras leis mosaicas,
fundamentalmente
transitórias, muitas vezes
em contradição com a lei do
Sinai, são obra pessoal e
política do legislador
hebreu. Exemplo disso são as
ordenações que ele expediu
fundamentadas no conhecido
dente por dente, olho por
olho.
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